Nenhum Trabalhador despedido. Não há redução da tabela salarial.

Em Madrid lutou-se para GANHAR

Hoje, reunidos em Assembleia, os trabalhadores da limpeza de Madrid decidiram aceitar o acordo alcançado pelos sindicatos e terminar a greve. Antes de se iniciar esta luta a proposta era de despedir 1134 trabalhadores e impor uma redução salarial de cerca de 40%. O acordo alcançado prevê que não existirão nem despedimentos, nem reduções na tabela salarial.

Esta greve teve características que convém identificar:

  • Greve Indefinida. Não foi um dia nem dois, foram os dias que foi preciso para vencer.
  • Impactos reais na sociedade e economia. Madrid encheu-se de lixo, o quotidiano e a economia foram afectados pela greve de forma significativa e indisfarçável.
  • Fundo de Greve.  Durante o decorrer da greve várias recolhas de fundos foram realizadas para apoiar os trabalhadores em greve.
  • Unidade. Houve uma grande unidade entre os trabalhadores do sector em greve. É preciso lembrar que embora no mesmo sector e região, os trabalhadores pertencem a três empresas diferentes.
  • Decisões em Assembleia. A condução da greve e a decisão de esta terminar ou não, não coube em exclusivo às direcções sindicais, os trabalhadores em Assembleia tiveram a palavra final.
  • Não se aceitam comportamentos «fura greves».  As tentativas de furar a greve foram combatidas com eficácia.
  • Sabotagem.  Alguns fariseus chegaram a dizer que se vivia em Madrid um clima de “Guerrilha Urbana”, é um exagero, mas de facto, houve caixotes do lixo e carros a arder, ataques a “esquiroles” e dezenas de detidos.
  • Solidariedade Popular. A greve contou com a apoio activo de vários sectores populares. Houve manifestações de apoio, concertos em solidariedade e assembleias populares em bairros. Como forma de agradecer o apoio popular os grevistas doaram o seu sangue.

Alguns destes elementos foram abordados pela Raquel recentemente.  Nomeadamente, a importância dos fundos de greve, a denuncia dos comportamentos “fura greves” e a necessidade de uma greve causar impactos sobre o quotidiano.

Uma greve que empregue todos estes métodos não será automaticamente bem sucedida. Uma greve pode ser bem sucedida e não contar com todos estes elementos. Mais, para que uma greve reúna todas estas características é necessário uma série de condições objectivas e subjectivas que não se obtêm com um estalar de dedos. Feitas estas advertências, existem quatro conclusões essenciais:

1. Uma greve com estas características , sobretudo que cause um impacto importante na economia e quotidiano, não tem apenas mais probabilidades de vitória. Para que a própria hipótese de vitória exista é necessário que a greve seja um obstáculos efectivo ao “decorrer da normalidade”. Para além desta greve em Madrid, poderia aqui também invocar como exemplo a greve dos professores aos exames em Junho passado.

2. A primeira condição para que uma luta possa ter hipóteses de vitória é subjectiva. É necessário que quem nela participa e a dirige ter o objectivo e a vontade de a vencer. Isso implica estar disposto a recorrer às ferramentas acima expostas e a fomentar/preparar as condições para que seja possível empregar esses métodos.

3. É uma falácia pensar que a radicalidade e participação massiva auto-excluem-se, na verdade, uma luta só é participada se for perceptível que pode vir a alcançar alguns resultados.

4. Numa certa Esquerda existe a tese que a manutenção da paz social deverá estar acima da procura de vitórias na luta social. Existe quem, mesmo podendo vencer, aceita derrotas em nome de “evitar o confronto”. Ora, a procura de vitórias é que deve ser o alfa e ómega da nossa estratégia, a existência ou não de confrontação depende dessa avaliação. Existem momentos em que até é correcto recuar e evitar o confronto. Mas recuos desses não são motivo de orgulho, são retiradas e é como tal que devem ser encaradas. Se tacticamente até se pode aceitar uma “convivência pacífica”, estrategicamente há que ser…

Intolerante com os exploradores e seus agentes

O ponto 2 que acima levantei parece óbvio, “é preciso ter vontade de alcançar vitórias”. No entanto, poucas lutas sociais do Portugal recente cumprem com este requisito. Os protestos, regra geral, não têm sido conduzidos com o objectivo de se alcançarem vitórias através do combate social. A  forma como decorrem a maioria das greves e manifestações tem como resultado demonstrar que existe um elevado nível de insatisfação e provocar um desgaste na imagem do governo. Aquilo que é possível obter com essa estratégia é, na melhor das hipóteses, abrandar a introdução de futuras medidas e contribuir para a derrota eleitoral dos partidos que compões a actual maioria.

O que acima disse não é um juízo de valor, é a descrição da realidade. Há várias razões pelas quais isto acontece.  O papel das direcções do PCP e do BE nisso daria pano para mangas. Mas independentemente dessa discussão, o que me parece-me fundamental reconhecer é que esta estratégia do “desgaste simbólico” é claramente insuficiente para o actual momento histórico e daí é necessário tirar as devidas conclusões.

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24 respostas a Nenhum Trabalhador despedido. Não há redução da tabela salarial.

  1. Portugal está cheio de gente que sabe como fazer a Revolução. O que falta são revolucionários.

    • Francisco diz:

      Todos temos direito a desabafar de vez enquanto, mas qual é a relevância deste teu comentário? O que é que isso tem a ver com o que escrevi? Discordas, concordas ou o que é que tens a acrescentar a esta discussão? Já agora, o que é que achas da greve dos trabalhadores do lixo em Madrid?

      • Dois pontos:

        1. Cansa ver gente que sabe o que a CGTP devia fazer mas não faz. O 5dias está cheio deles. Já dava para montar um sindicato.

        2. A classe trabalhadora em Portugal está partida em dois. De um lado, os setores de transportes públicos, ensino e recolha do lixo; do outro todo o resto. A esquerda quer radicalizar o primeiro. Mas eu, não sendo maoísta, cito Mao: “A marcha do batalhão é o passo do soldado mais lento”. Ou, sendo mais concreto, como se viu na greve geral de março de 2012, o segundo setor puxa o primeiro para trás, a ponto de deixar a CGTP em maus lençóis quando radicaliza. Somente quando a conjuntura (por exemplo, a TSU na greve de novembro do ano passado) faz avançar o segundo setor é que a CGTP consegue radicalizar. E isto não se resolve com nada do que foi testado em Madrid.

        Mas isto sou eu a falar… mais um treinador de sofá.

        Abraço
        e seguimos comentado o que os outros deviam fazer.

        • Francisco diz:

          Vá lá, algum conteúdo. E a mim o que me cansa é ver a repetição de métodos e tácticas que não levam a lado nenhum. Ou melhor, como diz o Gambino abaixo, levam à desmoralização.
          Quando dizes que a CGTP radicalizou em Março de 2012 estás te a referir ao quê? Ao ter marcado uma greve geral?
          E achas que o que foi “testado” em Madrid não demonstra nada? Não há nenhuma ilação a tirar? E não há nada que se possa fazer para melhorar a “conjuntura”? E não há decisões que pelo contrário, prejudicam a “conjuntura”?

          Eu comento e analiso o que se passa, dou a minha opinião sobre o que me parece ser o melhor rumo a seguir, ou menos do que isso. Quais as poucas certezas que podemos ter em tempos tão incertos. E tu comentas e analisas o meu comentário, contribuis para a discussão. Qual é o mal disso?

          E o facto de comentar e analisar não significa que eu (ou tu, não sei no teu caso bem) também não actue. Acção e pensamento/análise não são se excluem uma há outra, devem andar de braço dado.

          Lá porque não estou na Síria, na Venezuela ou na Guatemala não posso comentar, analisar e criticar positiva ou negativamente o que lá se passa?

          Uma das razões pelas quais a acção não é mais eficaz é porque faltam discussões e balanços sérios sobre o que se passa.

          “La tarea de los revolucionarios debe dirigirse principalmente a elevar a los obreros al nivel de los revolucionarios y no a descender nosotros mismos indefectiblemente al nivel de las masas”. Lénine Ou seja, se não puxarmos e formos dando uns empurrões no “soldado mais lento” não estamos a cumprir a nossa tarefa.

          • Olá

            Em poucas palavras, acredito que a experiência de Madrid se aplica aos soldados mais rápidos… Transportadas para Portugal (os efeitos em Espanha não conheço), essas medidas tenderiam a partir o “batalhão” em dois.

            De resto, fico feliz que tenha gostado de ler o “Que fazer?”. Pouca gente gosta. Mas eu prefiro o “Esquerdismo…”.

            Abraço

          • Francisco diz:

            Nada é automaticamente transferível de contextos sociais, políticos e económicos diferentes. Quanto ao “partir em dois”, então os trabalhadores do lixo em Madrid não deveriam ter feito o que fizeram, porque os trabalhadores de outros sectores não estão dispostos a ir tão longe??? Ou será que o facto de nesta luta em concreto se ter obtido uma vitória não moraliza toda a classe? E não será que deveremos por em causa certas teses falaciosas que por aí circulam? Não será que na medida do possível se deverá criar as condições para obter vitórias? Este exemplo não nos dá algumas pistas nesse sentido?

          • Não sei como está em Madrid. Sei o que vejo em Portugal: cada vitória dos trabalhadores do Estado, ou setores subsidiados pelo Estado, é vista como um aumento de impostos por estes. Estas são as condições subjetivas que temos! É elas que devemos visar.

          • Francisco diz:

            Este teu comentário José é exemplificativo das teses derrotistas e capitulacionistas que têm de ser alteradas. Esse pensamento é aquele que faz com que a CGTP e outras organizações à Esquerda se especializem em gerir derrotas e organizar retiradas em vez de procurarem a vitória. Primeiro o que dizes é falso, sim há muito “nu contra o roto” que é incentivado por este governo, isso existe, mas não é sempre predominante. Por exemplo, a maior parte da população apoio as decisões do Tribunal Constitucional que devolveu os subsídios à malta do público!!!! E há mais n exemplos da realidade que desmentem a tua tese, útil para desmoralizar os sectores em luta e justificar as acções capitulacionistas na luta social, mas com uma adesão à realidade muito questionável. Nada moraliza mais do que uma vitória, nada desmoraliza mais do que uma derrota e mais do que os funcionários públicos quem é odiado neste país é o governo e os mandarins da direita (convido-te a veres as reacções que provocaram as declarações do Abominável homem das neves). A arte da política e da luta é tentar fazer com que seja possível obter vitórias, moralizar as amplas massas que estão contra este governo e dar-lhes confiança. Nesse sentido também é importante não deixar que a luta protagonozada pelos sectores mais avançados seja isolada. Mas isso não se consegue com a política de permanente retirada, até pode ser necessário em certos momentos fazer essas retiradas, mas o problema é que essa é a estratégia sempre e essa estratégia só nos leva de derrota em derrota… como o caso da ponte exemplifica na perfeição.
            A esmagadora maioria da população está contra o governo, o memorando, a destruição dos serviços públicos. A maioria da população está contra os cortes dos salários e pensoes do sector público. É possível fazer um a luta social bem mais eficaz. È possível arrastar sectores mais atrasados e não estar sempre a desmoralizar e atacar quem quer lutar para vencer. Para uma luta social mais eficaz é preciso muita arte e engenho, não é fácil, sem dúvida é mais fácil mandar uns bitaites do que assumir as responsabilidades de possíveis fracassos. Mas sejamos claros, a primeira condição para uma luta bem sucedida é querer travar essa luta!
            Do que disses-te depreende-se que não se deve lutar, deve-se tar na retranca e não fazer nada. E se nada fazemos não iremos a lado nenhum…

          • Também não subscrevo a atitude da CGTP, muito menos no caso da manif da ponte. A CGTP prefere manter a coesão da sua estrutura em vez de radicalizar a luta; outro, como tu, querem radicalizar a luta a despeito da coesão do movimento sindical. Eu queria combater as causas desta contradição. Aliás, eu acho que a CGTP cumpre o seu papel. O PCP é que não cumpre o seu: atacar as causas desta contradição para que a CGTP ande mais depressa.
            Abraço

          • Francisco diz:

            Ok, já tamos a chegar a algum lado! A síntese que apresentas não é desprovida de sentido, o que acabas de dizer daria para uma longa e interessante discussão… por exemplo, embora admita que possa aumentar os riscos de comprometer a coesão, não acho que a radicalização da luta tenha que comprometer essa coesão (em parte digo isso no post), acho que isso é uma tese errada. Tudo depende da forma como essa radicalização é feita, do momento, se há democracia nas decisões e que tipo de bandeiras são levantadas. Para além da “radicalização”, há uma série de outros factores também mencionados no texto. Democracia, greves com apoios de outros sectores, etc…

          • Francisco diz:

            Vou contar uma história…
            Quando estava na Direcção da AE do Técnico os tipos da FCT da Nova tentaram uma “acção radical” (eram até na altura +- ligados ao PCP). O que é que fizeram, de madrugada, sem avisar ou mobilizar ninguém, fecharam o portão da FCT e meteram uma faixa contra as propinas (ou os cortes ao financiamento, isto já foi à uns 15 anos +-). O que é que aconteceu? Começaram a chegar os estudantes e funcionários e foram forçados a abrir as portas pela malta, que supostamente a sua acção “radical” era suposto defender… Isto foi um erro.
            No Técnico o que é que fizemos? Fizemos RGA, houve um estudante (q n era da Direcção) que propôs fechar-se o técnico. Mobilizámos gente para lá da direcção para concretizar a acção. Fizemos uma campanha pelo técnico a apelar à paralisação. E no dia o que é que aconteceu??? Houve alguma tensão com os profes, mas os estudantes apoiaram em massa. Fez se uma assembleia com mais de mil pessoas e saímos em manif até ao ministério da educação onde estava marcada uma concentração dos estudantes de Lx (só o contingente do IST era mais do que a malta toda que lá estava, muito mais aliás). Isto foi um sucesso.

          • Com essa resposta, a caixa de comentários tornou-se demasiado pequena para tudo o que queria dizer. Respondi-te aqui: http://wp.me/pTlMx-1Ou.

            Abraço

  2. Gambino diz:

    Excelente post. Aliás, os teus posts são quase sempre muito certeiros.
    Concordo que a estratégia do “desgaste simbólico” não produz resultados e acho até que está a ter efeitos inversos, ao semear um fatalismo derrotista na opinião pública e a afastar os elementos mais activos das greves ou das manifestações.

  3. Nuno Rodrigues diz:

    Em primeiro, excelente abordagem. É uma boa abordagem por procurar todas as implicações de uma situação do género, por perceber todas as perspectivas de envolvência e por procurar soluções.

    Queria dar uma ou duas notas e um retoque ao final: Em primeiro, há um ponto a ser abordado sobre a duração da greve. Não são todas as situações em que cortes deste nivel são propostos. Ou seja, a criação de consciência adveio, numa parte significativa, da dimensão dos cortes, da ofensiva da proposta e do medo pelo posto de trabalho a nivel colectivo.
    Em segundo, a questão da paz social (sem aspas, estou a falar da paz ao nivel da manutenção dos trabalhadores no geral ao lado de quem reevindica, sem que a deturpação e o caos tomem conta da situação primeiro que o esclarecimento), como se pode ver neste caso, é importantíssimo. O caso descrito mostra que foi essa paz (e a revogação das atitudes radicalistas e a quente) que fez a preserverança valer a pena.

    A minha nota final, vai para a conclusão. Não é bom reclamar uma vitória sem a efectivar. A senhora da câmara não mudou uma virgula sobre os seus objectivos: Era necessário reevindicar serviços públicos de limpeza com dignidade sempre. Neste ponto, espero que os trabalhadores tenham a melhor resposta e que tenham o maior sucesso! Força aos trabalhadores!

    • Francisco diz:

      Concordo com muito do que diz o Nuno. No texto não utilizei a palavra vitória para descrever o acordo alcançado, até acho que foi, mas escolhi não empregar essa palavra. Na minha opinião parece-me que foi uma luta que conseguiu obter concessões importantes, uma luta que obteve frutos, mas o acordo também implicou algumas concessões do lado dos trabalhadores. A questão é que se à partida não houvesse vontade de ganhar então aí não iam a lado nenhum. E sim a luta só foi como foi, por entre outras razões, porque a proposta em causa era um autêntico “terror”, não havia muito a perder…

  4. xatoo diz:

    “é preciso ter vontade de alcançar vitórias” se — e esse é o primeiro pressuposto na análise marxista – a correlação de forças entre classes sociais tiver criado condições objectivas para a Revolução. No caso de Portugal, como revolucionar um sistema burguês dependente como protectorado do exterior quando a chamada classe média empregada no sector de serviços é de mais de 2 terços da força de trabalho no activo? é uma tarefa ciclópica – reindustrializar o país, recriar uma classe operária maioritária com reivindicações autónomas e depois expoliar a propriedade dos meios de produção à classe burguesa. Enfim, este é apenas um reparo para o facto da revolução não ser possível apenas com os “homens do lixo” nem intelectuais afogados em ilusões. Pode, é certo, haver uma vitória efémera (eles não diminuem os salários) poor aggora, mas a burguesia tem pelo menos mais 30 maneiras de sugar esse valor por outros meios

    • Francisco diz:

      Primeiro, seja qual for a relação de forças, se não houver vontade de actuar nada acontece. Não somos meras marionetas nas mãos do destino as nossas acções também afectam o ambiente envolvente.
      Segundo, se no caso Português a coisa é assim tão complicada, se a burguesia é tão poderosa então para quê nos darmos ao trabalho de fazer o que quer que seja? Aliás porque é que te deste ao trabalho de comentar este post???

  5. xatoo diz:

    dei-me à maçada por comiseração por uma certa “esquerda”. A lembrar-se de Lenine: “sem ideologia revolucionária não há movimento revolucionário”, o que pressupõe a existência de um partido revolucionário. Ora o que se vai vendo por aqui é uma multidiversidade de partidinhos, um por cada ego, muitas boas intenções na salvação do capitalismo, etc. Lastimável

    • Francisco diz:

      Ponto 1, se para si esta greve em Madrid é irrelevante, para mim não é. Se si as as lutas concretas, que obtém resultados concrectos e que moralizam as restantes camadas exploradas são irrelevantes, para mim são muito relevantes.
      O que escreveu acima é um conjunto incompreensível de palavras. Não se percebe o que quer, nem o que quer dizer. Afinal defende o quê? Que partidinho é o seu? Que saída ou respostas tem a dar?

  6. Trabalhador mas pouco, Lúmpen mas não muito diz:

    Xatoo, se me permites, o que vieste para aqui despejar não tem nada a ver com o conteúdo do post, nem acrescenta o que quer que seja às questões que o mesmo levanta. Quem é que falou aqui em Revolução, ou que os “homens do lixo” são a sua vanguarda? Mas, já que queres ir por aí, ou por outro lado, que raio de dogmatismo readers digest/marxismo escolástico é esse de estar à espera da reindustrialização e da recriação dos batalhões do operariado, ou do “Partido Revolucionário” para fazer o que quer que seja, como quem está à espera do apocalipse ou do dia do juízo final? É essa a onda agora no MRPP? Já nem vou falar de aceitares, sem polémica nenhuma, que a maioria dos trabalhadores empregados no sector dos serviços serem “classe média”…os trabalhadores dos hipermercados, dos call centers etc, etc, – puros proletários – são “classe média” à luz de que teoria revolucionária? Mas desconfio que a tua cena é mais a ideologia do que a teoria, o que explica muito do que disseste.

  7. Argala diz:

    Trigo limpo, farinha amparo. Felizmente contamos com o Chico para nos manter informados sobre o que realmente interessa: a luta de classes. Os revisas e reformistas tremem perante a realidade – a realidade que lhes bate na testa com toda a força!

    Diz um revisa: “Cansa ver gente que sabe o que a CGTP devia fazer mas não faz”

    Pois cansa, cansa ler as verdades.
    Ninguém pede à CGTP-IN para fazer coisas que não estão ao seu alcance, isso é caricaturar a discussão. Todos nós conhecemos os limites de uma central sindical que actua no quadro da lei, mas não somos tolos e sabemos jogar com esses limites. Pelo menos os homens do lixo souberam, foram ao combate e travaram um avanço do capital, mantendo a situação que tinham. As lideranças da nossa central sindical nem sequer vão a jogo, nem arriscam ganhar.

    O Chico condensou aqui os ingredientes necessários e que estão em falta, para o nosso combate sindical: fundos de greve, manobras de sabotagem, combate aos fura-greves, greves por tempo indeterminado. Sem isto, não estamos sequer a ir a jogo e o que se faz não ultrapassa o mero simbolismo.

    Caro xatoo, por favor volte a estudar a definição de proletariado.
    As classes intermédias e a pequena-burguesia, são de facto numerosas, mas qual tem sido a tendência? Essas classes estão a ser massivamente proletarizadas, criando-se uma situação de polarização que agudiza o confronto de classes. Deixe de ser tão pessimista, o cenário é cada vez mais favorável.

    Cumprimentos

    Ora, através

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