Podemos considerar “normal” que os tradicionais dirigentes sindicais por exemplo dos professores não apreciem que surjam novos movimentos na base que na prática (bem ou mal) questionam os seus métodos e formas de luta. Até aqui tudo minimamente compreensível. No entanto quando o principal dirigente sindical dos professores, Mário Nogueira, critica um protesto dinamizado por um Movimento de Professores com afirmações do género: “Além disso, quando pensamos em pessoas que perseguiam as outras à porta das suas casas, lembramo-nos de tempos que não gostamos de recordar.” será isso “normal”? Afirmações no artigo do DN: http://www.dn.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=4166984
Das duas, uma: ou o Mário Nogueira falou sem se informar devidamente dos contornos do protesto em causa (onde facilmente verificaria que era um protesto para ler quadras ao Ministro pedindo a sua demissão: https://www.facebook.com/events/1468636030076851/) ou então Mário Nogueira conscientemente tentou assustar os professores insinuando que esse movimento de professores usaria métodos que lembram o Fascismo ou a Inquisição. As duas possibilidades (total ignorância ou má fé) são muito graves e não podem voltar a repetir-se a bem da própria imagem da Federação de Sindicatos que representa. Como se verificou na prática durante o protesto (como a imagem deste artigo demonstra), este protesto não foi uma perseguição ao Ministro ou algo violento mas simplesmente o que estava previsto (leitura de quadras com pedidos de demissão de um Ministro que tanto mal tem feito à Escola Pública). Mas será que mesmo assim o Mário Nogueira poderá ter alguma razão e este tipo de protesto está associado a forças extremistas? A realidade mais uma vez demonstra o contrário. Podemos legitimamente discordar, mas por todo o mundo há vários exemplos de protestos não violentos à porta de políticos sem qualquer conotação com o fascismo ou afins. Alguns exemplos no Mundo e em Portugal:
Sindicato de professores no Brasil em protesto à frente da casa de político: http://www.noroestenoticias.com.br/publicacao-13798-Professores_ligados_ao_Cpers_protestam_em_frente_a_casa_do_governador_Tarso_Genro.fire
Protestos à frente da casa de Passos Coelho: http://expresso.sapo.pt/protesto-a-porta-casa-de-passos-coelho=f843109
Protestos dos utentes da A22 à frente da casa de férias do Passos Coelho e Cavaco Silva: http://www.dnoticias.pt/actualidade/pais/400046-utentes-da-a22-marcam-protestos-em-frente-as-casas-de-ferias-de-passos-e-cav
- Concluindo, podemos ter legitimamente diferenças de opinião entre nós e é positivo que se troquem argumentos (mas não ataques sem razão que podem ter efeito boomerang para quem os atira).
André Pestana (professor desempregado).
p.s.1 Infelizmente não é a primeira vez que se usam métodos deste nível contra professores do Movimento Nacional de Professores Boicote&Cerco. Para os mais cépticos ver por exemplo as calúnias no site da FENPROF aqui: https://5dias.wordpress.com/2014/02/10/resposta-ao-texto-no-site-da-fenprof/
p.s.2 Até hoje, passado mais de 6 meses nem a direcção da FENPROF nem a direcção do SPGL, apesar dos meus emails e da minha carta registada ao meu sindicato da FENPROF, não me responderam a um pedido de esclarecimento sobre se essas direcções tinham conhecimento e/ou concordavam com este tipo de texto calunioso publicado no site da FENPROF contra um professor contratado e sindicalizado (por parte de uma dirigente nacional da FENPROF e do SPGL e publicado no site da FENPROF sem qualquer direito de resposta)…
Quando é que o pestanandre foi eleito representante dos professores? É que Mário Nogueira foi-o.
Eu sei, deve doer muito a meninos mimados que não lhes façam a vontade. Amuam, esperneiam e berram muito, como esta berraria aqui escrita.
Caro Manuel, é curiosa a sua argumentação porque é semelhante à de algumas pessoas (próximas do governo) contra as pessoas que protestam. Essas pessoas dizem coisas como por exemplo: “o governo PSD-CDS foi eleito pela maioria do povo, por isso qual a legitimidade democrática das pessoas (nomeadamente as da esquerda) em protestar contra este governo eleito?!?”. Ainda mais curioso é não ter referido nada sobre os graves ataques que altos dirigentes da FENPROF fizeram a outros professores que (bem ou mal) estão a lutar contra este governo (e o seu Ministro da Educação). Relativamente a eu ser supostamente “mimado”, deve ser por isso que cheguei a ir dar aulas para Serpa a receber apenas 363 euros por mês, a mais de 400Km da minha família… p.s. Como deu para ver, não tenho receio do contraditório por isso publiquei aqui a sua resposta ao meu texto… há outras pessoas, certamente “adultos não mimados” que não permitem semelhante direito de resposta no site da FENPROF.
Ao final do dia, Nuno Crato tem o direito de deixar de ser ministro e chegar a casa e estar com a família como qualquer outro cidadão. Com ou sem razão a luta dos professores diz respeito ao ministro e não ao cidadão Nuno Crato por isso todas as acções de protesto devem ser realizadas no contexto profissional do ministro. Imagine-se, por exemplo, que Nuno Crato sai com o filho para ir ao cinema como qualquer pai: é legítimo que o seu momento familiar seja perturbado pelo facto de ser ministro?
Caro anonimo, naturalmente é legítimo que se discorde de protestos à frente da casa de políticos mas a questão não é essa. A questão é se é correcto que o principal dirigente sindical dos professores tente “colar” ao fascismo (ou à inquisição) protestos pacíficos de professores (o que naturalmente não ajudou na mobilização para este protesto)… Se é correcto, porque é que os dirigentes da CGTP não tiveram atitude semelhante contra protestos à frente da casa de políticos portugueses? Como escrevi no texto: “Podemos legitimamente discordar, mas por todo o mundo há vários exemplos de protestos não violentos à porta de políticos sem qualquer conotação com o fascismo ou afins. Alguns exemplos no Mundo e em Portugal:
Sindicato de professores no Brasil em protesto à frente da casa de político: http://www.noroestenoticias.com.br/publicacao-13798-Professores_ligados_ao_Cpers_protestam_em_frente_a_casa_do_governador_Tarso_Genro.fire
Protestos à frente da casa de Passos Coelho: http://expresso.sapo.pt/protesto-a-porta-casa-de-passos-coelho=f843109
Protestos dos utentes da A22 à frente da casa de férias do Passos Coelho e Cavaco Silva: http://www.dnoticias.pt/actualidade/pais/400046-utentes-da-a22-marcam-protestos-em-frente-as-casas-de-ferias-de-passos-e-cav“.
Caro André,
Não é só a FENPROF que recorre ao argumento do “fascismo”. Como bem sabe a probabilidade de uma discussão terminar com alusões a Ditadura, Fascismo, Nazismo, … é muito alta e em Portugal nos últimos tempos isso tem sido bem visível. Nesse aspecto concreto concordo totalmente consigo, embora esse argumentário seja muitas vezes usado contra o governo (p. ex.) sem que isso cause grande comoção pública. Não vou ser original ao afirmar que ao recorrer a esse argumentário se está a “desvalorizar” o que foi efectivamente o Fascismo, o Nazismo e outros totalitarismos.
Já quanto à questão de fundo, os exemplos que apresenta (e que aconteceram efectivamente) não podem servir de “desculpa” para violar o princípio que enunciei e que me parece essencial para manter uma vida pública/política minimamente saudável, mesmo numa crise como a que vivemos. Até de uma perspectiva prática, e compreendendo toda a revolta que legitimamente os professores sentem (não são os únicos, basta ver o que está a acontecer investigação científica que é a minha área), esse tipo de manifestações acaba por ser contra-producente criando quase um sentimento de simpatia para com o ministro.
Caro anonimo, respeito naturalmente a sua posição (e até concordo no geral com muito do que escreveu no início do seu último post). Relativamente a este tipo de manifestação poder “criar quase um sentimento de simpatia para com o ministro.” poderia concordar na sua análise se este fosse um tipo de protesto violento, no entanto nos protestos (dos exemplos que referi no artigo) à frente da casa de políticos não houve qualquer violência contra o político em causa. E sendo protestos não violentos, será que geraram algum sentimento de simpatia para com o político em causa? Sinceramente não me pareceu que isso tenha acontecido(pelo menos numa dimensão significativa). Até o comentador do PSD (3 dias depois do protesto) diz que o Nuno Crato não tem condições para continuar: http://sicnoticias.sapo.pt/pais/2014-10-12-Marques-Mendes-diz-que-Crato-nao-tem-condicoes-para-continuar-no-Governo
Meus amigos
Mas afinal o Cinco Dias.Net é um site de professores!?…
Só se discute educação?
Não é que não haja muito campo para isso…
Mas eu, que não sou professor, sinto-me um bocado frustrado.
E, já agora, se por acaso intervalarem na educação, por amor de Deus não me dêm mais estivadores… É que também já estou farto!
A foto é sua?
Infelizmente não (como estou a viver em Coimbra não consegui estar presente).
Obrigado.