Nas ruas da China também se decidirá o nosso futuro

Protestos Hong KongDia 14 de Outubro nas ruas de Hong Kong verificou-se um dos maiores confrontos entre polícias e manifestantes (com cargas policiais e vários manifestantes detidos). As impressionantes mobilizações da juventude de Hong Kong que duram há várias semanas parecem resistir à forte repressão policial, à pressão/propaganda dos media (pró-governo), à censura na internet (de fotografias/vídeos independentes dos media, etc) e a provocadores violentos enviados pelo governo para tentar incriminar este Movimento pró-democracia. A tentativa do regime do partido comunista chinês em condicionar a já escassa democracia existente em Hong Kong ficou evidente quando em Agosto passado anunciaram querer pré-seleccionar os candidatos para as próximas eleições… era como se em Portugal uma entidade não eleita condicionasse as próximas eleições permitindo apenas que se apresentassem por exemplo os seguintes 3 partidos: PSD, CDS e PS… Uma democracia cada vez mais “faz de conta”. Apesar da forte repressão os manifestantes parecem muito determinados e as preocupações para o partido comunista chinês não param de aumentar quando existem demonstrações que este protesto está a alastrar para além da juventude, como por exemplo os professores. O sindicato dos professores de Hong Kong lançou um comunicado de apoio assinado por cerca de 500 académicos onde denunciam que “o plano da China para permitir que alguns bilionários escolham quem vai governar Hong Kong é antidemocrático… Ele vai consolidar um sistema feudal corrupto onde oligarcas têm todo o poder e os trabalhadores são espremidos entre o custo de vida proibitivos e a ganância de uma pequena e poderosa elite”. Esperemos que tipo de protesto alastre e que rapidamente coloque em causa os mega lucros das multinacionais norteamericanas e europeias que exploram milhões de trabalhadores chineses (com o total apoio do partido comunista chinês que oprime qualquer greve ou protesto).

Para quem possa pensar que o que se passa na China não nos deve preocupar é importante que perceba que talvez não seja bem assim.  O facto de milhões de seres humanos serem sobreexplorados com jornadas de trabalho entre 10 a 14 horas, com salários baixíssimos, sem direito a greve, nem sindicatos independentes do Poder é o que em última instância permite o aparecimento de produtos por exemplo “Made in China” ou de outro local mais ou menos distante, a preços que destroem a viabilidade de muitas empresas em Portugal (e em outras partes do Mundo). Também é importante referir que como necessitam de fazer grandes deslocações para chegar cá  (quando muitos desses produtos já foram ou podiam ser feitos por aqui) representam um muito maior dano ambiental além de pressionarem para baixo as nossas condições de trabalho (a favor da dita “competividade” com esses produtos). Por isso nas ruas da China também se decidirá o nosso futuro.

Concluindo, não só por questões de direitos humanos e em defesa do ambiente mas também pela viabilidade da nossa economia devemos apoiar quem se levanta contra a ditadura e a sobreexploração em qualquer parte do nosso Mundo. Todas as conquistas democrática e laborais desses povos influenciarão positivamente as nossas condições de vida. Nesta como em outras lutas, está mais actual do que nunca dizer: “Proletários de todo o Mundo uni-vos!”

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14 respostas a Nas ruas da China também se decidirá o nosso futuro

  1. José Jardim diz:

    As coisas que novo “educador da classe operária” de seu nome pestanaandré sabe sobre a exploração dos trabalhadores chineses e ignora prepositadamente a exploração desenfreada dos trabalhadores portugueses. Incrível!!!!

  2. José Jardim diz:

    Aguardo ainda a douta opinião sobre este assunto da outra “educadora da classe operária” a grande revolucionária raquel varela.

  3. EuKissingerGrandeDemocrata diz:

    E os ‘estudantes’,talibans , são apoiados pelo NED,NSA,as ONG’s e todo o aparelho de agitação do Império norte americano.OS EUA têm 1000 bases militares espalhadas pelo mundo.China tem 0(ZERO!).
    Em 150 anos a população de HK é que se lembrou das eleições.Porquê agora?em q o IMPÉRIO está cada vez mais furioso????
    Eleições democráticas à moda da Escócia,é um sucesso das democracias.Qq merda é democrática-vide a Ucrânia.E,nunca vi um país ser governado democraticamente.Também nunca vi empresas democráticas donde o regime ‘democrático’ não o é! senhor mistura tudo(estou de acordo em que há a exploração dos chineses mas,não é a democracia q vai salvar os chineses).
    P.S.: e os estudantes de Caracas também lutam pela democracia???’

    • pestanandre diz:

      Caro Jardim, não ignoro a exploração dos trabalhadores portugueses por isso participo nas greves (gerais ou sectoriais), participo e ajudo a mobilizar para manifestações contra este governo PSD-CDS (e os anteriores) convocada pelas centrais sindicais e/ou movimentos sociais, etc, etc. Curiosamente não questionou a existência da sobre-exploração dos trabalhadores chineses a favor das multinacionais europeias e norte americanas e das consequências que isso tem nomeadamente para o nosso país, será que temos acordo sobre isso?

    • pestanandre diz:

      Se reparar nunca defendi o império norte americano, bem pelo contrário denunciei aqui por exemplo os megalucros que as suas multinacionais fazem na China (sobre-explorando os trabalhadores chineses com a total permissão do partido comunista chinês) ou também em outro post denunciei o apoio dos EUA ao golpe e à ditadura sanguinária de Pinochet. Sinceramente sem ofensa, se apenas virmos a realidade “a preto e branco” poderíamos já dizer que em Portugal vivemos em fascismo onde apenas meia dúzia de grupos económicos têm realmente o Poder… No entanto se é verdade que quem realmente manda em Portugal é meia dúzia de grandes grupos económicos (que controlam a economia, os media,etc) temos de reconhecer que ao contrário do fascismo, ainda temos o direito a reunir, a nos manifestar, a ter e criar diferentes partidos políticos, a sindicatos independentes do governo, etc, etc. Ou seja, é verdade que esses poderosos querem cada vez mais nos privar de direitos democráticos conquistados na nossa revolução de Abril mas pelo menos AINDA não estamos ao nível do fascismo… (não há só branco e preto mas também há os cinzentos escuros e claros). Por isso, apesar da já reduzida democracia existente em Portugal, se o governo proibisse a partir de amanhã o direito de manifestação (ou limitasse a escolha nas eleições apenas entre o PSD, CDS e PS), seria progressivo que nos manifestássemos contra isso ou não? Refere que “não é a democracia que vai salvar os chineses”, depende do tipo de democracia a que se refere. Se não for a democracia de poder lutar contra a sua sobre-exploração, a democracia de poder marcar greves, a democracia de controlar as suas empresas, a democracia de poder definir o seu futuro, etc, etc se não é esta democracia (que na realidade é o tomar o poder nas suas próprias mãos) que vai salvar os chineses, quem será?

  4. putasDeD diz:

    PestanaAndré , e o massacre dos estudantes mexicanos????Não está IN?????MORTES/ESQUADRÕES DA MORTE!USA OU EUA.DA AAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
    FODA-SE!A Instrumentalização é FODIDA!Só falta falar do Tibete e do (MEDIEVAL ) DALAI LAMA

  5. RuiOva diz:

    E os Estudantes MASSACRADOS no México??????????????????????????????????????????
    A China está IN.Já agora,toque a corda do Tibete e do Grande Dalai Lama,um sacana Medieval

    • pestanandre diz:

      Caro Rui Ova e Alice, infelizmente não escrevi no 5dias.net sobre o México, Tibete, como não poderei escrever sobre tudo o que se passa de injusto neste mundo… Mas para que não fiquem dúvidas, digo já que estou completamente de acordo com a luta dos estudantes mexicanos (que pelos vistos temos acordo), bem como do direito à autodeterminação do Tibete (onde mais uma vez parece que temos diferença). Quando tiver tempo tentarei escrever sobre isso (mas não posso prometer porque ninguém é profissional do 5dias.net). Já agora porque não promove um protesto à frente da embaixada do México? Se me informar disso, prometo que divulgarei e que tentarei estar presente (neste momento estou a viver em Coimbra).

  6. «O facto de milhões de seres humanos serem sobre-explorados com jornadas de trabalho entre 10 a 14 horas, com salários baixíssimos», faz sobretudo com que os trabalhadores portugueses tenham de concorrer com eles no mercado global de trabalho. Aliás, também em Portugal se encontram regimes laborais equivalentes, sob disfarces. O que é ter trabalho em duas empresas a tempo parcial para acumular salários de pobreza?

    • pestanandre diz:

      Caro António, concordo que infelizmente também temos regimes laborais de grande exploração em Portugal também por isso participo nas manifestações em defesa de quem trabalha independentemente se são convocadas pelos sindicatos ou movimentos. Mas António penso que temos que reconhecer que pelo menos ainda temos direito a sindicatos independentes do governo e de criar ou escolher partidos nas eleições (apesar de toda a parcialidade que existe nos media, financiamento das campanhas, etc). Se nada fizermos pode ser que um dia nos tirem mesmo esses direitos conquistados com a revolução de Abril. Por isso devemos continuar nas lutas contra este governo e os que nos querem roubar direitos.

  7. pestanandre diz:

    Volto a relembrar que não publico posts com expressões racistas, machistas, homofóbicas, xenófobas e/ou com violência verbal gratuita. Quem me conhece sabe que lido bem com diferenças de opinião e publico sem problemas posições legitimamente diferentes das minhas (como podem facilmente constatar em comentários que publiquei no passado). Mas não contem comigo para dar “direito de antena” a nicksnames e comentários gratuitamente ofensivos que pretendem desviar a questão do político-social para a ofensa.

  8. CausasPerdidas diz:

    Não percebeu nada, André. Eu explico.
    No Capitalismo não há direitos democráticos por isso temos de os exigir. Para lhe dar um exemplo, estou a lembrar-me de uma proposta de alteração das regras para as eleições de deputados em Portugal que visa, através da secretaria, correr com a ala Esquerda do parlamento. Antidemocrático. Estou a fazer-me entender, certo?
    No Socialismo não é preciso reivindicar regras democráticas, porque natureza do sistema subentende que já existem. Assim, exigir eleições democráticas em Hong Kong, a começar pela possibilidade da escolha livre entre candidatos que não apenas os indicados pelo partido, é a mesma coisa que pretender regar o jardim depois de ter havido uma cheia.

    Desculpe ter ido rebuscar uma analogia hidráulica mas não me ocorreu outra que o levasse a perceber melhor a natureza dessa coisa tão susceptível às variações de latitude (e longitude) como é a Democracia.

    Esqueci-me: Faça o favor de considerar que Hong Kong é socialista para perceber melhor.

    • pestanandre diz:

      “Causas perdidas” escreve “No Socialismo não é preciso reivindicar regras democráticas, porque natureza do sistema subentende que já existem. Assim, exigir eleições democráticas em Hong Kong, a começar pela possibilidade da escolha livre entre candidatos que não apenas os indicados pelo partido, é a mesma coisa que pretender regar o jardim depois de ter havido uma cheia” e “Faça o favor de considerar que Hong Kong é socialista para perceber melhor.” Mas atenção, não sou eu apenas que não considero Hong Kong socialista… o próprio Deng Xiaoping (líder do PC Chinês) defendeu um país, dois sistemas (em que nomeadamente Hong Kong continuaria capitalista)… afinal Hong Kong para si, em 2014 continua a ser socialista?

  9. anonimo diz:

    Caro André Pestana,
    A China e o PC Chinês são assunto tabu para a (extrema) esquerda portuguesa. Não se meta com eles ou apercebe-se logo do tratamento que leva (vide comentários acima). Nem relacionar o tema com a exploração das multi-nacionais americanas ou apoiar os estudantes mexicanos o safa. Está a um passo de ser apelidado de neo-ultra-liberal explorador capitalista ao serviço de interesses imperialistas, cão de fila da Merkel, idiota útil ao serviço das potências ocidentais, …!!!

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