O feminismo radical de fachada socialista ao não engolir piropos aproxima-se de quem mais combate

just-broke-up-with-my-bf-after-4-years-is-this-how-flirting-goes

Em 2009, a pretexto dos 30 anos da Revolução Islâmica no Irão, entrevistei um dirigente estudantil dos Basiji que aceitou que lhe colocasse as questões com as quais o Ocidente sistematicamente confronta os Estados Islâmicos, nomeadamente sobre as que visam os direitos das mulheres. O jovem, convicto das suas posições, explicou-me que o véu era usado para proteger as mulheres da voracidade sexual dos homens, que lá como cá tanto gostam de se dedicar à arte do piropo. Para o jovem, os pássaros não matam a fome com um osso e os cães não sobrevivem a alpista, pelo que esse paralelo explicava porque razão homens e mulheres deviam estar sujeitos a diferentes “enquadramentos”.

tumblr_inline_mp1zx2QlsT1qz4rgp

Lembro esta história porque me parece que o jovem Basiji que eu entrevistei se daria muito bem com as concepções feministas do Bloco de Esquerda, para quem o piropo é equiparado a assédio e “só pode estar enquadrado na área na violência contra as mulheres, por tanto da violência de género ou a violência machista”. Em suma, os fundamentos do “feminismo” radical e do “feminismo” islâmico não mudam muito. No final, trata-se de proteger a mulher, pobre e indefesa, dos piropos do patriarcado.

Para contribuir para o debate nada como (re)ver o Tom Waits a usar da “violência de género” e da “violência machista” e uma reportagem da ABC sobre a violência de género da mulher relativamente ao homem nos EUA:

Esta entrada foi publicada em 5dias. ligação permanente.

58 respostas a O feminismo radical de fachada socialista ao não engolir piropos aproxima-se de quem mais combate

  1. Cristina diz:

    A posta de pescada mais cretina dos últimos tempos.

    Não se trata de defender indivíduos mais fracos, mas sim a tomada de posição que ouvir alguém dizer-nos “enfiava dois dedos nessa ratinha” é extremamente violento e constrangedor. Que isso não deveria ser uma prática corrente e impune. Que não é aceitável que um indivíduo se dirija a outro nestes termos.

    Qualquer forma de violência pode ser física ou psicológica. Se não me podem agarrar pelo braço durante uma discussão de forma a que tenha de me virar porque motivo é que tenho de ouvir um atrasado mental qualquer dirigir-se a mim nestes termos?!

    • Vai daí criminaliza-se. O que sugere é o quê então? Que a Polícia de comportamento se dedique também a policiar a linguagem? Como já disse algures se a troika descobre o filão está o problema da dívida pública resolvida. Um olhar arrastado – 5€, uma assobiadela à pedreiro pendurado em andaime 10€, um elogio romantico-poético 20€ (a erudição paga-se), um comentário elogioso aos olhos 30€ e um comentário elogioso à psique 50€. Referências explicitas a outras partes do corpo, naturalmente, cadeia. O tempo da austeridade vai acabar!

      • Susana G. diz:

        Renato, parece-me que estás a ver isto da forma errada. O que eu simplesmente sugeria era que os homens conseguissem abster-se de mandar piropos. Não seria mais apropriado do que a tamanha estupidez que estás a referir?

        • Não lhe parece algo cinzento um mundo sem piropos?

        • António diz:

          Mas quem é a Susana para decidir por todas as mulheres e por todos os homens se pode ou não se pode mandar piropos? Eu permito que as mulheres me mandem piropos e os homens também, agradeço até, eleva-me o ego, e quando não goste do piropo por achá-lo feio ou de mau gosto, simplesmente ignoro, como ignoro outras faltas de educação que de vez em quando temos que escutar ou observar numa sociedade livre.

          • JP diz:

            Nem mais.
            Esta malta é mesmo falta de ar, chiça!
            Estão sempre a tentar impor aos outros a sua moral. Se a Susana ouve o piropo e não gosta, mande o gajo à m*rda e fica resolvido…

      • Cristina diz:

        Não, plos vistos para si é normal. Como será normal que se olhe para as mamas de uma mulher no autocarro, se apalpe o rabo de outra numa rua menos iluminada e se bata uma enquanto se espera pelo metro e está uma moça de mini-saia sentada ao seu lado.
        Trolhas machistas como o Renato fazem desta sociedade um paraíso para as mulheres!

        • Mas o que é que esses exemplos de ofensa à integridade física tem que ver com o piropo?

        • António diz:

          Estás completamente obcecada com doentes mentais, o que faz de ti uma doente também. Mas qual é a relação destes exemplos que dás com um piropo?

        • JP diz:

          Chiça, mas isso tem alguma coisa a ver com o que se está a discutir?
          Daqui a pouco estás a comparar piropo com violação…

          • Acho que foi isso que ela já fez…

          • Ana diz:

            E com toda a razão, há uma objectificação da mulher que a torna um alvo de todos os tarados. Quem sabe se além de mandarem bocas obscenas num local menos público não as violam? Eu quero andar na rua de mini saia, calções e bikini e não ter de ouvir bocas, olhares obscenos ou sentir-me insegura. Acham q isso é um problema? Como diz a campanha engolam o piropo e tenham mais respeito.
            Acho optimo este machismo mascarado de q engraçado que é, um mundo mais colorido… As mulheres não são objectos..Ok?

          • Não são objecto, mas ao equiparar o piropo a assédio ia jurar que é isso que pensa.

          • Cristina diz:

            Se é algo que incomoda, nem que seja uma mulher, então não deveria ser feito. É humilhante, é repressor e tem como objectivo desindividualizar as mulheres e objectificá-las. Não vamos confundir piropos com elogios, são coisas completamente diferentes.
            Pela vossa lógica porque é que não será então aceitável dizer a um homossexual “ah seu panilas, hoje vais apanhar nesse rabinho” ou dizer a um negro “então escarumba, vieste agora do guetto”.
            Não é aceitável dizer isto num espaço público a um desconhecido porque insulta, da mesma forma que eu, enquanto mulher, me sinto ofendida quando ouço um gajo qualquer meter-se comigo – e, de longe, “enfiava-te os dedos na ratinha” não foi a pior coisa que ouvi.

            O piropo não está no campo da sedução ou do flirt, vamos esclarecer de uma vez por todas, porque não é recíproco nem tem essa finalidade.

          • Para se saber se o piropo é reciproco ele tem que poder acontecer, não lhe parece? Se na ausência de respaldo virar assédio, ai sim há um problema de violência de género, que em todo o caso pode ocorrer em qualquer dos sentidos.

          • Nuno Cardoso da Silva diz:

            Ana,
            Vamos lá a investigar as coisas um bocadinho melhor. Quando queres andar na rua de mini saia, calções ou bikini, qual é o obectivo? Apenas andar à fresca porque está muito calor? Ou será que patentear os atributos físicos também faz parte disso? Eu, às vezes, quando está muito calor, ando nu em casa. Mas é em casa onde não corro o risco de, já não digo provocar alguém (o que, aos 70 anos seria difícil), mas de incomodar os outros. Por muito que se esfalfem, eu terei sempre aguma dificuldade em acreditar que andar meia nua pela rua é totalmente inocente e é apenas uma forma de fazer face ao calor. Tanto mais que, quando está calor acima dos 36 graus, é tapando-nos que melhor combatemos esse calor. Como os povos do norte de África bem sabem. Portanto, se o objectivo, consciente ou inconsciente, é chamar a atenção, não se admirem se chamam mesmo a atenção. Se me mostram os seios, porque devo desviar o olhar? Mostrarem os seios e depois impedir-me de olhar, é uma forma de agressão que eu não estou disposto a tolerar. É evidente que olhar e fazer comentários são coisas completamente diferentes, mas estas feministas radicais colocam tudo no mesmo plano. No que me diz respeito, vêm de carrinho. Se se mostram, eu olho. Não querem que eu olhe, não se mostrem. Ponto final.

          • Ana diz:

            Oh Nuno, então as mulheres vestem-se para agradar os outros, não pq lhes apetece e gostam. LOLOL Por isso têm de se sujeitar..por favor.. Os homens andam mtas vezes de tronco nu na rua, é para chamarem a atenção? E mais uma coisinha, não somos nós que temos de vestir burca para os homens deixarem de dizer barbaridades, são os homens que têm de perceber que as mulheres são para ser respeitadas, SEMPRE! É mesmo esse tipo de pensamento machista q se pretende combater, a culpabilização dos outros, neste caso mulheres, pelo comportamento obsceno dos homens.. Se são animais que não se conseguem controlar deviam todos viver na selva e não conviver com outras pessoas que o conseguem fazer sem qq problema..

          • Nuno Cardoso da Silva diz:

            Ana,
            O instinto sexual existe. Os homens estão construídos de tal maneira que a vista de umas nádegas ou de umas mamas funciona como um estímulo sexual. As mulheres que mostram as nádegas e as mamas em público sabem que estarão a provocar esse estímulo sexual, pelo menos nalguns homens. As mulheres estão-se nas tintas para isso e exigem que os homens se controlem ou querem mesmo provocar esse estímulo como forma de exercício de poder sobre esses homens? Se é tudo um jogo então assumam os riscos desse jogo e não se queixem se algum homem menos controlado largue umas bocas desagradáveis. Agora não venham dar-se ares de inocente do tipo “eu dispo-me porque acho agradável, e os homens que tomem um duche de água fria”… Porque essa provocação pode muito bem ser vista como assédio sexual das mulheres que andam meias nuas na rua relativamente aos homens. Eu, como qualquer homem, quero ter o direito de andar em paz pelas ruas sem estar sujeito a erecções tão involuntárias como indesejáveis. Ou será que eu tenho de me sujeitar a ser provocado e depois exigir-se que me controle em nome da liberdade feminina?… Veja-se que eu nunca senti dificuldade em fazer de conta que não é nada comigo, mas não se exija que todos sejamos capazes do mesmo auto-controlo. A culpa das situações desagradáveis é tanto das mulheres como dos homens, e os homens têm tanto direito a serem deixados em paz como as mulheres. Deixem de se armar em vítimas.

        • Nunes diz:

          qual é o mal de apreciar umas boas características sexuais secundárias no autocarro?

          • Ana diz:

            Oh Nuno, então as mulheres vestem-se para agradar os outros, não pq lhes apetece e gostam. LOLOL Por isso têm de se sujeitar..por favor.. Os homens andam mtas vezes de tronco nu na rua, é para chamarem a atenção? E mais uma coisinha, não somos nós que temos de vestir burca para os homens deixarem de dizer barbaridades, são os homens que têm de perceber que as mulheres são para ser respeitadas, SEMPRE! É mesmo esse tipo de pensamento machista q se pretende combater, a culpabilização dos outros, neste caso mulheres, pelo comportamento obsceno dos homens.. Se são animais que não se conseguem controlar deviam todos viver na selva e não conviver com outras pessoas que o conseguem fazer sem qq problema..

          • Nunes diz:

            Ai, estão a olhar pra mim! Socorro que estou a ser oprimida!

        • Ana diz:

          Nuno, é isso mesmo q os violadores, pedófilos e outros abusadores sexuais dizem.. A culpa é das vitimas q os estavam a provocar.. Também é esse o argumento utilizado pelos países q obrigam as mulheres a usar burca…para não provocar os homens, que coitados não são capazes de se controlar.. É como já lhe disse, se é um animal volte para a selva.

          • Onde já vai o debate do piropo. Parecem os conservadores homófobos a acusar a homossexualidade da sida. Vai lá vai…

          • Nuno Cardoso da Silva diz:

            Olha, veste-te com roupa de luxo, enfeita-te com jóis caríssimas, e depois vai passear para um bairro de lata. E depois, quando fores assaltada e roubada, proclama que tens o direito de andar vestida como quiseres por onde quiseres, e os miseráveis nada mais têm do que controlar a sua inveja e cupidez…

          • Carlos R diz:

            “eu terei sempre aguma dificuldade em acreditar que andar meia nua pela rua é totalmente inocente”.
            Esta frase, que infelizmente reflecte o que muitos (homens, e não só) pensam, é suficiente para mostrar que este debate é relevante e necessário.

      • rodrigo castro diz:

        O ridiculo mata e politicamente mata a dobrar…estes cromos do BE nem de encomenda.

    • Nuno Cardoso da Silva diz:

      É claro que a expressão utilizada, a seco, parece ordinária. Mas se a Cristina estiver com o seu namorado/marido/companheiro e ele, depois de uma óptima refeição a dois, com muitos apertões de mãos e olhares apaixonados lhe disser, “Depois desta deliciosa refeição nada me apetecia mais do que passear dois dedinhos marotos por essa tua ratinha maravilhosa e senti-la estremecer de prazer”, talvez a Cristina não sentisse indignação mas uma onda de paixão… O que prova que não é o “piropo” em si que incomoda, mas a falta de receptividade de quem o ouve… Parece-me difícil penalizar um piropo se a justificação para essa penalização depender do estado de espírito de uma das partes…

      Agora a sério. Um piropo ordinário é apenas uma ordinarice, coisa que não é suscetível de ser punida por lei. Senão vamos ter que dar razão ao Cavaco Silva por se ter queixado de lhe terem chamado palhaço…

      • Cristina diz:

        Sobre as intimidades a que me permito no privado acho que não há nada a dizer. Posso gostar ou não e não é da sua conta. Não entendo a comparação.
        “Um piropo ordinário é apenas uma ordinarice”. Errado. O piropo ordinário é machista e humilhante, qual a dificuldade em compreender isso? Chamar “paneleiro” a um desconhecido, é aceitável? Poupe-me.

        Sobre a questão da roupa nem vou responder porque é demasiado rasteirinho.

      • Carlos R diz:

        Acha que o que uma pessoa faz em privado com o seu namorado/a tem alguma coisa a ver com um comentário no meio da rua por um desconhecido? Também posso gostar que a/o minha/meu namorada/o me prenda com algemas, ou me esgane ou o que seja no quarto. Isso dá-lhe o direito a um desconhecido (ou um conhecido a quem não dei tal confiança) de me fazer o mesmo na rua?

  2. Rocha diz:

    É uma histeria senil. Mas não posso dizer que estou surpreendido. Para mim o feminismo “radical” é uma seita anti-marxista. É como se as mulheres vivessem numa bolha, à parte da sociedade dividida em classes, isto é típico de ideologias pequeno-burguesas.

    • Típico das ideologias pequenas-burguêsas é também o feminismo marxista que acha que o patriarcado e o machismo acham por milagre com a luta de classes e a revolução socialista.
      Como se não fosse o mesmo Estado, que garantiu a separação do género quer pela lei quer pela medicina com vista a perpectuação dessas messmas desigualdades – ou é comum o casamento . instituição de reprodução da família – ser entre pessoas de classe diferente? Ser entre pessoas de idades diferentes? Entre pessoas de origens étnicas diferentes? Ou homem e mulher terem as mesmas funções na educação e consequente repressão moral das crianças?

      O machismo ou a supremacia branca não acabam com a luta de classes porque infelizmente muito operário e muito revolucionário mesmo com consciência da opressão de classe, não tem consciência e quando tem não pretende ver o fim do seu privilégio no sistema de desigualdade de género ou étnica.
      .
      Nem tudo é género obviamente e esquecer a classe é perpetuar mais e mais o capitalismo bem como as desigualdades que ele perpetua, mas também nem tudo é classe.

      E esta ideia de colocar o enfase total num feminismo marxista em detrimento de um feminismo radical é tão mau como o seu inverso – é como escolher entre o estalinismo e o capitalismo.

      • Rocha diz:

        Lobos com pelo de cordeiro há muitos a vestir a pele do feminismo. A verdade é que as mulheres também exploram e são exploradas e não são uma realidade à parte da luta de classes. A igualdade de mulheres burguesas com homens burgueses, por exemplo, é uma imensa hipocrisia que serve para perpetuar a exploração quer de homens quer de mulheres.

        Sei muito bem o que são famílias disfuncionais e famílias em que reina a violência e sei perfeitamente que a opressão de classe está no cerne dessa violência. Sei o que as pessoas se humilham para continuar a ter dinheiro no bolso. Sei que o que tantas vozes, que insistem em melhorar a imagem o capitalismo ainda que superficialmente, fazem não é mais que perpetuar a violência da sociedade capitalista. Sei que alguns querem uma fachada de igualdade de género que mantenha intacta a exploração de classe. Mas para isso não contam comigo.

        O resto é conversa para vender livros e fazer carreira à custa do verbalismo feminista e das suas teorizações.

  3. Quim diz:

    Mas, ó Renato, o piropo já é criminalizado. se se tratar de uma atitude reiterada cabe no âmbito do assédio sexual que é criminalizado no CP.

    • Isso é assédio e ameaça à integridade física e psicológica, não piropos.

      • JP diz:

        Como é óbvio.
        Comparar um piropo a assédio sexual não é razoável.
        O primeiro não deve ser crime mas sim estar sujeito às regras normais de convivência de uma sociedade civilizada (eu também não gosto de ver alguém escarrar para o chão mas não me passa pela cabeça proibir essa prática).
        O segundo é crime e deve ser punido.

        • Carlos diz:

          Um piropo é sempre um assédio sexual. Metam isso na vossa cabeça.

          • Oh, oh. E só passível de enquadramento no campo da violência de género se for dirigido do homem para a mulher. Sabia que já chegou ao século XXI?

          • Francisco diz:

            Estive agora em Espanha em férias na Andaluzia e ouvi piropos bem mais ofensivos quer de homens para mulheres, mas também ao contrário e as pessoas ficaram contentes e agradeceram (não ponho em dúvida de que havia uma familiaridade próxima entre as duas pessoas). Mas os andaluzes ainda mantém aquele vernáculo apanágio dos nortenhos. Também não sei o que será mais ofensivo: um piropo ou o facto de ver um rapaz (presumo namorado) apalpar o rabo da namorada constantemente perante os olhares dos pais (não sei se dele ou da namorada) e do público.

    • Carlos R diz:

      Ninguém está a falar de criminalizar o piropo, mas sim de debater o tema do patriarcado machista. Julgo que acções possíveis seriam a tentativa de educação das pessoas, já que essa é a forma mais efectiva de combater este tipo de assédio sexual.

      • Pedro diz:

        Ora porra, tentativa de educação das pessoas?^A única forma de impedir um gajo de mandar uma boca a uma gaja boa é fazer como nos states, o país mais histérico nestas coisas: aplica-lhe uma indemnização milionária e coloca-se a sua fotografia no pelourinho. Mas está tudo doido? Vocês não imaginam o ridículo a que se expõem e o mal que fazem à esquerda e ao BE em particular. É com vocês.

        • Carlos R diz:

          A outra forma é chamar-lhe a atenção e explicar-lhe as razões pelas quais não deve mandar o tal piropo, e dizer às mulheres que reajam quando ouvem um piropo de que não gostam. Ninguém está a falar de multas, como bem se vê no sujeito do título “Engole o teu piropo”. Veja o vídeo da intervenção neste fórum. Não me parece que elas tenham sugerido indemnizações ou coisa do género.

  4. Quim diz:

    se forem reiterados, se o indivíduo apresentar queixa contra tal conduta, deve o ministério público instaurar o respetivo processo criminal por assédio.

  5. Quim diz:

    aquilo que para ti é um inofensivo piropo, para quem ele sofre pode ser uma forma de assédio psicológico ou mesmo coação. cabe depois ao ministério público avaliar. mas que um piropo ou uma sucessão de vários podem levar a uma condeação em tribunal, ai isso pode…

  6. imbondeiro diz:

    Espantoso!!! Li por aqui escrito que o olhar para as mamas de uma mulher é algo criminoso. É claro que há “olhares” e há “olhares”. Eu, que felizmente não sou ceguinho ( chiça, pá, lá estou eu outra vez! – agora vai cair-me em cima a brigada policiadora do pensamento verbalizado com o argumento de que estou a ser desrespeitoso para com os invisuais… ), olho, de quando em vez, para umas mamas esteticamente agradáveis que parcialmente se mostrem em todo o seu esplendor. Mas, visto que me considero um homem minimamente educado, não fico a olhar fixamente para elas como se estivesse hipnotizado, e muito menos ( isso nunca o fiz, nem o farei ) abro a boca para dizer seja o que quer que seja. É que o maior inibidor do piropo ordinário não é o peso da Lei, é, isso sim, a boa educação. Podemos continuar a criminalizar todo e qualquer comportamento socialmente censurável. É uma hipótese de caminho. Mas sabem o que vai, mais tarde ou mais cedo, acontecer? Um belo dia, qualquer um de nós vai ser confrontado com um qualquer comportamento ordinário vindo de um dos muitos energúmenos ( e energúmenas ) que nos povoam os dias. Se chamarmos a atenção ao imbecil ( ou à imbecil ), seremos confrontados com uma simples pergunta: “É punido por lei ?” E, lá está, não há Código Penal que exaustivamente preveja a punição de toda e qualquer ordinarice. Fiz-me entender?
    Uma última nota: às senhoras mais melindradas com a fugaz e não ofensiva masculina apreciação dos seus físicos predicados uma indumentária recomendo – a burkha. Não há país mais imune ao piropo, mesmo que de bom gosto, do que um país onde tenha sido instaurada a “sharia”. Vamos a isso, ó génios do BE?

  7. CausasPerdidas diz:

    Desculpe, vou ser longo.
    Para começar, aconselho vivamente ao Renato o visionamento do filme “Libertárias” (1996).

    Os pretos também serão uns picuinhas por não gostarem de piropos racistas “inocentes”? Não me vai acusar de querer pôr as pessoas a chamá-los “de cor”, pois não? É a merda do contexto! Os “gajos do ambiente” também não passarão de pequeno-burgueses perante a velha perspectiva “socialista” de fábricas prenhes de operários a parirem toxinas para bairros negros de fuligem?
    Vejamos se me consigo explicar: nestas coisas de emancipações… sociais, sexuais, de género, o que for, costumo dar mais ouvidos aos não-emancipados do que àqueles que se consideram os seus advogados. “A emancipação dos trabalhadores há-de ser obra dos próprios trabalhadores”, veríssimo, e a das mulheres também. No meio e ao mesmo tempo que a outra. Ou não haverá nenhuma.

    Piropos. Há uma coisa no meio, o tal contexto, mas isso nem interessou na sanha contra a “fachada socialista”. E comparar logo a brejeirice entre quem se priva com aquilo que se ouve na rua dirigido a mulheres que se sentem visivelmente incomodadas. Nunca viu? Se calhar eram burguesas, sentiu-se vingado?
    O pormenor da Classe: se a mulher for burguesa posso insinuar-lhe um castigo de natureza sexual só porque ela pertence a outra classe? Quem é a minha inimiga, ela ou a classe que representa? Não me consta que a eliminação física dos “inimigos de classe” tenha dado passos gigantescos no fim das classes… O problema é a porra da Propriedade, retirem-lha e eles caem por si. Podem-se pôr à frente… mas isso é outra discussão.
    Continuo: também sou perdoado se chamar “macaco” ou “chico-escuro” ao gajo do FMI só porque ele é um grande cabrão? Isto não é ser-se de Esquerda, é usar a estética e cultura fascistas no tratamento das pessoas. Porque só os fascistas despersonalizam as pessoas ao nível dos objectos guardáveis em prateleiras arrumadas e catalogadas. Dissolver as identidades em nome da Classe, sem perceber que a Classe é composta de identidades, é a mesma merda. É não perceber as contradições do sistema capitalista que ao mesmo tempo que pega num proletário que sabe dar pontapés numa bola, deificando-o para consumo das massas, também nega a uma mulher ou homossexual, burgueses, um determinado lugar porque “não são de confiança”. É ser curto de vista. Deixa aos liberais a defesa da Igualdade? Para nos enganarem com a sua Justiça e Fraternidade? Perceba-me, estou longe de me identificar com a anedota de quem manifestou regozijo só porque determinado cargo no sistema capitalista foi entregue a uma mulher. As burguesas não brandem o chicote com menos violência que eles. Os escroques não têm género. Mas a política sim. Ou tem só um género, ou, se for Socialista, os dois. Não há ponta de socialismo no argumento anti-feminista.

    E, garanto-lhe, o feminismo faz muita falta no movimento operário. Para elas se darem ao respeito perante grunhos que não aceitariam que dissessem às suas mães, mulheres, irmãs… as coisas que proferem às “camaradas”. Faz parte da cena em não aceitar ser objecto de quem quer que seja, do patrão ou do cretino que o replica em casa ou na rua. A história do “Homem Fantasma”, do Sérgio Godinho.

    Se alguém a quem não dei confiança se mete comigo de forma que eu considero ofensiva, vou-lhe aos cornos. Admito que muitas mulheres não estejam para aí viradas. Sentem-se ofendidas, querem-se queixar. Agora, diga-me lá: Quantos passos este complexo “pequeno-burguês” faz a Revolução andar para trás?

    Quem tem a batuta é que conduz banda, já se esqueceu? Qual é o problema delas conduzirem a sua? Sente-se ameaçado?

  8. renegade diz:

    Que engraçado tudo isto. As mesmas pessoas que se atiraram ao ar com o “mais escurinho” do arménio carlos agora permitem-se avacalhar uma intervenção política feminista que no fundo parece querer refletir sobre as mesmas questões que enquadraram a crítica ao arménio carlos: o machismo ambiente, as expressões quotidianas do sistema patriarcal, ou como a repressão/comedimento da linguagem pode alterar comportamentos em favor da igualdade.
    Precisamos de mais feminismos e de os discutir, não de os avacalhar. Tenham juízo.

  9. Ana Rita diz:

    Sinceramente, o mais esclarecedor nesta discussão é a expressão “Trolhas machistas”…A sério, não é preciso mais nada…

  10. Carlos diz:

    Antes pelo contrário, Renato Teixeira. Implícito na opinião do tal senhor muçulmano está o facto de que se as mulheres não se vestissem “modestamente”, os homens poderiam enchê-las de piropos. O que estas duas militantes do BE defendem é que, não importa a forma como estão vestidas as mulheres, têm o direito a não ser incomodadas por desconhecidos. Estão em extremos opostos. Julgo que o senhor é que está mais próximo dos radicais teocratas islâmicos.

    • Por achar que contra o piropo não precisam nem de véus nem de bófias?

      • Carlos R diz:

        Eu também não acho que precisem de bófias. Nem as proponentes deste debate acham, como ficou claro na intervenção delas. A questão é perceber que o piropo é errado e uma manifestação do patriarcado e que deve ser combatido, não como crime mas pela via da sensibilização: dos homens para que o “engulam” e das mulheres para que reajam. Se concorda com isso, então retiro o que disse e peço desculpa por tê-lo interpretado mal, mas nesse caso penso que também terá interpretado mal as proponentes deste debate. Cumprimentos.

  11. Rui Matoso diz:

    Acho piada por tudo e por nada virem os pressupostos “intelectuais de esquerda” sempre com a cantilena ideológica das dialécticas, do marxismo, da burguesia, do blah blah…como se bastasse invocar a vetusta e metafisica luta de classes para explicar: a violência simbólica, o machismo, as desigualdades, etc… Bastava lerem Bourdieu para perceber que existe mais linguagem útil para explicar o fenómeno óbvio e latente do “assédio sexual verbal”. É que uma coisa são as vossas opiniões e infinitas nuances e divagações acerca do que é ou não piropo, outra são os estudos feitos por sociológos e antropólogos. Sugiro então que comecem por aqui a estudar o assunto (Pierre Bourdieu, A dominação masculina) http://www.sertao.ufg.br/uploads/16/original_BOURDIEU__Pierre._A_domina%C3%A7%C3%A3o_masculina.pdf?1332946646

  12. Francisco diz:

    Eu sinceramente adorava que as mulheres também fossem capazes publicamente de lançar piropos – não conto aqui alguns cartazes das fãs do Tony Carreira. Em reuniões com amigas já os ouvi em relação a desportistas, actores e modelos de moda. É pena que nos restantes casos haja um preconceito moral sobre as verdadeiras razões porque as mulheres lançam um. Esperemos que nesta luta pela igualdade de géneros apareçam mais mulheres trolhas (ou serventes/serventas de pedreiro).

Os comentários estão fechados.