Euro

Como o Ricardo Paes Mamede aqui refere é urgente começar a discutir a saída da Zona Euro até porque o futuro se afigura cada vez mais negro agora que o presidente do Eurogrupo admite que a “solução cipriota” poderá servir de modelo para outros casos.
Aliás parece-me (estranhamente) pouco sustentada a posição de Francisco Louçã, num quadro em que cada vez mais economistas, inclusivamente da sua área política, o defendem como se pôde ser lido ontem no i.
Já agora aqui fica um gráfico interessante roubado ao Nuno Serra:

P.S. – Os vídeos do debate “O Euro e a dívida – Défices estruturais

Esta entrada foi publicada em 5dias. ligação permanente.

61 respostas a Euro

  1. Nuno Cardoso da Silva diz:

    Concordo em grande parte com Louçã. Se entrar no euro foi mau, sair agora ainda seria pior. Mas isso não significa que não haja alternativas. A criação de uma união monetária apenas para os países da orla mediterrânica (incluindo a Itália) que têm problemas algo semelhantes e precisam de uma desvalorização da sua moeda que não seja nem excessiva nem contínua, podia ser uma solução. Aí sim aumentar-se-ia a competitividade sem cair num buraco sem fundo. Agora Portugal sair sozinho do euro e recriar uma moeda nacional sustentada por uma economia à beira do colapso, isso não.

    • Caro Nuno,

      O que, até hoje, nenhum dos nacionalistas se dignou a responder é o seguinte: se a competitividade iria aumentar 30 ou 40%, de acordo com as matrizes de input-output que têm utilizado, e se, ao mesmo tempo, ocorrerá uma desvalorização de 30 a 50% da moeda, logo a importação de combustíveis, de matérias-primas, de medicamentos, de maquinaria, etc. aumentaria, pelo menos inicialmente, na mesma proporção. Logo, se os custos com importações dificilmente substituíveis como várias das matérias-primas, combustíveis, maquinaria, medicamentos, etc. iriam aumentar, e se, mesmo assim, os economistas nacionalistas ainda conseguem afirmar que Portugal ganharia competitividade então só vejo uma resposta possível. Para conseguirem tal competitividade isso só poderá ser feito à custa da maior exploração dos trabalhadores, da expansão da mais-valia absoluta e da correspondente edificação de um aparelho de Estado ainda mais repressor para conter as revoltas geradas… Aliás, um dos economistas nacionalistas chegou ontem a dizer no jornal i que seria necessária «uma liderança forte para que não houvesse turbulência»… Mais palavras para quê? Se a política que a esquerda nacionalista preconiza é assim tão benéfica para os trabalhadores para que precisariam de uma «liderança forte»?

      E ainda se poderia abordar a hipótese muitíssimo provável de a banca poder falir ou sofrer elevadas perdas. A salvação da banca e dos depósitos nas condições de uma saída do euro faria o BPN parecer uma brincadeira de meninos…

      Um abraço

      • Tiago Mota Saraiva diz:

        Oh João Valente Aguiar, vai chamar nacionalista ao raio que te parta.
        Ainda há poucos anos desfazias-te em mensagens privadas sobre como um comunista devia “valorizar o legado” de Estaline ou a “experiência” da Coreia do Norte. Agora vejo que não perdeste os tiques estalinistas fazendo ataques de carácter enviesados. De facto és um tipo coerente.
        Tenho a certeza que, se/quando a coisa azedar, serás dos primeiros a denunciar os teus ex-camaradas.

        • Camarro diz:

          A chatice é que os arquivos do 5dias são públicos…

          joaovalenteaguiar says:

          6 de Março de 2011 at 21:12

          12 de Março (comício dos 90 anos do PCP no Porto; movimento do Geração à Rasca; Encontro da Fenprof no Campo Pequeno), 19 de Março (manif da CGTP), 1 de Abril (luta de jovens trabalhadores), 2 de Abril (marcha da educação), 25 de Abril, 1 de Maio, comemorações dos primeiros 90 anos do PCP, uma possível futura Greve Geral…
          Motivos para a luta e iniciativas de luta é o que não faltam.

        • Tiago,

          eu até podia ter ido às campas do Stáline e do Kim Il-Sung lá rezar e deixar umas flores. Até podia ter tatuado o Lénine e o Álvaro Cunhal na testa… Como dizes, e bem, “há poucos anos”… Ora, 99% dos militantes de toda a esquerda de origem marxista, seja ela qual for, alguma vez na vida, e ao longo da história, glorificaram a URSS e os regimes socialistas… Claro que glorificamos! Todos, quase sem excepção… E daí? qual a novidade? Pior de tudo é quem depois acaba por nunca se interrogar sobre nada. Isso sim é que é grave… Mas isso parece pouco importar…

          O espantoso é como tu desvias um comentário meu vocacionado para um problema económico que os nacionalistas de esquerda não respondem. Repara que tu se percebesses alguma coisa de economia ou de política até me podias ter arrumado para canto se soubesses responder ao que eu coloquei no fundamental do meu comentário: como é possível aumentar a competitividade da economia portuguesa saindo do euro, sabendo que os custos com importações de combustíveis, matérias-primas, etc. vão necessariamente aumentar? Repara que teoricamente vocês todos até poderiam ter razão. Não me parece, mas eu discuto estas coisas de um modo analítico. Bem ou mal, com mais ou menos acertos, o que importa é a atitude. Ora, tu preferiste ligar ao “nacionalista”, mas se quiseres podes chamar de patriota que é exactamente a mesma coisa. O que conta são os conceitos e não os termos… Mas se não os dominas não sou eu que te vou explicar…

          O teu comentário acaba com a macacada final sobre denúncias e não sei que mais…. Eu nem tenho nada de responder e provavelmente nem vai adiantar de nada. Mas face à recorrência desse ataque vil aqui vai uma resposta final. Eu que nem sequer te conheci pessoalmente (pelos vistos, felizmente), que sei de ti o mesmo que qualquer tipo que te leia na net, que não tenho ninguém do PC nas redes sociais onde participo (precisamente para evitar essas bocas delirantes, mas, pelos vistos, nem assim diminui a paranóia da vossa parte), eu que nunca estive em nenhum organismo de direcção do PCP (nem sequer regional, apenas de… freguesia e que éramos literalmente meia dúzia) e eu é que ia denunciar??? Quem?? O quê?? Que há membros assumidos do PC que escrevem no 5 dias??? Que colei não sei quantos milhares de cartazes? Que distribuí panfletos?? Que fui um dedicado militante de base, que nunca arranjei chatices com ninguém enquanto fui militante activo e que a única coisa que me destacava dos outros era o meu interesse pela teoria marxista?? Eu que não tenho contacto orgânico com ninguém do PCP desde meados de 2008 (reuniões, pagar quotas, etc.) e que só estive entre 2008 e 2011 em duas ou três iniciativas públicas da CDU e do PCP, eu é que ia denunciar?? Mas está tudo maluco ou o quê?? E eu é que sou stalinista…
          De facto, só um eventual delírio ou má fé podem explicar essa tua atitude. Se queres brincar ao Marinetti procura outro que te ature… Passar bem.

          • Tiago Mota Saraiva diz:

            João Valente Aguiar, eu não cheguei hoje a um ideal político nem parto amanhã. Tal como nunca me apeteceu muito discutir contigo quando eras um ultra-estalinista pró-PCP também não discutirei contigo quando te transformaste num ultra-estalinista anti-PCP – o facto, com o qual o Vítor Dias goza, de teres ido apagar o teu blogue (http://otempodascerejas2.blogspot.pt/2013/03/um-tal-de-joao-valente-de-aguiar.html) é tão revelador …
            Agora não tentes transformar isto num ódio a ex-PCP’s que não tenho. Tu, na tua 1ª fase de estalinismo, és um excelente exemplo daquilo que costumo chamar como a doença infantil dos partidos de esquerda. É uma certa forma de valorizar e engraçar com uma trupe de jovens caceteiros ultra-sectários que assim que acham que o seu brilhantismo não é integralmente reconhecido partem para ser os primeiros Anti. E isto interessa-me discutir, mas não contigo!
            Não queres, certamente, que vá à procura de escritos teus da tua 1ª fase de estalinismo com ataques de carácter a malta que é, e será, minha amiga e que está, e estará do meu lado da trincheira, como o Zé Neves, o Zé Guilherme ou o Ricardo Noronha… Só para te dar alguns exemplos…
            João Valente Aguiar, hoje como ontem, não tenho qualquer interesse em debater contigo o que quer que seja. E nada tem a ver com o facto de achar que te afastas-te do teu ideário – que se calhar até não te afastaste assim tanto – mas tem sobretudo a ver com o facto de achar que a forma como te vês é inversamente proporcional ao respeito a que te prestas.

        • De diz:

          otempodascerejas2.blogspot.com/…/um-tal-de-joao-valente-de-aguiar.html

          • Nuno Cardoso da Silva diz:

            Pode-se não gostar de João Valente Aguiar, do que ele pensa, diz ou escreve. Pode-se não gostar que, tendo sido comunista e militante do PCP, já não o seja e ataque posições defendidas pelo mesmo PCP. Mas será dificil não reconhecer que ele é dos comentadores mais lúcidos na actual esquerda portuguesa. Erra quem optar por não prestar atenção ao que ele escreve.

          • De diz:

            Então não?

            Os dados estão aí.Que cada um faça o seu juízo. Sem necessidade de beatices um pouco tontas ou de ayatolas da consciência
            Valeu?

          • Rocha diz:

            É um génio, é um guru, é um potencial prémio Nobel. Tais como outros que seguiram percursos semelhantes tipo, Pacheco Pereira, Durão Barroso e afins.

            Enfim, o que se pode esperar de alguém que diz que o PCP é origem da ameaça fascista que paira sobre Portugal? Cavernícolas já temos muitos.

            Nota: não percebo porque o Tiago não aprovou um comentário anterior que fiz neste post e como já se publicaram diversos comentários depois disso fica a impressão que viu algo de inapropriado no meu comentário, mas eu não vejo nenhuma razão para tal.

          • Nuno Cardoso da Silva diz:

            Não me consta que João Valente Aguiar tenha traído os seus ideais e valores de esquerda. Apenas achou que o veículo de que se servia não funcionava bem. Portanto não me parece adequado compará-lo a Pacheco Pereira ou a Durão Barroso. O PCP devia ser menos agressivo para com os militantes que saíram, e fazer um esforço maior para perceber porque razão o fizeram. Iriam acabar por perceber que a maioria não se vendeu ao inimigo, ou teve uma súbita quebra do QI. Provavelmente sairam por acharem que a vossa receita estava inquinada.

          • Rocha diz:

            Que parte de o João Valente Aguiar chamar ao PCP de fascista é que o Nuno não percebeu? E diz que o PCP devia ser menos agressivo?

            Pois, eu percebo o sonho molhado desde a AOC, passando pelo Pacheco Pereira, Durão Barroso, até ao nosso João Valente Aguiar é ver a destruição do PCP como o partido dos trabalhadores em Portugal. Não interessa qual a alternativa ao PCP, não interessa provar na luta ter algo de novo para defender os trabalhadores. Interessa destruir o instrumento existente dos trabalhadores. E vale tudo contra o PCP.

            É só isso que valem os “esquerdistas” e ‘democratas’ ofendidos com a «agressividade» do PCP?

          • De diz:

            Mais uma vez enganado, redondamente enganado
            Quem escreve isto ” se Portugal saísse do euro, o PCP seria a principal alavanca motriz no início de um processo de fascização..” merece com toda a certeza a admiração de todos.

            “Se não metesse nojo, metia dó”

          • Nuno Cardoso da Silva diz:

            Tiago,
            Não me interessa muito o que JVA escreveu ou pensou no passado. Interessa-me o que ele pensa e escreve hoje, e o que eu vejo é uma capacidade para compreender o capitalismo, a actual crise e as vias de saída que é muito superior ao que vulgarmente se lê por aí, nomeadamente por parte dos seus antigos companheiros de clube. É sinal de inteligência e de humildade reconhecer que se estava num beco sem saída e procurar outras vias para explicar e resolver a actual crise do capitalismo. Sempre me enervei com a mera repetição ad nauseam de fórmulas que poderão ter sido atraentes em épocas passadas, mas que hoje se sabe não respoderem aos problemas. Também sempre tive uma grande admiração pela crítica marxiana ao capitalismo, e pela extraordinária lucidez de Karl Marx, mas sempre me arrepiei perante as alternativas por ele propostas. Não é o espartilho centralista que nos pode permitir ultrapassar a patologia capitalista, mas a liberdade e a organização de baixo para cima das sociedades, que é muito mais o património libertário – ou anarquista – do que do marxismo-leninismo. Só quem despreza o Homem-real em nome de um Homem-ficção é que pode pensar que as receitas marxistas-leninistas podem ser aplicadas sem cair no mais feroz dos totalitarismos. Não estou a dizer – nem me interessa saber se assim é – que o JVA partilha destas minhas ideias. Muito provavelmente não, mas não é vê-lo como um sócio do meu clube que me faz gostar do que ele escreve. É a qualidade das suas análises.

          • Tiago Mota Saraiva diz:

            Então não escreva isto:
            “Não me consta que João Valente Aguiar tenha traído os seus ideais e valores de esquerda. Apenas achou que o veículo de que se servia não funcionava bem. Portanto não me parece adequado compará-lo a Pacheco Pereira ou a Durão Barroso. “

      • Nuno Cardoso da Silva diz:

        Caro João,
        É curioso mas ainda ontem tive a oportunidade de chamar a atenção de um quadro do PCP para o facto que apontaste, de que a saída do euro só promoveria a competitividade à custa da redução dos salários reais dos trabalhadores, e que não me parecia que fosse essa a intenção do PCP. Ver o PCP defender o mesmo que o Belmiro de Azevedo é, pelo menos, irónico. Mas o drama é que o pessoal daquelas bandas não faz a mínima ideia das consequências do que propõem.

        Um abraço

        • De diz:

          O Belmiro de azevedo põe em causa o euro?
          Se sim, é uma novidade.
          Se não, esta afirmação é no mínimo ainda mais desonesta do que era suposto.

          Até onde acaba o umbigo e começa a má fé?

          • Nuno Cardoso da Silva diz:

            Não. Estou a dizer que o Belmiro defende a redução dos salários reais dos trabalhadores para que se possa sair da crise, e o PCP, ao defender a saída do euro, está a defender essa mesma redução. Aconselho umas lições de leitura e de interpretação de textos.

          • De diz:

            (suspiro)
            Mas até isso é preciso explicar?
            Ainda não percebeu que se coloquei a primeira alternativa foi para não catalogar logo à partida a sua “afirmação” como de profundamente desonesta?
            Equiparar o que defende Belmiro com o que defende o PCP é de alguém perturbado sabe-se lá porquê .Que não tenha sequer o discernimento para perceber a ironia sobre o euro e o dito Azevedo já é uma coisa que infelizmente não me admira.

            Será que talvez assim perceba?
            Ver o Cardoso da Silva defender o mesmo que Belmiro de Azevedo, que pugna pela redução dos salários reais dos trabalhadores e pelo incremento dos desempregados, caminho que estamos inequivocamente a trilhar também pela nossa permanência no euro que ambos defendem é, pelo menos, irónico.
            Que também Cardoso da Silva defenda o mesmo que defende passos coelho ou gaspar ou portas acerca da tal permanência no euro e das consequências catastróficas que tal permanência acarreta é pelo menos a cereja no topo do bolo nesta pequena interpelação.
            Deu para perceber o ridículo ou nem mesmo assim?
            Já não há pachorra

      • Rocha diz:

        Eu já não tenho pachorra para este economismo reformista – mais ainda de quem toda a vida se proclamou especialista de marxismo. Argumentos económicos para a saída do euro tens tantos quantos quiseres, hoje eles estão aí desde os marxistas, aos sociais-democratas e até de liberais.

        Mas dentro desta lógica de economistas, o debate centra-se em ser capaz de competir com a Alemanha ser melhor dentro ou fora do euro (as exportações, a dívida o valor da moeda e o caralho a sete).

        Ora que se foda a Alemanha, que se foda a dívida e que se fodam as exportações, que se foda o capitalismo, que se foda a Troika pois claro e logicamente que se fodam os seus componentes a UE, a zona Euro, o BCE e o FMI (e quem diz estes diz também a NATO pois claro)!

        Que se foda essa merda toda! Os meus argumentos para romper com a zona Euro e a União Europeia são políticos, são de olhar para economia como ela realmente é: reflexo da política que a dirige e domina. Não há nada, absolutamente nada de democrático nesta União Europeia e na zona Euro dirigida pelo BCE, não nada nestas instituições imperialistas e império capitalista que abra a porta à sua transformação por parte dos trabalhadores e à tomada do poder pelos trabalhadores.

        A estrutura política da União Europeia é semelhante à super-potência imperialista dos Estados Unidos, é semelhante ao Império Britânico, é semelhante à França metrópole da Françafrique e é semelhante sobretudo ao III Reich no sentido que o economista espanhol tão bem recordou (e por isso foi censurado das páginas do jornal El País/Grupo Prisa) ao dizer que a Alemanha de Merkel como a de Hitler procura estabelecer o “Lebensraum” (habitat da raça ariana) desta vez por meios politíco-económicos e através da guerra financeira.

        Na perspectiva que é sempre positivo combater, destruir e desmebrar impérios e super-potências com super-burguesias, reconstruir o Estado-Nação sobre uma nova base anti-imperialista e anticpaitalista. E no caso da Europa é óbvio que os movimentos anticapitalistas são diversos e seguem/seguirão diferentes modelos. Basta lembrar como a Jugoslávia conseguiu seguir um modelo diferente de socialismo do modelo soviético apesar de serem ambos marxista-leninistas. Basta lembrar que há novos Estados-Nação que se libertarão, como País Basco, Galiza e Catalunha. E é só nessa Europa de diversidade, de povos livres que a cooperação e a solidariedade podem ser reconstruídas.

        Continuar neste espaço de Lebensraum, as únicas portas que deixa abertas dentro das instituições imperialistas UE/zona Euro é o regresso dos fascismos e o reconquista e recolonização de África e de outros povos desgraçados por este imperialismo em ascensão.

        • Nuno Cardoso da Silva diz:

          Rocha,
          Posso compreender os teus estados de alma, mas como vais mudar o mundo que é e a natureza humana resultante de milhões de anos de evolução e de luta pela sobrevivência? Gostavas que o Homem fosse diferente do que é, com sentimentos e instintos diferentes? Pois espera umas dezenas de milhar de anos e talvez tenhas sorte. Agora com a realidade que temos teremos de ir optando não pelo óptimo mas pelo menos mau. E se insistires no óptimo vais acabar por ter mais gulags, mais polícias políticas, mais campos de concentração, mais genocídios. Que é sempre o resultado final dos que querem implantar o paraíso na terra. Se não consegues conformar-te com esta realidade, o melhor é emigrar para Marte e começar do zero com os marcianos…

          • De diz:

            “A natureza humana resultante de milhões de anos de evolução”
            Ah
            (os cinodontes já deviam fazer parte da tal (futura) natureza humana).

            A inevitabilidade do aparecimento do Homem à face da Terra, que deriva deste conceito “esquisito”da evolução humana ao longo de milhões de anos, tem alguma ligação com os “mais gulags e mais polícias políticas e mais campos de concentração e mais genocídios”.
            Ambas afirmações deterministas, ambas isentas de qualquer base científica, ambas nascidas para justificar outras afirmações também elas metafísicas.Que tentam transportar para a realidade actual, “ideias” que mais não são do que credos.
            Com uma irónica qualidade: a de que os recitadores de tais credos, acusam os demais de praticarem credos…(dos seus credos evidentemente, já que o destes nunca o serão)
            🙂

            Claro que poderíamos simplesmente constatar que “os mais gulags e mais polícias políticas e mais campos de concentração e mais genocídios” é o nosso quotidiano.Às mãos do poder dominante por esse mundo fora.Mas isso seria escapar ao pretendido pelo comentador em questão.

            A necessidade de agir para transformar o mundo é,para nós um imperativo.Constatar que qualquer sociedade que se pretenda nova será feita pelos Homens da velha sociedade é uma evidência que nos levará todavia a outros rumos e a outras discussões,até ao próprio conceito de comunismo.Fica para depois.

            Por agora assinalar apenas que “a questão do balanço do período histórico iniciado com a Revolução Soviética e com a chegada de Lenine ao poder continua a estar manifestamente em aberto”.Que a História não se repete mas também não se deturpa.
            E que todas as opções estão em aberto
            Para mal da ideologia dominante.

          • Nuno Cardoso da Silva diz:

            De,

            Vou tentar explicar.

            O comportamento predatório e geralmente egoísta da espécie humana, que contribuiu para sistemas de exploração como o capitalismo, resulta de uma luta de milhões de anos (homens, hominídeos, australopitecos) pela sobrevivência, em circunstâncias em que essas caracterísiticas favoreciam essa sobrevivência. Só há muito pouco tempo desenvolvemos códigos de ética que nos levam a ver com maus olhos esses comportamentos atávicos. Tão pouco tempo que não conseguimos eliminar dos nossos genes o que agora já muitos consideram uma patologia social. Por isso todo o sistema que se baseia na expectativa de comportamentos socialmente positivos acaba por falhar, pois são ainda muitos (todos?) os que preferem os instintos à razão. A tentação é então a de obrigar as pessoas a terem comportamentos éticos e solidários, mesmo quando elas optam por não os ter. Num instante estamos nos gulags,na utilização de polícias políticas e de campos de concentração.

            A solução é tentar criar condições para que os comportamentos atávicos tenham menos oportunidades de se manifestarem, e para que, quando se manifestam, tenham efeitos muito localizados. Qualquer sistema que gere uma classe dominante – ou uma oligarquia – como foi o sistema soviético, promove as práticas atávicas de opressão em vez de as controlar ou minimizar. Mudam as raposas mas as galinhas continuam a lixar-se. Só um sistema de forte descentralização do poder e de multiplicação de centros de poder pode atenuar os efeitos das tentações atávicas. Atenuar, não eliminar, que é o máximo que podemos esperar alcançar enquanto não expurgarmos a carga genética negativa que desenvolvemos ao longo de milhões de anos. Qualquer ilusão de criação de um “homem novo” por um processo educativo não passa disso mesmo: uma ilusão. Que acaba, como já disse, na opressão.

          • De diz:

            Mas não percebeu que a correcção dos milhões de anos é mesmo uma correcção científica?
            E que nem a sua ida até aos Hominídeos disfarça o incómodo de uma linguagem pouco precisa, própria da verborreia mas não do rigor?

            O resto é desculpe a franqueza, um discurso generalista com meias verdades e outras meias e que como já referi obrigaria a outras discussões.
            E nem falemos nessa história da ” carga genética negativa que desenvolvemos ao longo de milhões de anos” e da sua”expurgação”.

  2. De diz:

    Um texto sério, este de Ricardo Paes Mamede, com a inteligência que advém também dessa honestidade.Que faz a diferença também com esses economistas de pacotilha que passo a passo nos levam para o abismo sem retorno. E que põe a nu a superficialidade insustentável das “verdades” feitas para ouvinte ouvir

    “Disse-se que com a adesão ao euro deixaria de haver problemas de financiamento e o que aconteceu foi exactamente o contrário, o Estado passou a depender do financiamento dos Mercados e o nosso país corre hoje o risco de ver o financiamento externo cortado e está dependente de um denominado “programa de assistência financeira” e de todo um pacote de medidas draconianas a ele associado. Como se tudo isto não fosse já um cenário de horror avisam-nos de que o ajustamento que está ser feito é para continuar por muitos anos.
    A presença do nosso país na zona euro conduziu-nos a uma situação quase insustentável – de estagnação, destruição do aparelho produtivo, desemprego, empobrecimento e crescente endividamento externo – que não é possível manter por muito mais tempo”
    José Alberto Lourenço.

    Achas importantes para a discussão.Há mais

  3. Nuno Cardoso da Silva diz:

    Volto à carga porque em matéria de economia há fantasias a mais e ciência a menos.

    O problema central de uma economia – qualquer que seja o sistema em que funciona – é o equilíbrio da balança externa. Com essa balança equilibrada todas as moedas servem, sem esse equilíbrio nenhuma moeda presta. A prioridade mais urgente, para Portugal, é portanto a de equilibrar essa balança, e para isso todos os sacrifícios (ressalvo evidentemente os “sacrifícios” idiotas que o actual governo inventou) valem a pena. Alcançado esse equilíbrio deixaria de haver problemas na permanência na zona euro. Mais ainda, se quisermos alcançar esse equilíbrio de uma forma sustentada, é na zona euro que devemos ficar, desde que se faça o investimento necessário. É claro que em situação de equilíbrio também não haveria grande problema em sair do euro, mas também não haveria grandes vantagens nisso. Agora sair do euro na posição de fragilidade em que estamos, seria um completo desastre. Acreditem se quiserem, mas se por acaso formos por essa via, rapidamente descobrirão a verdade do que vos afirmo.

    • De diz:

      “O problema central de uma economia é o equilíbrio da balança externa”?
      Ah

      “A prioridade mais urgente para Portugal é portanto a de equilibrar essa balança”
      Ah

      “se quisermos alcançar esse equilíbrio de uma forma sustentada é na zona euro que devemos ficar”
      Ah

      “se por acaso formos por essa via, rapidamente descobrirão a verdade do que vos afirmo.”
      Ah
      ( profecia de Ayatollah, Savonarola, ou de qualquer outro salvador da Pátria?)

      • Nuno Cardoso da Silva diz:

        Parto do princípio que os “Ah’s” são manifestações de admiração sem limites, o que me deixa um pouco embaraçado. Mas agradeço e enviarei um autógrafo para o endereço de e-mail da tua preferência, aconselhando a que o guardes porque, dentro de alguns anos, vai valer ainda mais…

        (P.S. – Podes comprar qualquer livro de introdução à economia para te ajudar a compreenderes melhor. A propósito, P.S. significa post scriptum, não é o que pensas…)

        • De diz:

          Você é que sabe mas aconselhava-o a ler um pouco mais e a estar mais atento ao que ouve nalguns locais.
          Talvez assim evitasse estas figurinhas
          🙂

      • Nuno Cardoso da Silva diz:

        A propósito de

        “O problema central de uma economia é o equilíbrio da balança externa”?
        Ah

        Há dias tive a oportunidade de estar numa sessão onde Octávio Teixeira (conheces, não?) defendeu exactamente isto. Pede-lhe que te explique.

  4. De diz:

    Mais um texto “interessante” que é oportuno ler:
    http://ladroesdebicicletas.blogspot.pt/2013/03/a-breve-calma-antes-da-tempestade.html

    A cegueira,ideológica ou não, a ignorância, a sobranceria, a insuficiência analítica, a menorização do efectivo poder alemão, a candura ou ingenuidade, a desonestidade pura e dura,os economistas representantes do dono, o assumido frete ao Capital e à troika, o troikador himself, a todos eles devemos, em partes desiguais é certo, uma quota parte da desinformação sobre o que de facto se passa.
    Cabe a todos nós pugnar pela honestidade e seriedade do debate.Para, como alguém diria “avisar a malta” e agirmos sobre esta terrível realidade que vivemos

  5. De diz:

    Aqui um outro artigo do Publico.es.
    Não acredito que tudo isto seja fruto de incompetência pura e dura.
    Mas se não fosse trágico seria cómico
    http://www.publico.es/internacional/452709/la-ue-hace-el-ridiculo-con-el-rescate-de-chipre

  6. De diz:

    ”Mais Europa” ou “Mais Alemanha”?
    Os recentes desenvolvimentos da situação em Chipre, mostram a que ponto o euro é uma moeda frágil e fragilizada. A Alemanha pela boca de D. Merkel vem agora dizer que não efectuará mais resgates de bancos. Resta saber como é que o euro se aguenta nestas condições, sabendo-se que a banca europeia está atulhada de milhões de milhões de activos “tóxicos”, imparidades, dividas incobráveis.
    Claro que os EUA também estão, mas: primeiro, o capitalismo não precisa de duas moedas de referência e para se salvar deixará cair uma; segundo, os EUA têm 6 ou 7 esquadras navais, 13 porta-aviões, cerca de um milhar de instalações militares espalhados pelo mundo, para manter o dólar. Pode perguntar-se quem paga esta parafernália militar. A resposta é simples – dada pelo FMI – os povos…”que se lixem as eleições”, “custe o que custar” – na versão do “gauleiter” de serviço, Passos Coelho.
    Chipre é a gota que faz transbordar o copo.
    Entretanto com esta gente, Portugal afunda-se aceleradamente, a par do resto da UE, com a troika a exigir o corte de 4 000 M€ – ou o que mais adiante virá.
    O que as palavras da chanceler alemã configuram é que uma zona euro restrita já está estudada nesta altura, ou outros ficarão sob o garrote da dívida mantidos como sub – europeus ao serviço da “Gross Deutschland” – a Grande Alemanha. Resta apenas saber qual o papel reservado para a França e para a Itália.
    Cá na terra a os propagandistas a soldo continuam a espalhar o pânico da saída do euro, como dantes com o medo do Inferno. É nisto que caiem os defensores de “Mais Europa”, superstição e terrores medievais.
    Falam em ”mais Europa” mas o que isso significa é “mais Alemanha”. E a Alemanha, na inútil tentativa de se salvar, está a liquidar o resto do continente que se atrelou aos seus interesses. Algo semelhante ao que se passou no tempo da II Guerra.
    Sair do euro é preciso…tal como “avisar a malta”!

    Daniel Vaz de Carvalho

  7. Carlos Carapeto diz:

    As opiniões de N C da Silva acerca do € fazem lembrar-me um dialogo entre personagens do romance Guerra e Paz de Tolstoi.

    Para abreviar não há necessidade citar os nomes dos intervenientes.

    Durante uma pausa nas lides do trabalho agrícola, o patrão perguntou para o encarregado como se encontrava a filha que tinha casado recentemente. Este respondeu-lhe que estava muito feliz com o marido que encontrou.

    O patrão diz-lhe; estás a ver agora as mulheres já têm liberdade para escolher os maridos e são livres para irem para onde entenderem, se fosse no tempo do meu pai não era assim, ele é que escolhia o marido e não podiam sair daqui para fora sem sua autorização.

    O encarregado responde-lhe, pois mas no tempo do seu pai tinham trabalho garantido e um abrigo para viver, agora são eles que têm que procurar.

    O Nuno Cardoso da Silva é igual, opta por as “benesses” da escravização ao € à soberania do seu país.

    É tudo uma questão de preferências e valores.

    • Nuno Cardoso da Silva diz:

      Nitidamente eu devo falar mandarim para compreenderem tão pouco do que escrevo. Não sou um fã do euro e até defendi – na altura em que se discutia a entrada de Portugal para o euro – que se fizesse um referendo sobre essa questão, pois não me parecia que essa entrada servisse o interesse de Portugal. Mas agora que lá estamos defendo que seria pior sair do que ficar, desde que se tente a sério equilibrar rapidamente as nossas contas externas. Dá para perceber a diferença?

      Quanto à questão da soberania, o regresso a uma moeda nacional só reforçaria essa soberania se essa moeda permitisse sustentar uma economia nacional a um nível adequado à obtenção de um nível de vida compatível com a dignidade de todos e cada um de nós. O que não seria o caso, nas presentes condições. Moeda nacional seria mais pobreza e mais dependência. Basta olhar para o Zimbabué para ver como uma moeda nacional pode ser um instrumento de destruição de uma economia. E depois, uma moeda própria não é condição necessária – e muito menos suficiente – para salvaguardar a soberania. O drama é muitos de vós confundirem o parecer com o ser. Ou então, como não sabem o que fazer, chutam com força na direcção para onde, por acaso, estiverem virados. Calhou estarem virados para o lado da saída do euro…

      • De diz:

        Confrangedor.
        Simplesmente confrangedor.
        Carlos Moedas dizia em Setembro do ano passado que “o país tem praticamente as contas externas equilibradas, sobretudo devido ao choque da procura por parte de empresas e famílias, a par do crescimento das exportações.”
        “Rapidamente e em força” Cardoso da Silva pode estar agora mais sossegado.

        Não há pior cego do que o que não queira ver
        E ainda por cima arrogante.Com a arrogância própria de quem pensa que as opções que se tomam são tomadas da mesma forma que Cardoso da Silva as toma?Chutando-as para a frente?

      • Carlos Carapeto diz:

        Caro Cardoso da Silva.

        Reconheço que tem um discurso bastante eloquente, mas desgraçadamente enreda-se nas suas próprias contradições.

        A sua confusão assenta no facto de não saber distinguir moeda própria com a capacidade de produção de riqueza no sentido de satisfazer a procura interna.
        Se o país não produz bens suficientes para o seu próprio consumo, isto é; está totalmente dependente das importações em particular no que concerne aos bens alimentares, como se pode falar em soberania?

        Sair da moeda única atabalhoadamente sem primeiro aumentar a produção nacional era um erro com consequências tanto ou mais desastrosas que àquele que nos colocou nesta situação.

        Primeiro que tudo temos de fazer o esforço gigantesco de recuperar parte do nosso setor produtivo que foi destruído por imposição do diretório Europeu com o consentimento subserviente e criminoso de quem nos governou nas ultimas décadas.

        Portanto a nossa primeira tarefa é exigir que se recupere a produção de bens que satisfaçam as nossas necessidades, particularmente agrícolas, de forma a deixar-mos de depender do exterior. O PCP bem tem insistido neste sentido.

        Não tem sido essa a politica seguida por todos os países que pretendem desenvolver-se?
        Os Egípcios, os Chineses e os Persas (povos de Elam) há 60 séculos sabiam que a produção de bens alimentares (agricultura) é a base de sustentação de uma sociedade. Os Portugueses com a mania das descobertas foi o primeiro setor que destruíram.

        E não foi isso que fizeram os Japoneses depois da II GG? Os Europeus ? Os EUA? A India e a China não o estão fazendo também?

        Face à complexidade da situação em que nos encontramos, deduz-se por aquilo que tem escrito demonstrar ser alguém com um elevado grau de incapacidade para compreender os movimentos da história.
        Porque ninguém de bom senso pode colocar a questão de uma forma tão redutora. Saímos do € e ponto final !
        Mas então vamos persistir no dilema se sair-mos do € ficamos pior?
        Assim de certeza que dentro de pouquíssimo tempo estamos ao mesmo nível da Roménia, Bulgária e demais países do Leste. A Grécia já conseguiram colocá-la. Ou então como mais um cobaia das experiências do sistema financeiro colocam-nos a par do Haiti que está muito pior que o Zimbabué.

        Bem; a não ser que façamos como os Americanos, meter as rotativas a fabricar notas e começamos a espalha-las por esse mundo fora. O problema é que não temos canhoeiras para lhe dar cobertura.

        A prioridade absoluta neste momento é começar por reativar o nosso aparelho produtivo.
        Deitar mão aos milhares de hectares de terras abandonadas, correr com as frotas pesqueiras que saqueiam as nossas costas, entregar as fabricas abandonadas por os patrões aos trabalhadores, construir uma rede eficaz de distribuição daquilo que o país produz de forma que tudo chegue a todo o lado para acabar de vez com a praga dos intermediários parasitas.

        • Tiranosaurus Rex diz:

          Caro Carlos,
          Começo a ver alguma convergência no que um e outro dizemos.

          “Sair da moeda única atabalhoadamente sem primeiro aumentar a produção nacional era um erro com consequências tanto ou mais desastrosas que àquele que nos colocou nesta situação.”

          É exactamente isso. Só que, uma vez aumentada a produção nacional e equilibradas as contas externas, ainda será necessário sair do euro? A soberania associada à cunhagem de moeda só é importante para evitar situações de dependência. Mas uma economia desenvolvida e equilibrada deixa de estar nessa situação de dependência, ou só o estará na medida em que economias abertas estão na dependência umas das outras. Mas nós não queremos isolarmo-nos, pois não? Logo, numa união monetária, o que precisamos é de garantir a competitividade externa e o equilíbrio das contas externas. Conseguido isso, deixamos de precisar da soberania monetária sem que isso conduza a uma depndência de terceiros.

          Se concordar com isto estamos essencialmente de acordo no geral.

        • Nuno Cardoso da Silva diz:

          Tiranosaurus Rex é o meu alter ego, que esqueci de apagar. É óbvio que sou eu que escrevi a resposta ao seu post.

          • Carlos Carapeto diz:

            Use os pseudónimos que entender , é sempre identificado por o alarido que faz.
            Quanto ao cerne da questão continua do outro lado da realidade, porque parece confundir a saída do € com a saída da UE.
            Para evitar males irremediáveis para o futuro, devia-mos começar a preparar já a saída do € antes que chegue o tempo que tenha-mos que fixar os olhos no chão à passagem de um qualquer pró-consul enviado por Bruxelas.
            O grande perigo reside aí mesmo. Desperte!

          • Nuno Cardoso da Silva diz:

            N#ao estou nada a confundir a saida do euro com a saida da UE. E, relembro, o meu amigo escreveu:

            “Sair da moeda única atabalhoadamente sem primeiro aumentar a produção nacional era um erro com consequências tanto ou mais desastrosas que àquele que nos colocou nesta situação.”

            Sair da MOEDA UNICA, e foi a isso que me referi…

  8. De diz:

    http://foicebook.blogspot.pt/2013/03/debate-questoes-em-torno-do-euro-e-da.html

    Como parece que há quem nem se digne abrir os links mas não se coíba de falar como se os tivesse lido,aqui vai a transcrição completa
    “Pouco mais de onze anos depois da entrada em circulação do euro podemos dizer que são cada vez mais aqueles que questionam a permanência do euro como moeda única e que entendem que o crescente endividamento dos Estados da Zona Euro, resulta da sua dependência dos mercados para se financiarem.
    À medida que a actual crise económica e financeira, que se arrasta desde 2007, se vai desenrolando e que os desequilíbrios dentro da zona euro se vão acentuando cada vez mais é questionado o projecto da moeda única e o seu futuro.
    A nível económico, existe justificação teórica para a criação de uma moeda única para um espaço formado por diversas economias quando esse espaço cumpre as condições de uma zona monetária óptima.
    Nessas condições a introdução de uma moeda comum aumenta a eficiência na alocação de recursos e permite às economias que compõem a União Monetária desenvolveram-se em melhores condições do que se mantivessem as respectivas moedas próprias.
    No caso da União Europeia pode dizer-se que nenhuma das condições necessárias à criação de uma zona monetária óptima existia quando foi criada a moeda única e sem surpresa, a evolução das economias desde 1999 veio acentuar ainda mais essa realidade.
    Hoje, os países da zona euro não só não se aproximaram, como antes pelo contrário formam um espaço económico cada vez mais desigual.
    Alguns outros economistas defenderam e continuam a defender que os custos de se criar o euro num espaço que não era à partida, uma zona monetária óptima, existem, sem dúvida, mas que os benefícios da criação da moeda única mais que compensam esses custos.
    A principal razão que era apontada para afirmar que os benefícios sobrelevam os custos tem a ver com a suposta protecção que uma moeda como o euro, de peso na esfera mundial, daria ao equilíbrio monetário e financeiro dos países que compõem a união monetária, resguardando-os dos impactes destabilizadores da globalização financeira.
    A profunda crise que vivemos actualmente demonstra que tal não tem sucedido.
    O euro foi incapaz de assegurar o equilíbrio cambial, monetário e financeiro e mesmo antes desta crise, os altos e baixos da sua cotação face a outras moedas eram disso um claro sinal. Depois da crise, casos como o da Grécia, de Portugal, da Irlanda, da Espanha, da Itália, da Bélgica, da França e agora do Chipre pelo menos, que estão a atravessar uma das fases mais difíceis de desequilíbrio financeiro da sua história recente, demonstram bem a incapacidade do euro e das suas instituições de protegerem o equilíbrio financeiro das diversas economias.
    Pode concluir-se aquilo que nós próprios na campanha contra a moeda única no 1º semestre de 1997 tínhamos dito, o projecto da moeda única não tinha qualquer racionalidade económica, era e é um projecto político.
    A criação do euro confirmou-se, tal como sempre denunciámos, como parte do projecto estratégico de domínio do grande capital e das principais potências europeias, um instrumento ao serviço da exploração dos trabalhadores e dos povos e do aprofundamento das condições de rendibilidade do capital.
    A principal motivação política que esteve na base do projecto da moeda única foi criar um factor suficientemente poderoso para impulsionar a integração política na Europa, sob o domínio dos interesses dos alemães.
    A moeda única tem até hoje estado longe de poder ser considerado um projecto bem sucedido.
    Nos seus pouco mais de doze anos de existência, o euro não resolveu nenhum problema económico europeu importante, agravou alguns e fez surgir outros.
    O crescimento económico na zona euro desacelerou fortemente na última década face à anterior, o desemprego atingiu níveis elevadíssimos em especial entre os jovens, agravaram-se os défices comerciais com o exterior da União por parte das maiores economias europeia (com excepção da Alemanha) e surgiu um problema gravíssimo de sustentabilidade financeira dos Estados do Sul da Europa, que dependentes dos Mercados para se financiarem não só veem os seus níveis de endividamento disparar, como as taxas de juro desses financiamentos atingir valores insustentáveis, com os ritmos de estagnação e recessão económica em que se afundam.
    A UEM assumiu-se desde o início como um dos principais instrumentos para uma maior liberalização dos movimentos de capitais e, consequentemente, um maior grau de mobilidade do capital multinacional em busca de melhores condições de exploração da mão-de-obra e domínio dos mercados dentro do espaço europeu.
    Perante a situação actual que vivemos na zona euro, com três países a serem objecto de programas de assistência financeira por parte da Troika (Grécia, Irlanda e Portugal) e com outros países sob a ameaça de também eles virem a ser objecto de programas idênticos – casos da Espanha, da Itália e Chipre – sem qualquer perspectiva de se ultrapassar a crise económica e financeira que a zona euro enfrenta, são muitas as perguntas que os europeus e em especial os portugueses fazem hoje.
    Com a criação da zona euro prometeram-nos, mais crescimento e mais emprego e o que se viu foi exactamente o contrário, a nossa economia estagnou nos últimos 11 anos, o investimento caiu para níveis inferiores a 1995, o emprego diminuiu em cerca de 563 mil postos de trabalho, o desemprego aproxima-se em termos reais do milhão e meio, os défices orçamentais sucedem-se e endividamento do Estado não para de crescer.
    Prometeram-nos estabilidade cambial e o que aconteceu foi que passámos a ter com o euro uma taxa de câmbio que sobrevalorizou 30 a 40% a nossa estrutura produtiva, o que conduziu à destruição do sector produtor de bens transaccionáveis, a que pertence a esmagadora maioria do aparelho produtivo nacional, ao mesmo tempo que o sector produtor de bens não transaccionáveis enriquecia.
    Disse-se que com a adesão ao euro deixaria de haver problemas de financiamento e o que aconteceu foi exactamente o contrário, o Estado passou a depender do financiamento dos Mercados e o nosso país corre hoje o risco de ver o financiamento externo cortado e está dependente de um denominado “programa de assistência financeira” e de todo um pacote de medidas draconianas a ele associado. Como se tudo isto não fosse já um cenário de horror avisam-nos de que o ajustamento que está ser feito é para continuar por muitos anos.
    A presença do nosso país na zona euro conduziu-nos a uma situação quase insustentável – de estagnação, destruição do aparelho produtivo, desemprego, empobrecimento e crescente endividamento externo – que não é possível manter por muito mais tempo.
    Portugal necessita de rapidamente começar a crescer, aumentar a sua competitividade, apostar no aumento da produção nacional, na substituição de importações, no aumento das exportações de grande valor acrescentado, o que só será possível de forma consequente com a desvalorização da nossa moeda. Ora dentro da zona euro isso não é possível, pois se há países como Portugal, Espanha, a Grécia, a Itália e até mesmo a França que têm acumulado défices das suas Balanças de Pagamento e para quem uma desvalorização do euro seria bem vinda, já outros países como a Alemanha, a Áustria, a Holanda e a Finlândia só têm a ganhar com a sua valorização.
    Daqui decorre um claro antagonismo entre a permanência no Euro e a necessidade de se criarem condições para que o país cresça e se desenvolva.
    A saída do Euro sendo uma condição necessária para a nossa sobrevivência como país independente e soberano, não é no entanto só por si uma condição suficiente par tal.
    A saída do euro terá de ser equacionada avaliando e controlando um conjunto de impactos e questões sem dúvida relevantes: por exemplo o nível de desvalorização da nova moeda, o efeito inflacionista daí resultante, a fuga de capitais, a necessidade de nacionalizar o sector bancário, o encarecimento das importações – muitas delas importantes para a nossa economia –, a reclamação junto da União Europeia de um Fundo Financeiro de Apoio que pudesse compensar a desvalorização da nova moeda, a criação de um regime de controlo de circulação de capitais que impeça a sua fuga, a consideração da integração da nova moeda no chamado mecanismo de taxas de câmbio onde permanecem hoje os 10 países integrantes da União Europeia que não fazem parte da zona euro, assegurando-se que a sua taxa de câmbio de referência se situe na banda de flutuação admissível de mais e menos 15% em relação ao euro.
    O impacto da saída do euro seria também minimizado se esta saída negociada fosse uma decisão que envolvesse outros países para além do nosso, falamos nomeadamente da Espanha, responsável por cerca de 1/3 das nossas relações comerciais e a França, responsável por pouco mais de 1/10 do nosso comércio externo.
    Como diz a última resolução do Congresso do PCP, o povo português tem o direito inalienável a decidir o seu destino, promovendo linhas de acção convergentes com outros países da EU vítimas também de processos de especulação e ingerência no sentido da luta pela dissolução da UEM e à adopção de medidas que preparem o país face a qualquer reconfiguração da zona Euro – nomeadamente as que resultem da saída de Portugal de euro, seja por decisão própria ou desenvolvimento da crise da EU – salvaguardando os interesses dos trabalhadores e do povo português, vítimas de décadas de políticas e decisões contrárias às suas justas aspirações e direitos.”
    José Alberto Lourenço

    • Nuno Cardoso da Silva diz:

      Passo a citar:

      “A saída do euro terá de ser equacionada avaliando e controlando um conjunto de impactos e questões sem dúvida relevantes: por exemplo o nível de desvalorização da nova moeda, o efeito inflacionista daí resultante, a fuga de capitais, a necessidade de nacionalizar o sector bancário, o encarecimento das importações – muitas delas importantes para a nossa economia –, a reclamação junto da União Europeia de um Fundo Financeiro de Apoio que pudesse compensar a desvalorização da nova moeda, a criação de um regime de controlo de circulação de capitais que impeça a sua fuga, a consideração da integração da nova moeda no chamado mecanismo de taxas de câmbio onde permanecem hoje os 10 países integrantes da União Europeia que não fazem parte da zona euro, assegurando-se que a sua taxa de câmbio de referência se situe na banda de flutuação admissível de mais e menos 15% em relação ao euro.”

      Pois é. Mas como é que se controla isso tudo? Esse controlo é de tal forma inviável que torna totalmernte absurda a saída da zona euro. Dizer que se quer sair do euro desde que se evitem as consequências negativas dessa saída, correspode a reconhecer que se não pode sair porque as consequências negativas resultam da própria saída. É a mesma coisa que dizer: “Quero beber um litro de aguardente desde que não fique perdido de bêbado”…

      E há quem perca tempo a bolsar tais disparates…

      • De diz:

        Por favor tenha um pouco de vergonha.
        Já se percebeu que de facto é um ignorante em questões económicas.
        Já se percebeu que nem sequer sabe o que é o “equilíbrio das contas externas”.
        Já se percebeu que lhe deve doer muito o ego ver a chusma de disparates que debita serem aqui são postos a nu.
        Mas agora partir para “uma crítica” dessa índole a um texto que é sério e que equaciona as coisas com um nível a que você nem sequer compreende?

        E nem tem o pudor de ao menos ter lido o texto que o Tiago chama a atenção logo no início, do Ricardo Paes Mamede?
        Está já lá o aqui exposto,em formato resumido para até você talvez perceber.

      • De diz:

        A propósito do “bolsar de tais disparates” e sobre a atitude do PC neste debate e comentando o texto de Paes Mamede, João Carlos Graça posta o seguinte comentário no Ladrões de Bicicletas:
        “Caro Ricardo
        Post muito pertinente.
        A tomada de posição do PCP é muito importante porque, embora este partido tenha obviamente a seu crédito a tomada de posição nos anos 90, contra a caminhada que culminou no Euro, a verdade é que tomadas de posição na década de 90 não podem ser consideradas respostas satisfatórias para os problemas dos dias que correm.
        Aliás, houve mais quem tivesse sido contrário à entrada (refiro-me evidentemente ao caso “classico” de João Ferreira do Amaral), mas entretanto tenha optado por ficar calado durante algum período subsequente, ou tenha adoptado uma conduta mais “low profile”, porque, uma vez consumada a entrada, há/havia depois também inevitáveis “custos de saída”.
        E isso era/foi perfeitamente compreensível (e não era, já então, culpa nem de JFA nem do PCP).
        Desde 2008, porém, e mais ainda desde o Memorando, que se tornou evidente que os custos de permanência são muito maiores ainda do que os custos de saída.
        Assim, face à questão: mais do que simplesmente prepararmo-nos para sair, devemos defender isso como “parte da solução”, sim ou não, o PCP responde já, e com clareza, que sim.
        Acrescenta que isso não chega, naturalmente, que isso é “condição necessária mas não suficiente”, e que há várias medidas prudenciais que ainda precisam de ser pensadas em maior detalhe. Tudo ressalvas das quais é difícil discordar, note-se.
        Mas enfim: o PCP já está.
        Falta pelo menos, e no curtíssimo prazo, o Bloco…
        Todavia, o tempo não pára e os acontecimentos precipitam-se. Onde é que isto tudo nos levará, estamos cá para ver.
        Em todo o caso, o PCP distingue-se para já, e pela positiva, por estar minimamente à altura dos acontecimentos.
        Quanto a TODOS os outros: claramente, NÃO estão.”

        Bolsar ou não bolsar eis a questão.

        • Nuno Cardoso da Silva diz:

          Peguemos outra vez no parágrafo que citei:

          “A saída do euro terá de ser equacionada avaliando e controlando um conjunto de impactos e questões sem dúvida relevantes: por exemplo o nível de desvalorização da nova moeda, o efeito inflacionista daí resultante, a fuga de capitais, a necessidade de nacionalizar o sector bancário, o encarecimento das importações – muitas delas importantes para a nossa economia –, a reclamação junto da União Europeia de um Fundo Financeiro de Apoio que pudesse compensar a desvalorização da nova moeda, a criação de um regime de controlo de circulação de capitais que impeça a sua fuga, a consideração da integração da nova moeda no chamado mecanismo de taxas de câmbio onde permanecem hoje os 10 países integrantes da União Europeia que não fazem parte da zona euro, assegurando-se que a sua taxa de câmbio de referência se situe na banda de flutuação admissível de mais e menos 15% em relação ao euro.”

          O que aqui está é o seguinte:

          É preciso sair do euro, mas para isso é preciso

          1. Garantir que a nova moeda não desvalorize muito
          2. Que a inflação não seja muito elevada
          3. Que não haja fuga de capitais
          4. Que o sector bancário seja nacionalizado
          5. Que as importações não encareçam muito
          6. Que a União Europeia crie um Fundo Financeiro de Apoio que pudesse compensar a desvalorização da nova moeda
          7. Que seja criado um regime de controlo de circulação de capitais que impeça a sua fuga
          8. Que a taxa de câmbio de referência se situe na banda de flutuação admissível de mais e menos 15% em relação ao euro…

          Mas, vocês são completamente loucos, ou fazem-se? Achas mesmo que isto tudo se pode cumprir? Com excepção de uma possível nacionalização da banca, o resto é pura fantasia. Logo, tem de se concluir que a saída do euro não é viavel. Não há maneira de evitar que a nova moeda se desvaloriza mais do que seria necessário, não é possível evitar que a inflação dispare, não é possível evitar a fuga de capitais, não é possível evitar que o preço das importações dispare ao mesmo ritmo da inflação e da desvalorização cambial, nem se pode obrigar a UE a criar qualquer Fundo Financeiro de Apoio.

          E, apesar disto, insiste na saída do euro?…

          • De diz:

            Já não dá mesmo.
            O recomeçar sempre uma discussão depois de a ter arrumado com termos como “bolsar de tais disparates” invalida a seriedade de quem argumenta.
            O voltar atrás à procura de espaço perdido é tempo também ele perdido porque as palavras estão ditas e são públicas.
            Expressões como “chutam com força na direcção para onde, por acaso, estiverem virados” como argumentos da discussão definem um interlocutor. Que depois este se tente retratar perante as alarvidades que diz e os testemunhos independentes trazidos ao debate, é um seu direito.Mas não pode é tentar recomeçar um diálogo desta forma impune.E com a ignorância dos dados que mostrou.

            Chamo a atenção para a nota lúcida e realista do João (Março 31, 2013 ás 3:24 pm).
            Perfeitamente de acordo.Só memso não vê quem não quer ver

          • De diz:

            Chamo também a atenção para o texto do Ricardo Paes Mamede aqui trazido em boa hora pelo Tiago (bastava lê-lo).Eu reproduzo aqui uma parte:
            “Correndo riscos de simplificação, a posição transmitida pelos dirigentes do PCP nesta conferência (e vale a pena ouvir todas as intervenções) pode ser resumida em dois pontos:

            i) a permanência de Portugal na zona euro é económica, política e socialmente insustentável, pelo que a saída de Portugal do euro – seja por iniciativa própria, seja por pressão dos restantes Estados Membros, ou num cenário de implosão da moeda única – é apenas uma questão de tempo;

            ii) Portugal só deve sair do euro por iniciativa própria se e quando estiverem reunidas as condições para que tal processo seja liderado por um governo que garanta a minimização dos custos para as populações, num processo que será necessariamente difícil. ”

            Também volto a colocar aqui um excerto de João Carlos Graça, já aqui citado:
            “Assim, face à questão: mais do que simplesmente prepararmo-nos para sair, devemos defender isso como “parte da solução”, sim ou não, o PCP responde já, e com clareza, que sim.
            Acrescenta que isso não chega, naturalmente, que isso é “condição necessária mas não suficiente”, e que há várias medidas prudenciais que ainda precisam de ser pensadas em maior detalhe. Tudo ressalvas das quais é difícil discordar, note-se.”

            Há mais.

        • De diz:

          Uma intervenção a ouvir ( para quem queira) de Octávio Teixeira sobre o tema do Euro
          .
          Duas notas breves:
          -Aquando da critica à adesão ao euro parece que o PC esteve quase que sozinho.
          Não vale a pena colocar aqui alguns comentários semi-histéricos sobre tal posição do PC.
          -Aqui também se escuta o que o próprio Octávio Teixeira diz sobre a “redução dos défices” 🙂

          http://www.pcp.pt/%C2%ABresta-nos-sa%C3%ADda-unilateral-tanto-quanto-poss%C3%ADvel-negociada%C2%BB
          Um excerto:
          O país tem de proceder a uma forte desvalorização para sair da crise, com os estudos a apontarem para uma desvalorização ao nível dos 30% e só há duas opções, ou desvalorização interna ou desvalorização cambial.

          A via da desvalorização interna é a via que está a ser seguida em Portugal, como noutros países da UE e significa por o peso da desvalorização nos trabalhadores através da deflação salarial, através do aumento insustentável do “exército de reserva” do desemprego e da abdicação de direitos laborais e só tem o resultado do empobrecimento generalizado do país e dos portugueses.

          A única solução viável é a desvalorização cambial, o que significa uma opção claramente assumida pela saída do euro apesar dos seus custos, mas os custos resultantes da saída do euro serão menores que os custos que os trabalhadores, povo português estão e vão suportar com a via que está em curso de desvalorização interna.

          • Tiranosaurus Rex diz:

            Eu conheço o Octávio Teixeira desde os meus trinta anos, tendo partilhado um gabinete na empresa em que ambos estávamos, ainda antes do 25 de Abril. Sei bem o que pensa, e sei bem o que ele disse na sessão em questão, na qual estive presente e participei. Mas não concordo com ele na questão da saída do euro. Ele parece esquecer que a “desvalorização cambial” conduz à redução dos salários reais dos trabalhadores, porque a inflação e o aumento do preço dos bens importados não se repercutem num aumento de salários. E se se repercutissem deixava-nos, depois da desvalorização cambial, exactamente na mesma situação de não competitividade. Por isso afirmo que a saída do euro é o caminho mais rápido para a descida dos salários reais, e essa não é certamente a via para a recuperação económica. Quanta economia é preciso estudar para perceber isto?…

          • Nuno Cardoso da Silva diz:

            Tiranosaurus Rex é o meu alter ego, que esqueci de apagar. É óbvio que sou eu que escrevi isto.

          • De diz:

            Acho bem que tenha participado na referida sessão e acho bem que tenha escutado aqui pelo menos o primeiro minuto da intervenção do Octávio Teixeira em que ele “apenas” numa simples frase coloca em causa a mistificação das dívidas soberanas e dos défices externos e as “prioridades” em causa
            🙂
            Acho mal essa sua ultima frase (não falemos agora naquelas frases completamente infelizes e arrogantes escritas por aí) quando questiona a “quantidade ” de economia que é preciso estudar para perceber as suas teses.
            Com o devido respeito mas os economistas citados têm créditos firmados, técnica e independentes da msitela neoliberal.
            Não quero dizer mais nada

            E como o debate se enriquece ouvindo quem sabe ( e por acaso um economista que não é do PCP ) :

            “Com a saída do euro ganharíamos instrumentos que precisamos, taxa de câmbio que é hoje um instrumento essencial para incentivar os sectores produtores de bens transaccionáveis e a emissão monetária própria porque se o estado dispuser deste instrumento nunca terá uma bancarrota interna e será é essencial para gerir a saída do euro de forma a defender as famílias que estejam endividadas.”

          • Nuno Cardoso da Silva diz:

            Alterações à taxa de câmbio disfarçam momentaneamente a falta de competitividade de uma economia – e apenas pelo factor desvalorização dos salários reais – mas não resolvem de forma sustentada essa falta de competitividade. Isso só se resolve por via do investimento em tecnologia e equipamentos de ponta. Mas a desvalorização cambial, ao tornar as importações de bens de capital mais caras e os juros do crédito mais elevados, dificulta ainda mais o investimento, pelo que torna quase impossível alcançar a competitividade que se exige. Confesso que me espanta que esta evidência não seja reconhecida nem por João Ferreira do Amaral nem por Octávio Teixeira.

  9. De diz:

    Ainda alguns não tiveram o discernimento para avaliar o que se passa na zona euro ou na própria união europeia.
    Eis um texto lúcido, honesto e esclarecedor de Viriato Soromenho Marques:
    “Quando as tropas norte-americanas libertaram os campos de extermínio nas áreas conquistadas às tropas nazis, o general Eisenhower ordenou que as populações civis alemãs das povoações vizinhas fossem obrigadas a visitá-los. Tudo ficou documentado. Vemos civis a vomitarem. Caras chocadas e aturdidas, perante os cadáveres esqueléticos dos judeus que estavam na fila para uma incineração interrompida. A capacidade dos seres humanos se enganarem a si próprios, no plano moral, é quase tão infinita como a capacidade dos ignorantes viverem alegremente nas suas cavernas povoadas de ilusões e preconceitos. O povo alemão assistiu ao desaparecimento dos seus 600 mil judeus sem dar por isso. Viu desaparecerem os médicos, os advogados, os professores, os músicos, os cineastas, os banqueiros, os comerciantes, os cientistas, viu a hemorragia da autêntica aristocracia intelectual da Alemanha. Mas em 1945, perante as cinzas e os esqueletos dos antigos vizinhos, ficaram chocados e surpreendidos.

    Em 2013, 500 milhões de europeus foram testemunhas, ao vivo e a cores, de um ataque relâmpago ao Chipre. Todos vimos um povo sob uma chantagem, violando os mais básicos princípios da segurança jurídica e do estado de direito. Vimos como o governo Merkel obrigou os cipriotas a escolher, usando a pistola do BCE, entre o fuzilamento ou a morte lenta. Nos governos europeus ninguém teve um só gesto de reprovação. A Europa é hoje governada por Quislings e Pétains. A ideia da União Europeia morreu em Chipre. As ruínas da Europa como a conhecemos estão à nossa frente. É apenas uma questão de tempo. Este é o assunto político que temos de discutir em Portugal, se não quisermos um dia corar perante o cadáver do nosso próprio futuro como nação digna e independente.”

  10. João. diz:

    Há aqui pessoal que pensa que a permanência no euro depende de Portugal. Se Portugal chegar à mais abjecta miséria para se tentar manter no euro a todo o custo o que vai acontecer nessa altura é que expulsam Portugal do euro, seja directamente, seja pelo puro e simples corte de financiamento.

    • Nuno Cardoso da Silva diz:

      A língua é uma forma de comunicação, mas quando alguns se recusam a querer perceber o que outros dizem ou escrevem, então não há comunicação.

      Não defendo – nem nunca me passaria pela cabeça defender – que Portugal se mantivesse no euro a todo o custo. Digo e defendo que é menos complicado sair da crise ficando na zona euro do que saindo dela. Mas para que ficar no euro faça sentido tem de se fazer um esforço muito significativo de investimento que nos coloque mais próximos dos nossos concorrentes em termos de tecnologia e equipamentos produtivos. Só assim nos tornaremos capazes de sustentar o nosso consumo com o valor da nossa produção, numa dinâmica de crescimento. Optar pela saída do euro é condenar-nos a nunca sermos capazes de fazer os investimentos necessários, é condenar-nos a tentarmos – em vão – ser competitivos na mera base da degradação dos salários.

      Se há quem não perceba isto, só posso aconselhar um estudo muito sério da ciência económica. Sem fantasias ideológicas.

      • De diz:

        Ora ainda bem que começa a perceber e se deixa de comentários típicos de um anticomunista primário.
        Embora pareça que lhe continua a escapar a “coisa”, mais os seus projectos de “esforço muito significativo de investimento em termos de tecnologia e equipamentos produtivos”
        Siga então o seu conselho dum estudo muito sério da ciência económica ( espero que já tenha compreendido os dislates que disse sobre economia e sobre as prioridades nacionais. Pode voltar a ouvir o Octávio Teixeira a ver se é desta).
        Sem fantasias ideológicas, seja lá o que isso for
        🙂

Os comentários estão fechados.