Se CDU não MOBilizou muita gente, o BE desMOBilizou muito mais…

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Quando toda a gente grita é costume ninguém ter razão, mas no caso, paradoxalmente, os dois lados da polémica têm boas razões para elevar o tom de voz. O Carlos Guedes está coberto de razão nas duas críticas que faz ao PCP, seja porque não teria sido difícil aos autarcas do partido da Margem Sul juntarem-se aos protestos, mesmo não precisando, para isso, de cancelar o evento, seja pelo disparate das declarações do Jerónimo de Sousa. Valha a verdade que, ao menos, o fizeram em seu nome, sem usurparem com o seu cilindro nenhuma frente de massas. À esquerda, é comum, e não é monopólio de ninguém, achar-se que só a sua tribo é que enfrenta verdadeiramente o regime, nas suas diferentes faces, e que todos os outros são pequeno-burgueses, centristas, ou apresentam uma palete colorida com os mais obscuros desvios. O Bloco de Esquerda, que como o PCP e outras correntes de esquerda tem militantes na coordenadora de activistas do “Que Se Lixe a Troika”, usou indevidamente o logotipo da manifestação do passado dia 2 de Março para mobilizar as pessoas para um espaço que é gerido pelos Precários Inflexíveis, sem que tivesse, para isso, aprovado a iniciativa no respectivo plenário. Os PI, o BE, a CGTP ou o PCP, são livres de fazerem as asneiras que entenderem – a verdade é que cada vez menos gente liga muito a isso – mas seria simpático que quando desMOBilizam, de livre vontade, o fossem capaz de fazer sem implicar o livre arbítrio de todos os outros. No conjunto dos casos, estou certo, ninguém tem grandes razões para rir de ninguém, mas o abuso dos segundos, por implicar o nome de terceiros, é pelo menos tão grave como o erro dos primeiros. Está bom de ver que quem quer lixar a troika e demitir o governo tem que começar por lixar e demitir quem não ajuda ou limita a sua boa vontade à vontade de alguns militantes e às resoluções pífias vindas das quatro paredes de um qualquer Comité Central.

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25 respostas a Se CDU não MOBilizou muita gente, o BE desMOBilizou muito mais…

  1. Augusto diz:

    Como sempre o Teixeira vem em socorro do PCP

  2. Tiago Mota Saraiva diz:

    Tu explica-me lá devagarinho. Então achas que o “que se lixe a troika” devia deliberar sobre uma festa num espaço do Bairro Alto e achas que o CC do PCP devia obrigar todos os seus militantes a estar na manifestação de Sábado. Um bocado controleiro, camarada…

    • Acho abusivo que se use indevidamente um chamado com interesses e causas comuns para uma festa com interesses e causas semi-privadas. Sobre a manifestação devia estar quem quis, como quis, conforme podes ler na posta. 😉

  3. Rui F diz:

    A CDU vale hoje muito menos do que há 20 anos.
    O bloco foi mais um bluff da esquerda revolucionária de onde apareceram mais bluffs.

    • Nuno Cardoso da Silva diz:

      Para alguns a única esquerda boa é a que não existe… Eu não sou fã nem do PCP nem do BE, mas enquanto não houver nada melhor é com eles que conto (ou gostaria de poder contar…) quando se trata de ir a votos.

      • Tima diz:

        Eu sou fã de os 2 partidos se entenderem numa plataforma eleitoral. Ou seja sou ainda mais irrealista. E o PS agradece esta loudaçal em que a esquerda se transforma. O único país intervencionado onde a Esquerda não descola! Enfim… Enquanto a esquerda der ao país espectáculos de divisão como este blogue demonstra…

        • Nuno Cardoso da Silva diz:

          O problema é o sectarismo primário que ainda reina entre nós. Os partidos políticos não querem que os problemas se resolvam, querem ser eles e apenas eles a serem capazes de os resolver. Por isso preferem sabotar as iniciativas alheias a correrem o risco delas serem bem sucedidas.

    • Tiago Mota Saraiva diz:

      Engana-se. A CDU em 1991 obteve 8,8% e em 1995 8,57%. Parece que agora vai em 12,1% (http://expresso.sapo.pt/cavaco-desce-na-popularidade=f792153)

  4. João. diz:

    O BE, também, parece ter horror à disciplina, parece pensar que a disciplina é inimiga da liberdade – ora, eu não sei como é que se luta de forma consistente sem disciplina. A indisciplina é a amiga do capitalismo. Não porque os capitalistas sejam indisciplinados, não o são, antes pelo contrário, mas porque encontram no poder político uma indisciplina quase completa no que respeita à luta pela democracia – os partidos devoram-se a si mesmos pela prevalência da atomização, do conflito público de opiniões no interior do partido, pelas lutas públicas pelo poder entre personalidades cujo interesse é salvaguardar a superimposição do seu nome em relação ao partido, enfim, é fazer um currículo pessoal, ganhar nome na praça.

    Neste momento há poucas coisas mais subversivas em política do que partidos disciplinados, e, curiosamente, ou talvez não, uma das coisas que os bloquistas mais contestam ao PCP é a sua disciplina. Se algum dia houver um movimento do interior do povo com potencial suficiente para transformar a situação ou esse movimento actua de fora disciplinada, bem organizada, ou acaba por ser engolido novamente pela situação. A situação não se entrega à primeira comoção, nem à segunda, nem a terceira, nem nunca se não for removida por uma acção de massas disciplinada; e quem acha que a disciplina é inimiga da liberdade política pode esquecer o confronto com as forças da situação que são poderosas e sabem ser muito disciplinadas se se sentirem ameaçadas.

    • JgMenos diz:

      Considere o seguinte:
      Quando as ideias e os interesses são claros a disciplina na acção é uma resultante.
      Quando as ideias são estranhas, tratam de interesses ‘em construção’ só a disciplina lhes assegura uma acção coerente; certo é que a disciplina em tais circunstâncias aparece as mais das vezes como um atentado à liberdade – a esquerda sofre…

  5. Tima diz:

    E aqui está o fruto de toda uma luta intencionalmente dirigida. O ódio de uma vida do Renato. O Bloco de Esquerda mais uma e outra vez no foco primordial e primário do verdadeiro mal que assola Portugal. Qual desGoverno qual troika. Qual Gapaspar qual Relvas. O mal desta merda da crise é do BE.
    Nesse tal plenário como é que são votados os cartazes e faixas enormes com o logótipo (é uma palavrinha esdrúxula menino Renatinho) do MAS em tamanho extra garrafal? São aprovados ou são vocês que se auto MOBilizam para os fazerem?

  6. What seem to be the problem?
    É só refazer as contas: no dia 2, em vez de 1.500.000, estiveram só 1.499.599 – faltaram os 400 de Almada e eu, que não pude ir. Mas queria. E então? Isso muda o quê?

    • Augusto diz:

      É verdade que a esquerda tem dificuldade em se entender, desde a Revolução Francesa que é assim, o que não impede que na luta do dia a dia , haja muito pontos de convergência.

      Só que a própria organização dos partidos de esquerda, a sua base social, as suas alianças internacionais, são factores impeditivos de uma maior aproximação.

      Quando se fala em disciplina, parece que se está a falar como se estivessemos na tropa, pode ser eficaz em termos de resposta organizada, mas deixa muito a desejar quando se quer construir algo, em que cada um seja um seja um cidadão livre, consciente , e CRITICO, é muito mais dificil, mas prefiro uma organização em que cada um pense pela sua cabeça, do que um exército organizado e obediente de ZOMBIES.

      Sobre o 2 de Março e as mobilizações, o que me preocupou, e deveria preocupar qualquer militante que se diz de esquerda, é saber porque é que em Évora e Beja, as concentrações e manifestações foram tão fracas, bem menores do que por exemplo em Vila Real.

      Se houve um real empenhamento da esquerda, porque é que em zonas de voto esmagador de esquerda, o povo ignorou o protesto .

      E mal vai a esquerda quando se encanta com sondagens, se soubessem como são feitas…..

  7. Formiga diz:

    Se a CDU não mobilizou muita gente e o Bloco desmobilizou mais, não fora o Renato Teixeira e a Rubra, tinham estado meia-dúzia de gatos na manif do dia 2…
    Se achas que a CDU e o Bloco andam a trair a malta, porque é que te sentas com eles, lado a lado no “Plenário” do QSLT? E já agora, quando é que vai ser o próximo plenário do QSLT prás “massas” poderem participar?

  8. samuelquedas diz:

    Este anticomunismo primário e visivelmente feroz do amigo Renato é mesmo a sério… ou é um “número” com o qual espera ganhar qualquer coisa?
    Não leve a mal… é que raramente o vejo (se é que alguma vez vi) escrever com tanto ódio sobre seja o que for, por comparação com o ódio visceral que exibe pelos comunistas.

    • Mau, o Augusto diz que vim a terreiro para defender o PCP, o Samuel Quedas diz que a defesa é ódio. A única conclusão que se pode tirar é que um e outro nao foram além do título.

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