O salário, do ponto de vista do capital, deveria garantir apenas a manutenção e a reprodução da força de trabalho. Mas hoje nem sequer esses mínimos cumpre, levando ao esgotamento dos trabalhadores, que são empurrados para situações de endividamento e dependência de esquemas assistencialistas.
No Reino Unido, um grupo militante encetou uma campanha simples que poderia e deveria ser imitada noutras paragens. Portugal, por que não?
Modificando slogans de propaganda da cadeia de supermercados Tesco, ShareAction, um grupo que combate os baixos salários no Reino Unido alterou etiquetas de preços da Tesco e colocou-as nas lojas. «Apenas 8,80 libras por hora. Uau! 1,39 mil milhões de libras de lucro!», diz o exemplo na foto.
Com 310 mil trabalhadores, a cadeia de supermercados Tesco é o maior empregador do sector privado do Reino Unido. Mas nem todos os trabalhadores são pagos acima do salário mínimo, actualmente fixado em £ 6,31 por hora.
O salário mínimo vital corresponde a um cálculo do mínimo necessário para pagar habitação, alimentação e outras necessidades básicas. Em Londres, está calculado em £ 8,80 por hora e no resto do país em £ 7,65.
O grupo ShareAction também pede às pessoas que protestem tirando uma foto à entrada de uma loja Tesco, segurando um pequeno cartaz que exorta a empresa a «valorizar os seus trabalhadores». Depois de tirarem a foto, os clientes são incentivados a publicá-la nas redes sociais, como o Facebook e o Twitter.
Um inquérito independente constatou que os trabalhadores mal pagos ficam cada vez mais endividados, são forçados a recorrer a bancos alimentares e a prestações sociais para sobreviver.
Cerca de 5,24 milhões de trabalhadores na Grã-Bretanha – mais de um quinto da força de trabalho – recebem abaixo de um salário digno.