Dia Insubmisso

Hoje é dia de abundância. As festas de junho, como em todo o lado, são as festas do solstício, pagãs. E aqui, as festas das primeiras colheitas, depois do jejum (ritualização da escassez durante a primavera). São por isso festas de explosão sexual (abundância alimentar), que, com o tempo, foram ritualizadas pela Igreja como festas de Santos. Do seu início – acasalamento e reprodução da espécie – ao hoje, com a benção da Igreja e do Estado nos famosos casamentos de Santo António. Todas as sociedades têm rituais em que as pessoas se juntam, se cheiram, se conhecem, se olham, e se gostam ou não. Às vezes isso acaba na tradição do baile (que junta os corpos, e olhares e sorrisos) outras num santo padroeiro. Toda a tradição começou porém em algum momento fundador. Nostalgia: nenhum chat no facebook jamais substituirá o baile, mesmo quando inventarem uma aplicação em que com o sorriso vem o cheiro do homem ou mulher amados Esta imensa festa pagã vale também porque as pessoas invadem as ruas, enchem-nas, fora do controlo do Estado, que não consegue colocar um fiscal de impostos em cada esquina onde se assam sardinhas. Contínua por isso a ser a festa mais insubmissa do país. Viva o Solstício! Ou o Santo António!
A pintura é de Camilo Tavares.

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3 respostas a Dia Insubmisso

  1. silva diz:

    Sempre é melhor do que a farsa do maior casino da Europa o Casino Estoril fazer um despedimento coletivo por ganância e favorecer amigos com ajuda dos traficantes de influência que toda a gente vê nas galas, eles tentam comprar tudo e todos para abafar este caso ilegal, mas isto ainda vai dar em tragédia.

  2. Creio que o problema do emprego/desemprego tem de ser visto sob uma óptica bem diferente do discurso oficial que se baseia apenas em números absolutos mais ou menos manipulados. Não interessa apenas constatar se o número bruto cresceu ou não, independentemente das fórmulas usadas para tal. O que é realmente decisivo e esclarecedor sobre o desenvolvimento económico é saber se os novos empregos criados são ou não mais bem pagos, se são ou não mais duradouros e se envolvem mais direitos ou não. Interessa determinar quanto tempo os novos empregados ficam no seu posto de trabalho, qual a sua remuneração, que direitos lhe são conferidos e tb quanto tempo os desempregados permanecem desempregados. Só quando todos estes elementos apresentarem índices mais favoráveis se pode afirmar com rigor que a economia está de facto a melhorar.
    Quanto ao emprego para todos, convém lembrar que estudos recentes determinaram que, no caso da indústria de construção automóvel, a primeira meia-hora de trabalho de um funcionário especializado é suficiente para cobrir o seu ordenado. O resto vai para onde a gente sabe.
    A coisa está portanto longe de ser uma impossibilidade real. Só é impossível dentro deste sistema, evidentemente, pois os açambarcadores do lucro total nunca estarão satisfeitos e vão sempre exigir ainda mais….se os deixarmos….
    Não esbanjámos….. Não pagamos…..!!!
    ZM

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