A República Popular de Donetsk anunciou a nacionalização dos bens da Oligarquia no seu território. Esta decisão é uma resposta directa às manobras de Rinat Akhmetov, um dos homens mais ricos da Ucrânia, que depois de alguma ambiguidade decidiu condenar a República e forçar os trabalhadores das suas minas e fábricas a protestarem contra os insurgentes. Esta tomada de posição da República Popular marca uma alteração qualitativa no conflito. A propriedade de outros oligarcas já tinha sido atacada e as suas empresas banidas na República. Já tinham acontecido também greves e ocupações de fábricas propriedade de Akhmetov, mas só agora foi tomada a decisão política de nacionalizar os bens desse Oligarca que detem/detinha a maior parte das empresas na região. A partir deste momento a República Popular está em confronto aberto com a Oligarquia e o grande capital na Ucrânia. O conflito transforma-se assim numa Revolução Social. De resto, só assim poderá a República solidificar o apoio popular conquistado e ganhar as bases necessárias para derrotar a Junta de Kiev.
Antes de analisar em maior profundidade este monumental desenvolvimento, deixo aqui uma série de textos que proporcionam uma boa base para a discussão.
Two reports on the working class revolt in eastern Ukraine The workers seized control of the metallurgical plant. Shouting the slogan “We shall not forgive them for Odessa!”, they demanded that the director of the plant, which is part of the Metinvest group of companies owned by Rinat Akhmetov and Vadim Novinsky, come out and meet with them. The workers then entered the plant management building and began clearing it of office staff. The enterprise director said he did not forbid the workers from taking part in demonstrations, but the workers declared a strike, demanding a written undertaking that they would not be dismissed from the plant for participating in the Donbass popular militia. Over the management building, they raised the flag of the Donetsk Peoples Republic.
The political rebellion in eastern Ukraine Akhmetov’s workers were sacked for taking part in pro-federalization demonstrations which led to strikes and now there are a few mines and factories of Akhmetov taken over by workers and opolcheniye (people’s militia). This is why now Akhmetov is trying to form his own paramilitary formations to prevent further takeovers by Donetsk Republic and workers.
Aleksandr Buzgalin discusses eastern Ukraine: ‘This is a revolution in some aspects’ But now some of owners of huge industrial enterprises in the East/South of Ukraine started to support a referendum, because they’re simply afraid that workers will, I don’t know, nationalize or socialize their enterprises. They say that we will ask [places] from the West or black–I am sorry; black–right sector, right-wing nationalist forces for support of–for defense of their enterprises, of their property. So this is not simple choice even for big business.
The Role of the Oligarchs: Putin Blinks in Ukraine Standoff With the US “The dissatisfaction with the oligarchs in the Donbass and Luhansk is great… Social anger is growing, and this will lead to a conflict between the population and the owners of factories and mines,” points out Boris Shmelyov of the Moscow Institute of Economics. Aleksandr Shatilov at Moscow’s Finance University likewise predicts the likelihood of “a war not only against Kyiv but also against the Ukrainian oligarchs”
Putin’s Hard Choices: Ukraine in Turmoil It is rather likely Putin’s advisors misjudged public sentiment. « The majority of Novorossia’s population does not like the new Kiev regime, but being politically passive and conservative, will submit to its rule”, they estimated. “The rebels are a small bunch of firebrands without mass support, and they can’t be relied upon”, was their view. Accordingly, Putin advised the rebels to postpone the referendum indefinitely, a polite way of saying “drop it”. They disregarded his request with considerable sang froid and convincingly voted en masse for secession from a collapsing Ukraine. The turnout was much higher than expected, the support for the move near total. As I was told by a Kremlin insider, this development was not foreseen by Putin’s advisers.
Ukraine: Rebels reject Kiev rule The cynical intrigues of the imperialists have brought about a crisis that threatens the destruction of the Ukrainian nation. The nationalist fanatics in Kiev have contributed powerfully in the drive to push Ukraine over the abyss. Civil war still remains a possibility. The only alternative to this nightmare scenario is the united action of the working class to fight the forces of fascism and reaction, overthrow the oligarchy (both the Russian and Ukrainian variety) and establish a regime of democratic workers’ power.
Billionaire Akhmetov’s empire on the line in Ukraine Separatist newspaper Voice of the People has not been kind to Akhmetov, whose holdings range from energy to Ukraine’s national phone operator Ukrtelekom, denouncing “oligarch vampires” in the region and calling for an end to “Nazi-oligarch gangland” in Ukraine.
Ukraine: Western double standards hit a new low
What Ukraine’s economy looks like without its Russian-speaking regions
Ainda a semana passada o candidato do Partido Comunista da Ucrânia retirou a sua candidatura ès eleições presidenciais (aqui). Relembro que o Partido Comunista Ucrâniano obteve cerca de 13% nas últimas eleições em 2012, sendo que nas zonas sul e leste as suas votações vão dos 15 aos 30% (aqui). Entretanto a Junta de Oligarcas e Nazis decidiu banir o Partido Comunista, a decisão não é final, mas o processo está em andamento e foi desencadeado pelo pseudo-Presidente em Kiev (aqui, aqui e aqui).
Após o referendo de 11 de Maio (aqui), a Junta de Kiev tem tentado re-lançar a sua “operação anti-terrorista” e submeter pelo terror a população da República Popular (aqui, aqui e aqui). No entanto, os insurgentes têm conseguido frustrar todas essas tentativas e inclusivé lançar alguns contra-ataques (aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui). A verdade é que as forças leais à Junta ainda não conseguiram reconquistar nenhuma cidade onde há poder popular. Mesmo nas regiões de Kharkov (aqui, aqui, aqui, aqui e aqui ) e Odessa (aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui) tem existido alguma resistência, embora essas regiões de momento estejam grandemente sob o jugo de milícias fascistas enviadas de Kiev e da zona Ocidental do país (aqui, aqui e aqui).
A Oligarquia ao ataque
O exército regular Ucraniano, está em muito más condições e a moral está em baixo, existem inúmeros relatos de deserções e outros protestos no seu seio (aqui, aqui, aqui, aqui e aqui). Também por isso, a luta contra a República Popular tem sido levada a cabo de forma crescente por organizações para-militares de extrema-direita e mercenários ao serviço de vários Oligarcas (aqui, aqui, aqui, aqui e aqui). Com os seus interesses ameaçados e perante um estado em colapso, os Oligarcas Ucranianos intervêm na crise de forma cada vez mais directa, não só financiando, como dirigindo directamente a repressão contra a Revolta Popular do sudeste (aqui, aqui e aqui).
Alguns Oligarcas como Igor Kolomoisky têm apoiado directamente milícias Nazis, outros como Akhmetov têm tentado agir de forma mais subtil e ambígua. Akhmetov tem a maior parte da sua propriedade na região do Donbass e muita influência na região – por exemplo, é o dono do Shaktar Donetsk e calcula-se que 300.000 pessoas trabalhem nas suas empresas. Desde o golpe de estado de Fevereiro Akhmetov tem defendido maior descentralização do poder e tem tentado servir de intermediário entre a Junta e os rebeldes do leste. Mas a verdade é que, apesar de chegar a ter sido acusado de financiar os “separatistas”, Akhmetov sempre defendeu uma “Ucrânia Unida” e sempre teve contra as acções e propostas mais radicais dos Rebeldes. Ou seja, o Oligarca foi tentando manobrar entre os pingos da chuva de forma a manter e possivelmente alargar (daí a ideia da “descentralização”) a sua rede de poder. Acontece que a radicalização da situação tem sido de tal ordem que esssa postura se tornou insustentável.
Primeiro a República exigiu (e bem) que o Oligarca passa-se a pagar impostos à República (aqui), mais recentemente houve greves e ocupações em algumas das suas empresas e a retórica do lado popular tem vindo a crescer de tom. Face a isto, na semana passada o Oligarca tentou uma manobra de charme ao estilo “3ª via” em Mariupol. Essa manobra foi relatada de forma completamente absurda pelo New York Times (aqui). Aliás, é impressionante como a Rádio Liberdade (orgão da CIA) e a Interpretermag , ambos meios de comunicação completamente hostis à Rússia e à rebelião do leste, noticiaram esse evento de forma bem mais rigorosa (aqui e aqui) do que esse suposto jornal de referência… Aquilo que se passou pode ser mais bem descrito aqui, aqui e aqui. Ou seja, o Oligarca parece que fez um acordo com alguns elementos da República Popular e da polícia de Mariupol e mandou os seus capatazes ordenarem aos operários a irem para a rua, literalmente, varrer barricadas e posarem para a televisão enquanto passeavam com uns polícias… A verdade é que para lá de uns quantos cabeçalhos bombásticos na imprensa a jogada de Akhmetov poucos efeitos teve, a não ser virar a população e muitos dos trabalhadores ainda mais contra si!
Segunda-feira dia 19 a República Popular tomou conta dos comboios em toda a região, uma vez que toda a sua indústria depende das ligações por caminho de ferro, para Akhmetov essa foi a gota de água (aqui). Finalmente e sem qualquer ambiguidade, o Oligarca-mafioso do Donbass tomou uma posição clara. Emitiu uma declaração em que acusou a República Popular de “genocídio” e convocou uma manifestação para terça-feira ao meio-dia em toda a região. Também declarou que a partir de agora todos os dias os “seus” trabalhadores farão greve (ou seja, decretou um Lockout) entre as 12:00 e as 15:00 contra os “terroristas” (aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui).
A República contra-ataca
Mas parece que Akhmetov acordou tarde de mais, a grande mobilização que anunciou contra a República Popular foi um monumental fracasso (aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui). Um artigo do Finantial Times faz uma boa síntese do total falhanço do Oligarca (aqui):
Afterwards, workers milling around said they had come to the meeting voluntarily but most said they did not share their boss Mr Akhmetov’s views on the militants. “Akhemtov is a businessman. He is looking after his business interests, it’s natural,” Stas, a worker said. But he added that Mr Podkorytov had been wise to steer away from putting a “political accent” on the rally. “Ninety-nine per cent of the workers are against the Kiev authorities,” said Vladimir Sadovoy, the head of the factory’s workers’ union, noting that at least one of the men in his 600-person-unit had taken voluntary leave to work with the pro-Russia militiamen.
“Some want to be part of Russia, others want to be part of Ukraine, others want to be independent. But everyone is against the Kiev authorities, absolutely.”
A resposta dos insurrectos foi forte e imediata, a população foi convocada para as ruas de Donetsk numa contra-manifestação, o “Batalhão Vostok” foi mobilizado e fez sentir a sua presença de forma muito visível. Ficou claro que é a República Popular e não o Oligarca quem controla Donetsk (aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui).
Mais relevante que a resposta nas ruas, foi a resposta política. O líder do conselho supremo da República anunciou a nacionalização de todas as propriedades do Oligarca (aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui).
Tudo isto ocorre tendo como pano de fundo a data de 25 de Maio, quando se irão realizar eleições presidenciais na Ucrânia. Eleições que irão decorrer num país em Guerra, onde os candidatos anti-junta não podem fazer campanha na zona do ocidente, onde todos os candidatos anti-junta desistiram das eleições, onde um dos maiores partidos está em vias de ser ilegalizado e vários jornalistas têm sido detidos pelos gangs a soldo da junta de Kiev (aqui, aqui e aqui)!
Claro que no território das Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk essas eleições não terão lugar. Aliás, muitas das recentes manobras da Oligarquia têm como objectivo criar condições para que esse ritual de legitimação da Junta possa vir a ocorrer em Donetsk… Mas essas tentativas estão a falhar (aqui) e parece que dia 25 a República Popular mais uma vez irá demonstrar que a Junta Fascista não controla o leste.
Os desafios políticos
De facto, os grandes desafios com que a República Popular e a insurreição do sudeste se confronta são muito mais do foro político do que propriamente militar. Claro que são necessárias armas e confrontação armada para resistir à agressão da Oligarquia, dos cães de fila Nazis e dos cipaios da NATO+UE+FMI. Mas o desenlace da própria confrontação militar irá depender mais da superação dos problemas políticos com que a República se confronta do que da genialidade táctica das milícias populares. Como dizia Clausewitz a guerra é a continuação da política por outros meios…
Esses grandes desafios políticos são:
- Deter o controlo efectivo do território de Donetsk e Lugansk e a confiança e apoio da população. Há notícias de que a Junta de Kiev está a congelar os pagamentos de pensões e salários nas zonas controladas pelos insurrectos. As indústrias aí existentes precisam também de receber materiais de outras regiões para não pararem. Ou seja, a República Popular tem de controlar e gerir uma quantidade de recursos (financeiros, materiais e morais) que garantam condições de vida dignas para a população e impeçam o colapso total da economia na região. Por outro lado, a população tem de estar de facto mobilizada e disposta a fazer sacrifícios nesta luta. Isso só acontecerá se existir um programa de revolução social que dê esperança e confiança às massas.
- A revolta não pode ficar confinada às regiões de Donetsk e Lugansk. Todo o sudeste tem de estar em revolta, no mínimo tem de haver luta de guerrilha e protestos nessas zonas. Para lá do sudeste, o objectivo máximo deve ser derrubar a Junta, esmagar os Nazis e escorraçar o FMI+UE+NATO de todo o país.
- Ter um programa político e social que permita solidificar o apoio nas áreas controladas e conquistar apoios em outras regiões. Quanto mais a luta tiver um tom anti-fascista, anti-FMI e anti-Oligárquico mais hipóteses terá de sucesso. Se a luta se estreitar numa mera questão de independência nacional face a Kiev ou de Russos vs Ucranianos, mais encurralados ficarão os insurgentes e mais fácilmente serão derrotados.
- A República Popular deve pedir e pressionar ao máximo Moscovo para fornecer apoio logístico, financeiro, político, armas e tudo o mais que for necessário. Mas a República e a insurreição têm de ser politicamente independentes do Kremlin! Um cenário em que tropas Russas invadam a Ucrânia não é desejável, só num caso limite é que isso deverá ser considerado. Para além disso, já deu para perceber que Putin não quer executar essa invasão e tem vindo a tentar distanciar-se da rebelião em curso…
A decisão de nacionalizar os bens dos Oligarcas vai num excelente sentido e responde a muitos dos desafios que acima enunciei. Resta agora ver, em que medida será ou não implementada (aqui).
Apesar das várias contradições existentes na insurreição (aqui, aqui e aqui), até agora o movimento tem vindo a ganhar força e consolidar posições. Face a cada escalada do inimigo (e “vacilo” dos “amigos”) tem sabido responder à altura. Um dos grupos rebeldes “Primavera Russa” publicou uma espécie de Guião Político a seguir pela Insurreição: Road map to the next stage : protecting the right to self-determination leading up to souvereign foundations of the Federal Republic «Novorossia». Esse documento, embora algo minimalista na componente de propostas sociais, dá ideia que existe o mínimo de pensamento estratégico entre os rebeldes.
O mais relevante mesmo é que a República tem conseguido superar e reforçar-se perante todos os desafios que foi enfrentando no imediato. Embora estando longe de ter um comando centralizado e ser um movimento homogéneo, o facto é que a República Popular parece estar a conseguir proporcionar um mínimo de coesão político-organizativa-institucional à Revolução em curso.
À Esquerda… Enterrar maindan de vez!
Quanto à Esquerda mundial, é altura de enterrar de vez maindan! Esse movimento nunca valeu grande coisa e agora ainda menos. Perante tudo o que se está a passar qual tem sido a postura do movimento “maidan” (não estou a falar da junta, estou mesmo a falar do movimento e dos seus activistas mais destacados)? Tem sido de exigir uma repressão ainda mais dura contra a insurreição do leste! Mais, muitos dos grupos para-militares mais selvagens a soldo da junta são constituídos por “activistas de maindan”. O movimento tem estado calado perante a intervenção do FMI e tem estado ombro a ombro com os Oligarcas.
Nenhum movimento progressivo, anti-FMI, pró-operário e popular alguma vez irá sair das entranhas de maidan. O movimento popular contra a junta, os Nazis, Oligarcas e o FMI terá de ser construído em oposição ao movimento de maidan! Aliás esse movimento já existe e tem o seu centro de gravidade na República Popular de Donetsk!
A tarefa da Esquerda é de estar em total solidariedade com a República Popular e todos os movimentos que, de facto, estão a combater os Nazis, a Junta, os Oligarcas e a UE+NATO+FMI na Ucrânia. Dentro desse heterogéneo movimento o papel da Esquerda deverá ser de empurrar ao máximo a República Popular para um programa pró-operário, anti-oligárquico e de carácter o mais universal possível (ou seja que não fique confinado às regiões de Donetsk e Lugansk e às questões de discriminação étnico-linguísticas).
Links para alguns movimentos Rebeldes
República Popular de Donetsk (twitter)
Viva a República Popular de Donetsk!
Abaixo a Oligarquia, a Junta, o Nazi-fascismo, a UE+NATO+FMI!
Nacionalização de todos os bens dos Oligarcas!
Quando, há uns tempos atrás, aqui dizia que Putin jogava xadrez, enquanto Obama jogava, e mal, bisca-lambida, parece que me assistia alguma razão. O governo da Federação Russa mostrou que sabe mais de política a dormir do que acerca dela sabem os EUA/UE/NATO com os olhos bem abertos: ao retirar as suas tropas das fronteiras com a Ucrânia, inteligentemente destruiu os alicerces de toda a propaganda belicista do Ocidente ; fazendo o contrato de energia de valores astronómicos com a RPC, mostrou à UE, de forma magistral, quem é que precisa de quem. Desconfio que a senhora Merkel entendeu bem o recado e que estará prestes a brindar os EUA com a aplicação no terreno de um velho e mui sábio ditado: “Amigos, amigos…”
Quanto às nacionalizações, poderia ser de outro modo? Claro que não: não há independência política nem viabilidade económica com o poder do capital a boicotar activamente as decisões políticas dos eleitos pelo povo e que com o povo, pelo povo e para o povo governam. Possamos nós aprender algo com esta situação e dela tirar as devidas ilações e alguma coisa de positivo poderíamos nós retirar de toda esta tragédia ucraniana.
Sábias palavras!
Nem mais
Obrigado, caro Francisco, mas não é sabedoria: é puro bom-senso alicerçado na constatação do que 40 anos de neoliberalismo fascizante fizeram, e fazem, a este desgraçado Mundo nosso. Só que, desta vez, FMI´s e quejandos foram meter-se com quem tem meios (militares, políticos, económicos, diplomáticos, culturais e mediáticos) que chegam e sobram para lhes partirem os dentes bem partidinhos.
Os rafeiros, se dantes arreganhavam o dente, agora começam a ganir baixinho, e fá-lo-ão cada vez mais baixo até nada se ouvir: o inefável dr. José Manuel Durão Barroso, essa resplandecente nulidade, já veio dizer, num registo irremediavelmente atolado na terra-de-ninguém que liga a súplica ao queixume, que seria bom que a Federação Russa não prejudicasse a UE naquilo que aos fornecimentos energéticos diz respeito. Pois é… é como diz o Povo: “Entradas de leão, saídas de sendeiro”. E ainda a procissão vai no adro…
Subscrevo e acrescento um ponto:
A melhor forma de superar o sectarismo nacionalista seria que Donetsk partisse o repto para toda a Ucrânia e para toda a Rússia: Reconstruir a UNIÃO DAS REPÚBLICAS SOCIALISTAS E SOVIÉTICAS baseada numa planificação económica socialista e numa democracia de base!
E há apoio popular para isso em muitas ex-Repúblicas! Por si só esse assunto merecia um texto, à de ficar para o próximo na minha secção de “recados para a Esquerda”
Essa malta pode ter o seu fraquinho congénito por líderes autoritários estilo Putin, mas não são tolos ao ponto de quererem voltar à economia socialista planificada e seus inevitáveis apêndices: polícia política, Gulag, censura, restrições de circulação, etc…
Conheço vários russos e a maioria preferia viver na URSS e acha a queda da URSS uma tragédia. Mas nestas coisas convém sempre ir além do saber empírico e da nossa bolha de conhecidos, convém fazer uma análise minimamente científica… e não é que:
55% of Russian adults think it’s a “great misfortune” that the Soviet Union no longer exists
http://www.defenseone.com/threats/2014/05/poll-more-half-russians-want-soviet-union-back/84100/
POLL: MOST IN EX-SOVIET STATES SAY USSR BREAKUP HARMFUL
http://america.aljazeera.com/articles/2013/12/19/most-residents-ofexsovietstatessayussrbreakupharmful.html
Residents more than twice as likely to say collapse hurt their country
http://www.gallup.com/poll/166538/former-soviet-countries-harm-breakup.aspx
Russians Miss The Soviet Empire: Poll
http://www.huffingtonpost.com/2014/05/08/soviet-empire-poll_n_5288261.html
Polls by reputable institutes confirm this: 57% of Russians want the USSR back (2001); 45% consider the Soviet system better than the current system; 43% actually want a new Bolshevik revolution (2003).
http://mondediplo.com/2004/03/11russia
Duas notas:
1. Convém fazer uma distinção clara entre lamentar a desagregação do território que o país tinha à época (e o poder/influência que a ele estão associados), e desejar o regime que o país tinha à época… Se se fizer uma sondagem em Portugal, haverá uma percentagem apreciável de portugueses que dirão que lamentam a perda do império colonial, o que não significa que queiram necessariamente viver no regime que esteve no poder nas últimas décadas desse império!
2. Assumindo que, mesmo assim, 45% dos russos consideram o regime soviético melhor do que o actual, então porque é que o Partido Comunista não alcança mais do que 19% dos votos há mais de 20 anos?!…
Errado.
As duas notas do censurado merecem outras duas. Com mais alguma coisa
-As interpretações do censurado são meras interpretações.Estão ao mesmo nível das minhas, a respeito do nick “censurado” e dos motivos pelos quais censurado se arrasta com tal nick.Ou seja, são subjectivas. Os dados reais e as sondagens são fonte necessariamente mais fidedigna que as masturbações interpretativas do censurado.
-A pergunta sobre o resultado do PC russo pode ter várias interpretações e tem de facto várias leituras. Mas infelizemnte para censurado não contradiz o apresentado pelo Francisco. Se não conseguir chegar lá por ele próprio, pode consultar a vasta literatura que há sobre o assunto. Que saia da sua zona de conforto como aquele canalha governamental está sistematicamente a dizer.
Posto isto serve este registo apenas para lembrar que faz espécie ver os queixumes dos pseudo-censurados na nossa praça invectivarem nos posts sobre a Ucrânia o “desejo expansionista russo” e agora vir um dizer que afinal “não são tolos”
Estas mises-en-scene apressadas, de pintarem a realidade de acordo com a canhestra leitura ideológica dá nisto.
Fica para depois o que os países ditos ocidentais fazem a respeito do arrastar da sua polícia política, dos seus gulags, da censura, de restrições de circulação, etc…etc.Mais a fome, a miséria, o desemprego, a guerra, os massacres que acompanham este modelo hegemónico de sociedade.
A percentagem de apoiantes da URSS baseado nas saudades pelo “poder/influência”é um bom tema para conversa mas mais uma vez não tem quaisquer bases para além dos desejos suspeitos de censurado. O júbilo pelo fim da guerra colonial e pela queda dos fascistas em 25 de Abril pode dar algumas respostas.A auscultação pública aos soviéticos pouco antes da queda da URSS é outro dado que pode ser chamado ao debate. Mas fica registado que parece que tinham mais poder e mais influência os soviéticos que os russos ou quaisquer outros povos que constituiram a ex- URSS.
Magnífico.É destas confissões que sem querer, caem que nem pérolas , que se fica a conhecer os cangalhos ideológicos dos ideólogos regimentais.
Posto isto, é bom lembrar que a Comuna de Paris durou pouco mais de dois meses , que a experiência socialista da URSS já durou bastante mais e que o futuro da humanidade como tal não passa pelo capitalismo e pelo cotejo de horrores e de misérias a que quotidianamente assistimos
Ou seja, o fim da história pregado por algumas alminhas ao serviço do Império afinal não passou dum imenso flop.Com tal evidência que não permite distinções mais claras, mais escuras ou mais censuradas.
“Assumindo que, mesmo assim, 45% dos russos consideram o regime soviético melhor do que o actual, então porque é que o Partido Comunista não alcança mais do que 19% dos votos há mais de 20 anos?!…”
Desconhece as razões?
Isso devesse à sua deficiente informação!
E porque será que quanto mais direitos são retirados aos trabalhadores da Europa, mais votam nos partidos de direita?
Não conhece aquelas palavras do Koba.
Ganha as eleições quem controla a informação, a economia e conta os votos.
Parabéns por todo este trabalho que tem vindo a fazer sobre a situação na Ucrânia, uma janela sobre a realidade para combater as mentiras do capital.
Notícia a seguir com atenção ( e comparar com o apregoado pela “nossa” imprensa)
Provocación a gran escala: Mercenarios de Kiev matan a soldados por negarse a matar a civiles
Personas armadas aparentemente vinculadas con un oligarca respaldado por Kiev atacaron un campamento del Ejército ucraniano en el este, que se negó a disparar contra los civiles, dejando 15 soldados muertos y otros 35 heridos.
La masacre tuvo lugar en la madrugada del 22 de mayo cerca del pueblo de Blagodátnoe, en la región de Donetsk, no lejos de la frontera rusa-ucraniana. Según los testigos del ataque, unos desconocidos llevaron a cabo una operación de represalia contra los soldados utilizando lanzagranadas y ametralladoras solo porque se habían negado a disparar contra su pueblo.
El servicio de prensa de la administración regional de Donetsk informa que tras los enfrentamientos han sido hospitalizados 31 soldados, la mayoría con heridas de bala. “Eran mercenarios, bien preparados […] que golpeaban profesionalmente”, según el comandante de la 51.ª brigada que sufrió el ataque, informa el portal Vesti.ru.
LifeNews señala que los agresores llegaron en vehículos de PrivatBank, que pertenece al multimillionario ucraniano Ígor Kolomoiski. Se sabe que el oligarca financia ampliamente a los radicales del Sector Derecho y a otras formaciones de este tipo. Además, Kolomoiski es sospechoso de estar detrás de la tragedia en Odesa.
Este ataque nocturno contra el puesto del Ejército ucraniano sería una provocación del Sector Derecho para acusar a las autodefensas, según declaró el gobernador designado por las milicias de la provincia de Donetsk, Pável Gúbarev
Texto completo en: http://actualidad.rt.com/actualidad/view/128849-mercenarios-matar-soldados-ucrania
Censurado:SU-24, desarmado :1—AEGIS-0!!!!(Com 27 membros cagados de medo e a desistirem de defender a política dos saqueadores e criminosos universais da Wall Street).
-polícia política=NSA+CIA+FBI mais os bandidos privados daAcademi
-Gulag=FEMA
-restrições de circulação- deve estar a falar dos bantostões do regime de aparteid na Palestina.
Já agora,pq não ir numa viagem de lazer,investimento(aí,fadista!)- nos países libertados e democráticos daLíbia,Iraque,Afeganistão????É só retórica de merda q tens para oferecer.
A situação na Ucrânia está a degradar-se a todo o momento. E Putin é responsável por aquilo que vier a correr mal para o lado das forças democráticas.
Putin tem cometido erros estratégicos gravissimos que lhe vão sair muito caros.
Cedeu às pressões dos dirigentes da NATO retirando as suas forças da proximidade da fronteira da Ucrânia, agora as colunas de blindados da junta fascista estão a avançar sem qualquer receio junto à fronteira Russa numa operação de envolvimento, outras colunas estão a avançar a Ocidente na direção de Mariúpol, Mar de Azov. Quando as duas forças se encontrarem fecham a tenaz (na giria militar) começam a comprimir as milicias num espaço cada vez mais reduzido até as esmagarem.
Avizinha-se uma tragédia humanitária iminente na Ucrânia e se tal se vier a consumar Putin vai ter que abrigar milhares de refugiados. Porque quando os fascistas consolidarem posições, vão começar com as perseguições etnicas em massa.
A situação está muito delicada. E o grande responsável como já referi, é Putin. Afinal as palavras de Eduord Lemonov foram proféticas “Putin vai contentar-se em admirar os louros conquistados na Crimeia”. Isto acontece porque Putin tem muito medo do povo organizado.
E a Europa está a ser connivente com a matança que já está a ocorrer na Ucrânia.
Resta-nos a nós o dever de denunciar esses crimes.
http://www.veteranstoday.com/2014/05/08/us-nato-absurdity-continuing-in-ukraine/
Estás mt pessimista. E é um erro confiar demasiado no Putin. Até agora os rebeldes repeliram todos os ataques e estão a inflingir importantes perdas às forças nazi-fascistas. A revolução no sudeste e contra a junta só poderá triunfar se o Putin não a tutelar. Entretnato apesar não dar apoio oficial imenso armamento e voluntários têm passado da Russia para Lugansk+Donetsk.
Francisco tens razão !
Deixei-me abater por o desanimo quando soube que um 1/4 do exército fascista de Kiev , mais de trinta mil efetivos com milhares de veiculos blindados estavam a avançar para Leste, realmente isso assustou-me.
Tanto assim que ontem não liguei o computador.
Esse “susto” foi foi hoje ompensado por a alegria que senti quando soube que os nazi/fascistas estão a levar porrada em todo o lado. A ofensiva foi completamente travada.
O batalhão Donbass composto por nazis do Setor de Direita e mercenários estrangeiros que é comandado por Dmitri Yarosch (um terrorista que combateu na guerra da Tchetchenia) teve que recuar depois de um confronto com a Brigada Vostok (Oriente) formada por veteranos da guerra do Afeganistão, Ossétios e Cossacos.
Foi também com grande a satisfação que hoje ouvi falar Português nnuma barricada perto de Slaviansk. (internacionalistas que tiveram em Angola estavam a perguntar a um jornalista Italiano se sabia falar Português).
Este video mostra os trofeus de guerra conquistados ontem (23) por os patriotas em Lisicansk proximo de Lugansk.
Sinceramente, gostava que houvesse uma revolução bolchevique. Gostava que a URSS voltasse, de preferência no seu modelo “fechado”. Gostava de ver o resultado dessa fábula no mundo globalizado do Sec XXI. Acho que era preciso isso para as minorias que acreditam no “sonho” comunista, baterem com a testa na realidade e perceberem que o mundo hoje, não é o mesmo que era nos finais do Sec XIX e inicios do Sec XX.
Pois não, não é. Mas:
1º – é muito mais parecido do que os crentes no “pós-moderno” e “fim da história” apregoam.
2º – Obviamente que uma URSS restaurada nunca seria semelhante à versão original, só se fossemos umas aventesmas é que não se tentava melhorar! Ou seja, manter e reforçar o que de melhor ela tinha (e era muito), minimizando ao máximo os seus defeitos…
E porque motivo o capitalismo em vez de melhorar agravou tudo?
Aquilo que foi criminosamente destruido por o capitalismo em vinte e três, precisa de algum tempo e muito esforço para reconstruir.
Mas o povo mobilizado o povo organizado é capaz de grandes proezas.
Se lhe faltar resposta, diga qualquer coisita sobre o Zimbabué
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