Ucrânia: Anatomia de um golpe, a situação no terreno radicaliza-se e outras notas

Anatomia de um golpe

A 21 de Fevereiro foi assinado um acordo entre todas as partes em conflito (que incluí manifestantes, governo da altura, 3 ministros de governos da UE e Rússia) para resolver de forma pacífica o conflito em curso na Ucrânia. Nesses dias snipers não identificados disparam sobre a multidão matando várias pessoas (incluindo polícias). Este evento foi determinante no descarrilar do acordo assinado e no derrube Yanukovich. A história contada foi de que os snipers eram agentes do governo de Yanukovitch…

Acontece que foi divulgada uma conversa entre o ministro dos negócios estrangeiros da Estónia e a representante da UE para os assuntos externos em que o Ministro diz que afinal os snipers não estavam a soldo do Yanukovitch, mas sim de elementos da oposição que fazem parte da actual junta fascista! (vídeo aqui) O ministro já confirmou que a conversa é real (aqui e aqui). Relembro que este tipo de táctica já tinha sido utilizado na tentativa de golpe fascista na Venezuela. Ou seja, snipers serem utilizados por agitadores fascistas para assassinar manifestantes e polícias de modo a gerar confusão e justificar um golpe de estado.

O golpe de estado que ocorreu após os snipers matarem vários manifestantes (e polícias) foi liderado no terreno pelos gangs neonazis.

Situação no terreno

A situação no terreno endurece. Realço que o ritmo dos eventos é sobretudo marcado pela dinâmica da luta social no interior da Ucrânia e pelos agentes locais, mais do que pelas jogadas de alta política da UE, NATO, Rússia ou EUA (embora quem veja os noticiários main-stream possa ficar com a impressão contrária…).

Crimeia. Na quarta-feira um representante imperial foi enxovalhado e corrido da Crimeia. Na quinta-feira um grupo de vários “observadores” ao serviço da UE (formalmente eram da OSCE) foi impedido de entrar na península. Mais relevante, o parlamento regional aprovou a integração da Crimeia na Rússia e marcou um referendo para ratificar isso para dia 16. Esta decisão representa uma radicalização da situação. Já estava marcado um referendo para dia 30, mas esse referendo era sobre o aprofundamento da autonomia da Crimeia, não para uma união tout court com a Federação Russa. Parece-me difícil que uma decisão destas pudesse ter sido tomada sem consultar Moscovo, mas cheira-me que esta não foi uma decisão que veio de “cima para baixo”, antes pelo contrário… No terreno a hostilidade para com os agentes do imperialismo intensifica-se (aqui).

Donetsk. A situação em Donetsk está extremamente tensa e fluída. Relembro alguns pontos essenciais. Na semana passada as autoridades locais convocaram um referendo sobre o reforço da autonomia da região. No fim de semana passado ocorreu uma grande manifestação pró-Russa e foi eleito um “governador do povo”, Pavel Gubarev (ver reportagem da Aljazeera). Na sequência dessa manifestação o edifício do governo/parlamento da região foi ocupado pelas forças pró-Russas/Anti-fascistas que não reconhecem a junta fascista de Kiev, nem o oligarca nomeado para governar a região. Na quarta-feira de manhã os manifestantes pró-Russos foram expulsos do edifício, mas à tarde reagruparam-se e eram mais de mil quando reocuparam o edifício (ver vídeo). Depois disso houve uma manifestação de filo-fascistas pró-UE em frente ao edifício, mais uma vez os anti-fascistas reagruparam-se e houve uma contra manifestação (ver aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui).

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Sede do governo de Donetsk retomado por anti-fascistas.

Na quinta-feira os anti-fascistas foram novamente expulsos do edifício governamental (aqui), mais tarde Pavel Gubarev (o “governador do povo”) foi preso por uma unidade especial da polícia enviada por Kiev (aqui e aqui) . Houve uma reposta anti-fascista e uma manifestação cercou a esquadra da polícia, alguns manifestantes foram detidos, mas após novos confrontos os manifestantes conseguiram a libertação de todos os anti-fascistas presos no protesto (aquiaqui, video aqui).

Militantes anti-fascistas confrontaram a polícia às ordens do regime fascista de Kiev após a detenção de Pavel Gubarev

Militantes anti-fascistas confrontaram a polícia às ordens do regime fascista de Kiev após a detenção de Pavel Gubarev e conseguem libertar vários camaradas que tinham sido detidos.

Confrontos entre manifestantes anti-fascistas e a polícia ao serviço da Junta fascista de Kiev e os seus Oligarcas

Confrontos entre manifestantes anti-fascistas e a polícia ao serviço da Junta fascista de Kiev e os seus Oligarcas (Donetsk)

O governador oligarca nomeado pela junta fascista demitiu o chefe da polícia e esta parece estar a obedecer às suas ordens, mas não completamente, há relatos de que a polícia passou-se para o lado dos anti-fascistas e já não respeita as ordens do oligarca (aqui também)… Por isso mesmo a unidade que prendeu Gubarev veio de Kiev e há vídeos onde são visíveis homens armados, alegadamente mercenários da empresa dos EUA Blackwater, a trabalhar para a junta fascista de Kiev(ver aqui). A actuação da polícia local no terreno dá a ideia de que é uma força que está muito dividida. Entretanto, o governador oligarca também já disse que “a ideia de um referendo não é lá muito boa”.

Hoje, sexta-feira, parece estar a realizar-se uma grande manifestação contra a junta fascista de Kiev e a prisão de Gubarev  (ver vídeo de protesto anti-fascista em Donetsk). Para o fim de semana estão programados mais protestos.

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Cartaz a convocar manifestação anti-fascista em Kharkov para Sábado, amanhã

LIberdade para Gubarev, prisioneiro político da junta fascista de Kiev

LIberdade para Gubarev, “governador do povo”, prisioneiro político da junta fascista de Kiev

Donetsk parece ser a cidade onde o nível de confronto está mais intenso, ou pelo menos de onde é possível obter mais notícias, a verdade é que este tipo de confrontos tem ocorrido em várias cidades do leste e sul da Ucrânia, e.g. Odessa, Kharkov, Nikolaev (aqui aqui) e outras cidades. Manifestações anti-fascistas, contra manifestações filo-fascistas pró UE, tentativas de tomada de edifícios, governadores impostos pela junta fascista a não serem reconhecidos, etc…

Algumas tendências começam a desenhar-se. A junta fascista de Kiev está a tentar reconquistar as autoridades locais, polícia, governos regionais e municipais da zona leste e sul da Ucrânia. A Junta fascista demitiu muitos responsáveis (houve alguns que se demitiram também) e nomeou nova gente da sua confiança para postos chave, e.g. os oligarcas que foram nomeados para as zonas mais “insurrectas” do leste, onde parece estarem a empregar as suas fortunas para comprarem lealdades. Os manifestantes pró-Russos/Anti-fascistas têm uma agenda própria e não são agentes de Moscovo, embora obviamente olhem em direcção à Rússia para obter algum apoio (tal como os Nazis têm apoios da UE e da NATO). Mas se o objectivo da Rússia fosse pura e simplesmente invadir a Ucrânia a verdade é que neste momento já tinham mais do que pretextos para isso… Se o objectivo de Moscovo fosse pura e simplesmente desestabilizar a zona leste e sul já podiam-no ter feito com muitíssimo mais intensidade.

A verdade é que as forças anti-fascistas na Ucrânia não têm contado com um enorme apoio de Moscovo (excepção feita à Crimeia), nem mesmo ao nível da cobertura mediática. Os anti-fascistas Ucranianos têm contado acima de tudo com a suas forças e organizações, não com o apoio de Moscovo. Em alguns locais vemos a emergência de órgãos de “duplo poder” que a junta fascista de Kiev tenta esmagar. A Rússia só entrará mais activamente na luta anti-fascista na Ucrânia se os grupos locais intensificarem e radicalizarem a sua luta e com isso obrigarem Moscovo a agir.

Mas seja como for, a situação está extremamente fluída e aquilo que num dia parece certo, no dia seguinte altera-se, como em qualquer situação deste género os rumores espalham-se com muita facilidade… A únicas certezas são que as batalhas pelo leste e sul da Ucrânia estão a radicalizar-se e que essas batalhas estão a ser travadas, sobretudo, por forças locais.

União Europeia oferece gás e dinheiro à junta fascista de Kiev? Quem Paga? 

A situação financeira e económica da Ucrânia é catastrófica (aqui e aqui). O Barroso já prometeu ajudar financeiramente a Ucrânia e também fornecer-lhe gás. Mas quem é que pagará isso? Vai a UE dar à Ucrânia dominada pelos Nazis aquilo que não deu a estados membros como Portugal, Grécia ou Irlanda??? E a UE vai fornecer gás? A que preço?

Das duas uma, ou os povos europeus vão ser espremidos ainda mais para dar recursos a fundo perdido aos Nazis que controlam a Ucrânia, ou a população Ucrâniana será sujeita a um tratamento de choque UE+FMI… Relembro que a Ucrânia já teve financiamento do FMI, que foi congelado porque a Ucrânia não cumpriu com as contrapartidas dos empréstimos (ver aqui)… Agora, nesta situação caótica, a Ucrânia irá cumprir esses acordos que numa situação bem mais estável não conseguiu????

Confirmação oficial que a UE apoia os gangs neo-nazis

Ontem houve uma reunião da UE para definir uma posição comum e as sanções a aplicar à Rússia. Na cobertura em directo feita pelo jornal Telegraph podemos ler este relato acerca dessas negociações  (ver entrada às 13:19):

Poland, Hungary, Czech Republic, Slovakia, Lithuania, Latvia and Estonia are pushing for harder language on sanctions. The wording on Georgia and Moldova is important for them as a warning to Russia that it will not be allowed to pick off countries wanting closer links to EU.
Diplomats tell me that the demand for “quick steps towards the dissolution of any paramilitary structures” could be dropped because it would also apply to Kiev groups, particularly the far-Right nationalist groups that are the backbone of the new government there.

Ok… se restassem algumas dúvidas elas estão dissipadas. A UE reconhece que a junta de Kiev é sustentada por gangs neonazis e dá cobertura político-institucional a esses gangs. Esta peça da reuters dá bem ideia do quão dividida está a UE.

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A posição da China

A China está contra as sanções à Rússia (aqui) e aconselha o “Ocidente” a colaborar com a Rússia em vez de hostilizá-la (aqui). Tal como em vários outros assuntos, a China, não tendo um aposição equivalente, de facto é aliada da Rússia.

Textos Recomendados

The clash in Crimea is the fruit of western expansion (muito bom texto de opinião publicado no Guardian)

A Monster Reawakens: The Rise of Ukrainian Fascism (acerca do peso dos nazis no governo e ruas da Ucrânia Ocidental)

As Far-Right Groups Infiltrate Kiev’s Institutions, the Student Movement Pushes Back (sobre os estudantes que ocuparam uma Universidade em Kiev e estão +- contra os fascistas)

A new (order) Ukraine? Assessing the relevance of Ukraine’s far right in an EU perspective (texto muito bom com uma análise comparativa dos movimentos de extrema-direita na Ucrânia e no resto da Europa)

Putin’s army salutes a Nulandized Kiev (disputa entre EUA e a Rússia)

Ukraine: against infantile realpolitik (texto com uma perspectiva de Esquerda onde se tenta realçar as vários nuances do conflito e onde se critica o apoio cego da Esquerda a Putin… de tanta nuance o autor acaba por passar ao lado da contradição fundamental no terreno e perceber que, com todas as contradições, existem dois grandes campos em conflito fascistas+UE+Nato vs Anti-fascistas+Rússia, mas enfim…)

10 things to remember about the crisis in Ukraine and Crimea (sobre a hipocrisia do “Ocidente” e o papel do imperialismo no golpe fascista)

About Abby Martin, Liz Wahl and media wars (sobre a guerra mediática em curso, a propósito das “confissões em directo” de alguns repórteres da RT)

Comentários finais

A situação na Crimeia está resolvida, a grande batalha é pelo resto da Ucrânia, nomeadamente o sul e o leste.

Existem múltiplas forças no terreno, com diferentes programas, métodos e interesses. Existem actores locais e internacionais. Como em qualquer situação deste género, existe uma componente trágica, na acepção hegeliana da palavra

Dito isto, é preciso perceber que existem dois grandes campos em conflito, com todas as contradições inerentes a cada um desses campos. De um lado está a junta fascista de Kiev, suportada por gangs neo-nazis, oligarcas, a Nato e a UE, que também conta com o apoio de vastos sectores populares no Ocidente da Ucrânia, que objectivamente, desempenham o papel de idiotas úteis ao serviço da UE e dos Nazis. Do outro lado existem movimentos anti-fascistas, movimentos pró-Rússia (também ligados a alguns oligarcas), o partido comunista da Ucrânia, o Governo da Federação Russa e muita da população do leste e do sul que tem fortes laços com a Rússia e está, com toda a razão, assustada com a chegada ao poder em Kiev de gangs neo nazis. Há que ter em conta também que enquanto o Ocidente da Ucrânia é mais “camponês”, o Leste é mais “proletário” (é aí que está concentrada a industria). Há aqui muitas nuances a ter em conta? Muitos interesses díspares em cada um dos campos? Sim, sem dúvida. Mas são estes os grandes campos em luta no terreno.  Mais, o perigo maior, o mais perigoso desfecho para todo este conflito, seria a solidificação em Kiev de um poder nas mãos dos neo-nazis. Toda a análise, alianças e luta deve ser desenvolvida para evitar que isso aconteça.

Há muita atenção dada à “alta política”, há muita propaganda em volta da “invasão Russa” da Crimeia e da ingerência da UE e dos EUA na Ucrânia. Tanto a UE, como os EUA, como a Rússia são poderosos agentes em jogo. Obviamente que não nego o papel dessas potências no conflito. Mas o ritmo dos acontecimentos, em última análise, foi e será imposto pela luta no terreno entre os diferentes sectores da sociedade Ucraniana.

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33 respostas a Ucrânia: Anatomia de um golpe, a situação no terreno radicaliza-se e outras notas

  1. José diz:

    Excelente texto, para quem tenta perceber o que se passa na Ucrânia. De facto, é um problema multi-facetado…

  2. spartakus diz:

    Este quico passou-se mesmo? Ou anda a beber vodka marado?

    • Francisco diz:

      Mas qual é o teu problema afinal “Spartakus”?

    • imbondeiro diz:

      E o caro amigo? Andou a beber daquela zurrapa fermentada a partir de milho transgénico que produzem lá no Kentucky? Se sim, continue a bebê-la, homem, continue a bebê-la, pois, assim, estando nos braços do báquico Morfeu, não vai nem dar conta quando lhe chegar à caixa de correio a intimaçãozinha para dar a sua contribuiçãozinha no pagamento da conta do gás destes bons democratas netinhos de Stepan Bandera que tomaram o poder lá em Kiev.

    • Carlos Carapeto diz:

      E tu emborcaste uns baldes de samogon feito de batata que te deu a volta à caixa dos pirolitos.

      • Carlos Carapeto diz:

        Imbondeiro. Esta é dirigida ao Spartakus.

        Samogan, é uma mixordia caseira que os Russos destilam em casa, que dá uma caqueirada maior que o vinho de palmeira.

        • imbondeiro diz:

          Já tinha percebido, caro Carlos Carapeto, mas obrigado na mesma por me ter ensinado algo que eu não sabia Saudações cordiais.

  3. Joao Pereira diz:

    Nunca pensei viver para ler algo assim. O Francisco parece saído do meu livro do secundário sobre a revolução Russa.

    • um anarco-ciclista diz:

      E graças a Deus que saiu! Pela excelente pesquisa e informação com que tem brindado os leitores do 5 Dias!

      Quanto ao mais… eu ODEIO a União Europeia e hipocrisia das pseuso-democracias ocidentais!!! RDA, Checoslováquia, Jugoslávia, Kosovo (já para não falar na desagregação da ex-URSS)… Quando a “redefinição” de fronteiras interessa ao grande capital é tudo lindo e luta pla democracia. Quando não interessa… ai jesus que viola o direito internacional e mais não sei o quê! Hipócritas de merda!

      Viva a derrota da União Europeia!

      Quanto ao mais… se os gajos na crimeia ou no leste da ucrânia querem bazar… têm tanto direito a isso como bascos ou catalães!!!

    • Carlos Carapeto diz:

      E o que dizia o seu livro do secundario acerca da Revolução Russa?

      Pode confessar!

  4. imbondeiro diz:

    Os meus parabéns pelo excelente trabalho de informação que tem vindo a levar a cabo. É necessário que mais e mais pessoas saibam aquilo que realmente se passa na Ucrânia.
    Só deixo aqui mais umas achegas acerca dos “democratas” que tomaram o poder em Kiev: nos últimos anos, os E.U.A. “investiram 5 biliões de dólares nesta “pacífica” mudança de poder; duas das primeiras medidas do governo fantoche do Svoboda ( veja-se a ironia: o nomezinho significa “libedade”) foi não só banir a utilização oficial da Língua Russa, como também ilegalizar o Partido Comunista Ucraniano ( um partido que obteve, nas últimas eleições, uns 13% dos votos expressos, coisa que os nazis do Svoboda nunca estiveram sequer perto de atingir).
    Para quem lê o inglês, deixo aqui algumas referências: cruzem as sandices veiculadas pelos órgãos de informação que estão nas mãos dos grandes empórios informativos ocidentais com as informações televisionadas pela “Russia Today” ( também tem uma edição on-line em Português, creio) ou redigidas num blogue norte-americano que dá pelo nome de “CounterPunch”, e juntem-lhes as crónicas do jornalista brasileiro Pepe Escobar (“The roving eye”) no “Asia Times”. Façam isso : chegarão a um cálculo da magnitude das orelhas de burro que os nossos queridos “mainstream media” nos têm querido enfiar da cabeça até aos tornozelos.

  5. Carlos Carapeto diz:

    Francisco, está de parabens por ter conseguido fazer uma anlise perfeita da situação.

    É pena que o Putin não saiba o não queira aproveitar a dinamica dos anti fascistas Ucranianos.

    Os contra revolucionarios sempre temeram a força do povo organizado…

  6. spartakus diz:

    Gosto, claro que gosto do Francisco (nome tão fofo, parece nome de Papa) e mais dos seus heterónimos, que são os únicos a lerem-no. Como alguém antes escreveu nem nos manuais escolares existe tanto primarismo e indigência intelectual. O Francisco, beato duma Igreja em falência, ainda não percebeu que aquilo que julga contestar e combater é exactamente aquilo que não se cansa em dizer que defende. Entre Putin e a extrema-direita ucraniana não há nenhuma difernça. Apenas a defesa de um nacionalismo em particular. Em tudo o resto são lixo que a história se encarregará de levar – e esperemos que o Francisco não se ponha a jeito, senão terá o mesmo destino. E já se viu, não passa de mais um pedrita que o caudal da revolução, libertária e de base que se anuncia, irá pôr de lado, como uma minudência.

    • Francisco diz:

      É fácil mandar bocas, adjectivar, insultar e ofender. Muito fácil. Mais difícil é rebater os argumentos dados, discutir com seriedade o que se passa na Ucrânia, investigar e procurar diversas fontes, de várias matizes ideológicas e nacionais. Mais difícil é discutir com base na investigação feita e numa análise séria do problema.
      Mas enfim um provocador básico, ignorante que não tem capacidade de refutar nenhum argumento nem contradizer os factos aqui apresentados (muitos deles provenientes de órgãos de propaganda ao serviço do imperialismo, mas que mesmo assim lá vão deixando escapar uma verdade ou outra).
      Que tal em vez do insulto básico e da adjectivação tentar discutir seriamente o problema?

  7. Jorge diz:

    Continuam as bocas ao Francisco, quando ele tem tentado dar uma boa relação do que se passa na Ucrânia, só isso. Nem escuso de dizer que não se deve deixar intimidar, pois são muitos os que o apoiam nesta luta contra as forças anti-democráticas.

  8. O Francisco desculpe o reparo: não é «rectificar» (a decisão do Parlamento da Crimeia) é «ratificar»…
    De resto obrigado pelas informações que aqui vai colocando.

  9. josé sequeira diz:

    Gostei do texto e agradeço ao Francisco o manancial de informação que nos ofereceu, Apenas uma palavra: o Francisco perceberá o incómodo que a Ucrânia (e também, em certa medida, a Venezuela) causam, tanto às direitas como às esquerdas. Para as segundas as grandes manifestações de massas nesses países são fascistas e, em Portugal, são genuínas e legítimas. Pelo contrário, para as primeiras, em Portugal é tudo ilegítimo e nesses países o povo que se manifesta é que deve ordenar. Também alterna o conceito de governo legítimo porque foi eleito em eleições livres. O mundo é mesmo um local onde, parafraseando o nosso Gil Vicente, TODO O MUNDO quer entrar e NINGUÉM quer estar lá dentro, ou, tal como dizia o nosso Vasco Santana, na Canção de Lisboa, andamos todos ao mesmo. Cumprimentos.

  10. JPT diz:

    Não sei o suficiente sobre o que se passa no terreno para poder contra-argumentar, nem contesto que a situação é complicada e que o chamado “governo de Kiev” não tem nenhuma legitimidade, mas o Francisco não acha que esta linguagem está um poucochinho ultrapassada? Parece decalcada da guerra de Espanha, Partisans de um lado e Fascistas do outro.

    • Francisco diz:

      Oi JTP, até percebo o seu comentário… Talvez utilizando outro vocabulário conseguiria fazer passar a mensagem a uma mais vasta audiência… Há duas grandes razões para escrever com este estilo:
      1º – As palavras têm significados precisos, prescindir de certo vocabulário que descreve de forma rigorosa o que lá se está a passar para tornar os posts mais “macios” seria estar a faltar à verdade. As músicas, palavras e iconografia que utilizo é exactamente a mesma que os manifestantes anti-fascistas Ucranianos estão a utilizar, porque é que haveria de mascarar isso? Mais, o que está ultrapassada é etapa histórica dos políticos “sorriso-colgate”, estamos numa nova fase do processo histórico em que os movimentos Nazis e Comunistas voltam a ganhar peso e é entre a Esquerda Radical e a extrema-direita que o futuro da Europa vai ser disputado, em muito grande medida. Se acha que estou a a exagerar, espere pelos resultados das eleições europeias de 25 de Maio…
      2º – Ninguém me paga para fazer isto, nem sou jornalista de profissão. Faço isto porque acho importante e porque gosto. Pá eu adoro escrever isto, se há quem não goste, olhe…

    • Carlos Carapeto diz:

      JPT diz:

      A linguagem do Francisco e daqueles que se preocupam com o ressurgimento do nazismo por todos os cantos da Europa, não só está atualizada, como caminha uns passos à frente daqueles que continuam a assobiar para o lado, como nada fosse.

      Lembro em particular Ana Gomes, Durão Barroso e outros cá do burgo, transpiram democracia, liberdade e direitos humanos por todos os poros. No entanto vão a Kiev apanhar o bafo dos neonazis Ucranianos e de regresso almoçam com Viktor Orban.

      Ainda hoje ouvi um comentário de José Mabuel Pureza, fiquei estupefato com o desleixo que analisa a situação, como se na Maidan estivessem apenas manifestantes indignados, e o Sbovoda não tivesse já representado no Parlamento Ucraniano com mais de 10% dos votos e neste momento detém o ministério da defesa e está a enviar comissários politicos para os quarteis para controlar os militares.

      Mas se tem algumas duvidas em são nazis aqueles que estão a provocar a violência na Ucrânia?

      Tem aqui para tirar as duvidas:

      Quanto aos fatasmas dos partizans fico grato que disponibilize as informações que dispõem sobre a sua ressurreição na Ucrânia.

      As coisas a continuarem nesta direção não vamos ter outro remédio que organizar milicias para nos proteger-mos das hordas nazis que já por aí proliferam e antes que seja tarde demais.

      O problema da Ucrânia tem e deve começar a ser discutido de forma mais séria. Não é através de disputas vazias em saber quem foi mais ou menos bom ou mau que quem.

      E a pergunta que tem que começar a ser colocada é esta.

      O que era a Ucrânia em termos, economicos, sociais e de desenvolvimento quando do demoronamento da União Soviética?

      Qual o PIB em 1991 e qual é hoje?

      E em que situação se encontra passados vinte anos?

      Quais foram as politicas que levaram a este descalabro total?

      Quem foram os responsáveis?

      E porque motivo enquanto a Ucrânia se afundava a Bielorrússia progredia?

      Já ultrapassou o PIB de 1991!

      A partir de agora quem pretender discutir o assunto honestamente comigo tem que primeiro responder a estas questões.

  11. Kruzes diz:

    Coitados dos habitantes da Ucrânia, estão entre duas hordas de criminosos. Os comunistas e os fascistas.

    • Francisco diz:

      Mais um básico que faz comentários ignorantes e inconsequentes. A verdade é que quando a “barra fica pesada” a grande escolha é mesmo essa, fascismo ou comunismo, revolução ou reacção… não há cá ilusões pós modernas e liberaloides da tanga

    • Carlos Carapeto diz:

      Prove em como os comunistas já provocaram quaisquer disturbios na Ucrânia? Agradeço!

      Fazia um bom serviço a quem o lê e ao povo Ucraniano se conseguisse informar quem foi que levou a Ucrânia à falência.

    • Carlos Carapeto diz:

      Está aqui uma opinião quem conhece muito bem a situação na Ucrânia.

  12. Carlos Carapeto diz:

    Mais provas em como os golpistas que ocupam o poder em Kiev são nazis.

    E eu ando a contribuir com os meus impostos para o “senhor” Rodrigues dos Santos e outros paleofascistas irem para a Ucrânia promoverem descendentes de assassinos, que logo que tenham condições praticam os mesmos crimes que os avós e os pais cometeram.

  13. Sem o querer ofender pessoalmente, tenho que dizer que as “palas” mentais de algumas pessoas ainda continuam a surpreender-me. Você pensa mesmo isso tudo que escreveu ou é apenas um exercício de propaganda seu?
    Não apenas este post mas todos os que tem escrito sobre a Ucrânia.

    Cumprimentos.

    • Francisco diz:

      Vamos lá ver, a maior parte das coisas que escrevi não são o que eu “penso”, é a descrição dos factos documentada por fontes locais, Russas, Inglesas, Norte-Americanas, Comunistas, Capitalistas e de todos os matizes. Também tenho colocado várias referências para textos de análise mais profundos, também eles de várias matizes. Com base nisso tudo e na experiência de análise de processos político que tenho tiro as minhas conclusões acerca da luta em curso na Ucrânia.

      E tu? O que é que achas que se está a passar? Que factos, análises e argumentos que tenho exposto nos meus textos negas? Em que é que discordas? Se defendo uma determinada posição, claro! Se tenho uma opinião sobre o assunto e defendo-a, claro! E tu o que é que achas que se está lá a passar? Mandar bocas é fácil, desenvolver uma análise fundamentada sei que é mais difícil… Defendes a junta fascista de Kiev? Os neo-nazis que estão no governo? Queres a Ucrânia na UE? Achas que a UE deve pagar o gás aos Ucranianos?

    • Carlos Carapeto diz:

      “Ricardo Simaes diz:”

      A prebenda também me é dirigida?

      As preocupações do Francisco são as mesmas de quem tem consciência do perigo que representa o ressurgimento do nazismo.

      Acha que não razões para issso?

  14. Carlos Carapeto diz:

    Já estão mercenários na Ucrânia para ajudar os golpistas nazis de Kiev.

  15. Carlos Carapeto diz:

    A propaganda em volta da situação na Ucrânia e quem são os novos dono e quem os ajuda.

  16. Carlos Carapeto diz:

    Temos o dever de impedir que criminosos iguais a estes tomem conta das ruas do nosso país..

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