Partilho convosco uma entrevista que dei à Revista Vida Judiciária. Outubro de 2013
«Podia mentir e responder que faria uma renegociação da dívida favorável, propunha eurobonds… Mas isso é uma utopia histórica, assente na ideia de que na Europa seria possível um movimento como o que unificou os EUA no final do século XVIII. Isso aconteceu no quadro do início do desenvolvimento histórico do capitalismo. Estamos no século XXI, acreditar que essa solução é viável descansa as consciências, mas não impede a regressão social porque é o mesmo que acreditar que os empresários alemães vão abdicar de uma parte dos seus lucros para os trabalhadores portugueses, gregos, alemães. O que se verifica hoje é que a Europa não está a resistir, de forma civilizada, isto é, sem impor retrocessos sociais, à sua primeira grande crise. 50 milhões de desempregados, precarização e generalização dos empregos parciais com baixíssimos salários, descapitalização da segurança social – este é o cenário europeu.
Com sinceridade, eis o que pondero: estamos em cima de um 1929. Estou convencida disso. Pode ser que me engane. Mas se eu estiver certa, e tantos outros colegas que pensam o mesmo, o sistema financeiro mundial teria colapsado em 2008 sem ajudas milionárias. Mas essas ditas ajudas não caem do céu. A sociedade tem limites produtivos, um bolo que não cresce indefinidamente. A conta foi enviada para o único lugar que produz – salários e pensões (salários diferidos). Porque esta crise deixou claro que dinheiro não produz dinheiro – a economia de casino só existe se e quando se valoriza na produção real. Isto é numa palavra, nos salários. Estamos em cima de um 1929 ou pior porque a acumulação foi muito maior, porque estamos no meio de um processo de globalização muito mais extenso».
O resto da entrevista está neste link ou aqui neste PDF RAQUEL VARELA – SEGURANÇA SOCIAL – VJ
consertes a isso mesmo tem que ser feito mas eles são fazer isso quando o pequeno e o médio já
tiver morrido de fome
A grande novidade em relação a 1929 é que a saída da crise não é a retoma mas a reforma.
E o conservadorismo está por toda a parte, de alto a baixo, da esquerda à direita.
Desfecho imprevisível…
Raquel
Concordo consigo. Excelente texto.
Cumprimentos.