“E Agora? Lembra-me” de Joaquim Pinto | “o primeiro gesto de um tempo bom que aí vem” | hoje às 21h no DocLisboa

” E Agora? Lembra-me” é o último filme de Joaquim Pinto, um filme excepcional,  um tratado sobre a vida, é “o primeiro gesto de um tempo bom que aí vem.” *

Foi com o Joaquim que aprendi muito do que sei de cinema e da vida. Com ele, com o Vasco Pimentel, com o Paulo Rocha. Para além do som, com o Joaquim aprendi que o cinema é essa arte única que só se faz em conjunto, em equipa, e que sem solidariedade não existiria cinema no nosso país. Com o Joaquim aprendi que por mais cruel que seja a realidade, ninguém nos vence se estivermos alertas e disponíveis para as pessoas, se construirmos em partilha, em conjunto com as outras pessoas, através do amor como força transformadora. Ninguém nos vence, nem a morte.

A minha primeira curta-metragem “Rio Vermelho” ficaria sem som, mesmo já estando seleccionada para competição no Festival de Turim, sem a solidariedade do Joaquim. Não fui a primeira nem a última.

A criação artística aprende-se fazendo e partilhando o que sabemos, o que temos, e o que sonhamos, como na vida.

Obrigada Joaquim, por (mais) este filme.

Hoje às 21h no DocLisboa,

brevemente nos cinemas e em dvd.

” E Agora? Lembra-me” é o filme vencedor da 11ª edição do festival do Doc Lisboa.

Foi galardoado com 3 prémios: Grande Prémio Cidade de Lisboa para Melhor Longa-Metragem da Competição Internacional, Prémio C.P.L.P. para Melhor Longa-Metragem dos Países de Língua Portuguesa das Secções Competitivas e Prémio Universidades, Prémio Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa para Melhor Longa-Metragem da Competição Internacional; depois da vitória no Festival de Locarno.

*frase do grande Vasco Pimentel.

Sobre raquel freire

www.raquelfreire.com
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5 respostas a “E Agora? Lembra-me” de Joaquim Pinto | “o primeiro gesto de um tempo bom que aí vem” | hoje às 21h no DocLisboa

  1. patrimonius diz:

    vai custar quanto?

    nã qu’intresse muito mas o patrão desse fluviário de filmes também era do PSD?

    • apesar de terem eliminado o ministério da cultura e paralisado o ica,
      xs cineastas deste país continuam a filmar.
      o que é que vai custar deixarmos de ter cinema? deixarmos de termos identidade cultural?
      um povo sem identidade é um povo escravo.
      é preciso deprimir um povo para o oprimir.
      xs artistas em Portugal estão a lutar pela sobrevivência. à medida que o nosso trabalho criativo se vai tornando cada vez mais impossível, lutamos contra essa impossibilidade, e continuamos a fazer filmes, com dedicação, amor, teimosia, persistência, paciência.
      enquanto artista, recuso-me a baixar os braços. este filme do joaquim pinto é o filme de uma pessoa que se recusa abaixar os braços.
      é o retrato em carne viva do país que temos. “são tristes os tempos em que vivemos”, ele repete ao longo do filme.
      mas nós não desistimos.

  2. RVP diz:

    Pergunto-me se este Patrimonius será um bom aluno ou um bom professor. A pergunta que ele faz no comentário publicado mais acima – «vai custar quanto?» – é muito mais do que uma lição bem aprendida – é um ex-libris ideológico.
    O texto da Raquel Freire é uma homenagem breve, uma tirada embevecida e adjectivante que nos deixa no escuro quanto à matéria do filme propriamente dito (compreendo-lhe o encantamento, porque também vi o filme). Perante isto, as perguntas naturais seriam: «mas afinal fala sobre o quê esse filme?», «é a preto e branco ou cores?», «é uma investigação de campo ou um documentário ficcionado?», «é sobre factos passados ou presentes?», «o seu objecto é colectivo ou individual?», etc.
    Porém, a única pergunta essencial que ocorre ao Patrimonius é: «vai custar quanto?». A frase, em si mesma, é de um tal primor ideológico, que com apenas 3 palavrinhas define todo um projecto de sociedade, de vida e de governação, um método de repartição da riqueza colectivamente produzida. É obra.
    Em resposta à pergunta «quanto custa?», eu diria que, comparado com o que a banca tem custado aos portugueses, este e a maioria dos outros documentários não custou nada – a não ser o suor dos seus autores, que frequentemente custeiam as filmagens do seu próprio bolso.
    E já agora, para quem não viu e para rematar, uma das muitas coisas que o filme do Joaquim Pinto nos revela é quanto custam aos pacientes, em dinheiro e em sofrimento humano, as experiências absurdas da indústria farmacêutica – no total, muito, mas mesmo muito mais do que um simples documentário.

    • o meu texto é apenas uma breve homenagem. não sei quando conseguirei escrever sobre este filme. não pela amizade que tenho pelo joaquim, o afecto nunca me impediu de escrever. pelo filme. pela forma como uma pessoa através da sua experiência reflecte sobre a complexidade do mundo em que vivemos, dos “tempos tristes que atravessamos”, com uma lucidez e uma inteligência devastadoras e únicas.
      é o melhor filme que vi nos últimos tempos , e felizmente estão a fazer-se muitos bons filmes, apesar de tudo e também porque apesar de tudo.
      estamos vivxs, atentxs, a lutar e a fazer filmes.
      é o que ficará daqui a 100 anos, quando quiserem saber como era viver em portugal, na europa, em 2011-2012:
      este filme do joaquim pinto. que é genial.

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