“Eles vão convencer-te que a culpa é tua, e só tua…”

Definição de “relativo sucesso” segundo o Dinheiro Vivo: “A economia mergulhou em recessão e o desemprego explodiu para níveis históricos.” Ah, mas diminui-se o défice. Só esqueceram de dizer que o défice tem subido consecutivamente (logo todos os cortes de austeridade não têm tido reflexo qualquer nas contas públicas), e que o défice do primeiro trimestre deste ano (10,6%) já está acima dos “loucos anos” de Sócrates, o PIB diminuiu consecutivamente desde que este governo entrou em funções, tendo o país obviamente entrado em recessão 1,3% em 2011 e 3,2% em 2012, sendo esta última inclusivé a pior recessão desde 1975. Da dívida nem se fala, um aumento de quase 20% desde 2011, situando-se actualmente nos  127%.

Mas isto tudo não quer dizer absolutamente nada. Este governo, que nem para liderar um clube de futebol servia, continua a dizer que para o ano é que é. São campeões em mentiras (há algum ministro que ainda não tenha mentido descaradamente com todos os dentes que tem na cara? Já foi o Relvas, o Coelho, o Gaspar, o Machete, o Crato, o Portas, o M.Macedo, …) e são campeões da irresponsabilidade. São campeões da governação pelo medo e em cima do joelho (já nem consigo enumerar as diversas “medidas” anunciadas que vão sendo revistas, alteradas, suspensas, ou eliminadas nos dias subsequentes). São campeões do pensamento duplo e da subserviência. Subserviência, não apenas perante a Alemanha ou a Troika ou o Eurogrupo, mas perante tudo e todos que aparentem ter um mínimo de convicção ou defendam um interesse específico (sejam eles americanos ou angolanos ou chineses, não interessa). Porque se este governo não tem uma única ideia de como defender o interesse nacional muito menos terá ideia de como liderar um país.

Nenhuma vitória em política externa, nenhum indicador económico positivo que seja sustentável. O legado deste governo é e será a desagregação do tecido socio-económico, a implosão da democracia, da separação de poderes, da impunidade política absoluta e de pôr o país a saque. Sem pudor nem dignidade. Este governo é um erro colossal.

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7 respostas a “Eles vão convencer-te que a culpa é tua, e só tua…”

  1. Dezperado diz:

    “e que o défice do primeiro trimestre deste ano (10,6%) já está acima dos “loucos anos” de Sócrates”

    Os loucos anos do fugitivo de Paris???? então bateram tantas palmas quando ele fazia o “investimento publico”, quando “aumentava os funcionario publicos porque a crise nao ia chegar cá” e agora chamam-o de louco??????

    Estamos em Outubro, será que houve alguma razão para este post não referir o defice do 1º semestre???? Será porque desceu para os 7,1%???? e continuará a descer até ao fim de 2013.

    Mas depois da manifestação da CGTP que ocorrerá no proximo domingo, tudo será cor de rosa….a troika vai se embora, e vamos começar a explorar o petroleo encontrado no alentejo….ou o dinheiro que cai das arvores!

    • De diz:

      Mais uma vez sobra desonestidade a desperado quando faz afirmações ao acaso e da forma como o faz.
      “Bateram palmas”? Mas quem bateu palmas?Mas sócrates que começou por ser o menino bonito dos neoliberais ( tanto que até uma “prestigiada” revista económica o catalogou nos idos anos de 2006 como o primeiro-ministro mais neoliberal da europa) não teve de início o aplauso do capital em geral e dos banqueiros em particular?

      Mas desde quando sócrates foi apoiado pela esquerda na sua governação neoliberal e ao lado dos interesses do patronato?E o papel de sócrates no comprometer a escola pública (lembram-se de maria de lurdes rodrigues?) no asfixiar o SNS (lembram-se de correia de campos?) no armadilhar a segurança social?
      Mas desperado alucinou de vez ou não tem já qualquer pudor?

      Mas há mais.
      Deixemos para lá o termo “fugitivo de Paris” crisma com que a direita pesporrenta se refere a um dos que caminhou a seu lado mas que revela as companhias de desperado
      Deixemos mesmo para lá o remoque sobre a manifestação da CGTP, assumindo desperado uma atitude dum pequeno provocador um pouco acéfalo.

      Falemos na questão do défice.

  2. De diz:

    “Os dados agora divulgados pelo INE referentes às Contas Nacionais Trimestrais por Sector Institucional do 2º Trimestre de 2013 confirmam a informação anteriormente divulgada pela Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) da Assembleia da República e indicam que o défice das Administrações Públicas na óptica da Contabilidade Nacional se situou no final do 1º semestre nos -5 700,2 milhões de euros, o que corresponde a um défice orçamental de 7,1% do PIB no final do 1º semestre do ano.
    Com estes resultados para que o Governo consiga atingir o seu objectivo do défice para 2013 de 5,5% do PIB, o défice orçamental não poderá ultrapassar no 2º semestre do corrente ano os -3 383,7 milhões de euros, o que equivale a 4,0% do PIB na 2ª metade do ano.
    Na prática isto significa uma redução do défice orçamental no 2º semestre do ano comparativamente com o 1º semestre de 2 316,5 milhões de euros, ou seja uma redução de 56% no défice comparativamente com a 1ª metade do ano.
    Tendo em conta a evolução registada no défice orçamental em Contabilidade Pública nos meses de Julho e Agosto com a receita fiscal a dar sinais de algum abrandamento e a despesa pública a crescer em termos homólogos acumulados e, considerando a inevitável subida das despesas com pessoal e das despesas com o pagamento de juros da dívida no último terço do ano, dificilmente o objectivo do défice orçamental para 2013 será atingido.
    Na informação agora divulgada pelo INE referente ao Procedimento dos Défices Excessivos (2º notificação de 2013) e que será hoje enviada para o Eurostat, o INE tendo por base informação fornecida pelo Ministério das Finanças reviu em alta a previsão para 2013 da Dívida Bruta Consolidada das Administrações Públicas e manteve a previsão do Défice Orçamental para este ano.
    De acordo com as suas actuais previsões o nosso país terminará o ano de 2013 com uma dívida bruta consolidada das administrações públicas de 211,4 mil milhões de euros, o que representará 127,8% do PIB. No passado mês de Março essa estimativa era de 201,1 mil milhões de euros, o que correspondia a 122,4% do PIB. Em seis meses esta previsão da autoria do próprio Ministério das Finanças agravou-se em cerca de 10 mil milhões de euros”

    José Alberto Lourenço

    Os números e os factos são uma coisa tramada.Os “ilusionistas” ficam bravos porque se sentem desmascarados, não lhes restando mais nada do que…

  3. JgMenos diz:

    A crise não chegou agora!
    O único facto novo é que deixou de poder-se atirar-lhe para cima com o dinheiro dos empréstimos.
    Vai daí, pode agora ser contemplada em todo o seu esplendor!

    • “A crise não chegou agora”: correcto. As crises da dívida soberana andam a passear de continente em continente há várias décadas. Africa em 1970’s, América Latina 80’s e finais de 90s-2000s, Ásia nos anos 90. Aliás, é inerente ao modelo capitalista. Basicamente, chegou a nossa vez. E chegou através de décadas de desregulação dos mercados financeiros.

      “O único facto novo é que deixou de poder-se atirar-lhe para cima com o dinheiro dos empréstimos” : falso. A famosa “ida aos mercados” em pleno “resgate” não mais é que um contrato leonino de empréstimo. É como pedir dinheiro a um loan shark da máfia.

      Vai daí, cheira-me que isto ainda pode ser pior. Mas se desde 74 que em termos económicos já passámos por isto (com a grande diferença que tínhamos controlo sobre a política cambial e monetária), politicamente este governo foi o que mais danos causou na democracia. E o seu “esplendor” estará ainda por alcançar, parece-me.

  4. Primeiro queria só pedir desculpa pelo atraso na aprovação de comentários.

    Segundo:

    Dezperado – ou não leu bem ou não quer ler bem. Eu não chamei de Sócrates de louco, mas utilizei um entre tantos “argumentos” que tantas vezes a direita usou para fazer dele bode expiatório. E a “loucura” nem sequer está aplicada à sua pessoa, mas aos anos de governação dele.

    Razão para não referir o défice do primeiro semestre: simplesmente porque no site onde fui buscar a informação o último indicador disponível era o do primeiro trimestre, e tem sido recorrente as inconsistências e correcções nos números tempos depois.

    Relativamente à CGTP, que eu nem sequer mencionei: era bom não era? Eu até faço anos nesse dia, seria uma bela prenda. Mas desconfio que não será o caso. Não tenho é dúvidas que o que disse no 2º e 3º parágrafo se mantém. Mas disso, curiosamente nem uma palavra, mas também não é necessário pois já estamos conversados nesta matéria.

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