Um foi banqueiro, o outro guarda- -freio. Pouco terão tido em comum para além de terem morrido há poucos dias. Na hora da morte, o primeiro mereceu um comunicado de um Presidente da República que confunde amizades com o cargo que ocupa; o outro mereceu o respeito de quem o conheceu.
No caso do banqueiro, os seus amigos ocuparam as televisões para falar da sua inteligência e dos seus sucessos profissionais, que tão caros nos vão saindo. Um alcoviteiro do regime não hesitou em revelar o detalhe de que, mesmo com um cancro do pâncreas, ainda viajou na sua última semana de vida. O banqueiro conseguiu, o que vai sendo cada vez mais raro em Portugal perante os caros tratamentos contra o cancro, ter qualidade de vida até ao último momento.
O outro, João – como tantos Joões heróis da vida de cada um -, deu entrada nas urgências de um hospital público duas semanas antes de morrer. Tinha uma infecção mas no hospital não havia o antibiótico para lhe ministrar. No turno seguinte ao da entrada, uma promissora gestora de camas de hospital de nome Doutora já se prestava a dar-lhe alta, ainda que não se conseguisse suster em pé e a idade desaconselhasse, declarando o quadro clínico estável e prescrevendo “caldinhos”. Perante a resistência da família conseguiu passar a noite vigiado, mas a alta chegou logo na manhã seguinte. Esteve algumas horas fora do hospital. Na sua última semana de vida não trabalhou como o banqueiro. Esteve acamado e sedado. Aliás, nos seus últimos anos de vida não trabalhou. Estava reformado. Era um daqueles casos clínicos que os que nos governam declaram economicamente insustentáveis. Para eles, tudo fazer para prolongar a vida ou proporcionar uma morte tranquila, que não aos da sua casta, é coisa de país que vive acima das suas possibilidades.
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Já tinha lido o seu artigo no i.
Disse no artigo: «O banqueiro conseguiu, o que vai sendo cada vez mais raro em Portugal perante os caros tratamentos contra o cancro, ter qualidade de vida até ao último momento».
Pois. Pois.
Convém acrescentar que esses tratamentos que o dito banqueiro teve ao longo de anos para sobreviver mais uns tempos não seriam criticáveis, de forma alguma, se não tivessem sido pagos com o dinheiro «roubado» aos portugueses ao longo de vários anos. Basta consultar o «cadastro» curricular do dito banqueiro.
Perdi completamente os escrúpulos para com quem não os tem ou teve ou terá. Se é uma mudança «cultural» ou de «mentalidade»? No que me toca, sem dúvida que é.
Uma historieta seguramente com muito de adivinhação e de ‘diz que disse’ que desagua num direito a consagrar na próxima vaga de esquerdice – o direito a morrer no hospital para comodidade das famílias enlutadas!!!
JgMenos o seu anonimato não esconde o filho da puta.
Nem filho da puta, nem piegas!
E se não fosses um inconsequente esquerdalho saberias do que falo, e saberias que esse é o ‘admirável mundo novo’ que está a ser construído por piegas como tu.
Há de facto qualquer coisa de repelente neste bolsar de menos.
Sem o mínimo pudor, sem o míinimo de escrúpulos.Mas sinistramente revelador do que esta sociedade promete para os idosos que não têm dinheiro
Era este menos que falava aqui há dias de eutanásia num contexto completamente deslocado, perante um post belíssimo de Lúcia Gomes.
Menos no fundo identtifica-se com a “não existência” do antibiótico necessário, identifica-se com a posição da administradora em “prescrever” a alta precoce.
Tão precoce que passadas umas horas o doente era de novo readmitido.
Para menos o sofrimento fica tão bem aos outros O castigo exemplar para não onerarem os cofres dos capitalistas que singram incólumes, com os seus administradores rastejando na sua defesa
Dizia há dias um néscio que o capitalismo estava bem de saúde e se recomendava.
É o que se vê.É neste esgoto que nos querem aprisionados
Não posso estar de acordo consigo, não se trata do direito de morrer no hospital para comodidade das familias, mas sim do direito de ser devidamente tratado no hospital.Jg Menos, espero que não tenha sorte igual à do João!
À ‘De’ aí mais acima nem respondo, porque já estou farto que me debite frases do catálogo de sempre.
Talvez a Vera tenha algo a dizer-me:
Sendo certo que há doentes terminais – que morrem pela certa de uma doença confirmada e sem cura – até onde deve um médico do SNS usar meios (hospitalares ou terapêuticos ou paliativos) para lhe garantir mais uma hora de vida – ou um dia, ou uma semana, ou um mês?
Entenda-se que os meios do SNS são o esforço de toda uma comunidade, que sempre tem meios escassos para toda uma variedade de carências.
Entenda-se que se tal definição é entregue à família, poucas haverá que tenham a coragem moral, ou o civismo, de os querer a morrer em casa.
Sem blá-blá piegas diga-me: como e quem resolve?
Para quem tem dúvidas sobre o «cadastro» curricular do dito «banqueiro», ver esta entrevista a sua entrevista no programa BBC HARDTalk (14.09.2010).
(1) – 1ª parte – http://www.youtube.com/watch?v=aeZiZuwGwBo
(2) – 2ª parte – http://www.youtube.com/watch?v=FG4zzcNSH_0
(3) – 3ª parte – http://www.youtube.com/watch?v=ll-S5qmYHvY
P.S. Sem tradução disponível para português.
Péssimo, péssimo acento de A. Borges na língua inglesa. Com tanto estudo e tanta inteligência devia ter tido umas «elocution lessons» em inglês. Agora já é tarde.
Portanto, o que o Tiago está a dizer é que a saúde privada é melhor do que a saúde pública?
De facto. Filho da puta é demasiado generoso.
Entre a foleirice dos cometas e a filha da putice sobre quem teve um desempenho de vida que só incomoda os inúteis e os treteiros, começas a definir-te a um muito baixo nível!