Grandiosa greve geral! – e de que lado se pôs novamente o governo e polícia?

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Nunca nas últimas greves gerais houve adesão tão grande e visível. Piquetes cheios de gente, entre trabalhadores das empresas, delegados sindicais, dirigentes sindicais e activistas.

Por toda a parte, como antes não se via assim desta forma, a sociedade também se envolveu e, não podendo fazer greve, por estarem desempregados ou à procura de primeiro emprego, porque são estudantes ou têm vínculos precários (e a repressão continua a ser brutal sobre eles), demonstraram solidariedade com os piquetes de todas as formas (desde levar comida a estar ao lado dos trabalhadores em greve).

Foi uma madrugada longa, com lutas e resistência em todo o país. E com o país a demonstrar que basta destas medidas de agressão.

Mas como sempre, a actuação policial tomou partido. O partido do patrão. Não é a primeira vez que acontece, mas foi a primeira vez que aconteceu comigo. Na Carris, da Musgueira, (já tão conhecida, não é verdade?) a polícia estava instalada dentro da empresa. Carrinhas e dezenas de polícias a guardarem autocarros à conta da requisição de serviços mínimos (que curiosamente só a Carris faz). O patrão sempre de volta dos trabalhadores a intimidar e pressionar e a impedir o piquete de ali estar, pacífico, a defender o direito à greve, o direito ao trabalho com direitos e a exercer o direito de resistência, sempre, pacificamente.

Polícias não identificados, que recusaram a sua identificação sempre, e viram a sua primeira derrota quando se gritou do piquete ordem de prisão ao patrão por coacção sobre os trabalhadores e impedimento do piquete de estar nas instalações. Pois o piquete entrou e falou com os trabalhadores. Não saíram autocarros das 3h00, das 4h00, das 5h00, das 6h00 e das 7h00. Até que surge a Unidade Especial de Polícia e violentamente partiu o piquete. Desprezando os direitos fundamentais em causa e tomando a sua opção – a da defesa do patrão. Agrediram como se vê o piquete, o meu braço esquerdo está imobilizado, e mais uma vez recusaram a sua identificação perante cidadãos e advogados.

O mesmo na Pontinha, na Carris (que em Cabo Ruivo escondeu os autocarros da Carristour num parque privado, o que é ilegal). Agrediram o piquete, há camaradas com braços ao peito, nódoas negras por todo o corpo e uma atitude de arrogância e violência que só tende a crescer. E este cenário repete-se por todo o país, os polícias, também eles agredidos pelas políticas de austeridade, agridem os trabalhadores que defendem os seus direitos.

Haverá excepções, claro, mas mais uma vez, na Carris, da parte da polícia não houve. Houve a resistência e uma maior adesão à greve.

As manifestações até à Assembleia decorreram pacificamente até mais um péssimo sinal para a democracia. E sem me pronunciar sobre a ida até à ponte (não tenho que o fazer), a polícia recebe 226 manifestantes para os identificar, deter, separar e apresentar a tribunal. Manifestantes pacíficos, que não chegaram sequer a cortar estradas, num cerco inédito e mais uma vez, à imagem da última greve geral, a polícia impede-os de qualquer contacto com advogados, barrando a entrada destes e cometendo mais uma ilegalidade brutal que deve por de alerta qualquer pessoa. Hoje foram eles, ontem foram outros, amanhã poderão ser vocês.

Coisas destas que acontecem com mais frequência (veja-se o caso dos militantes da JCP no Porto detidos e agredidos por pintarem murais, ou mesmo ida da polícia a casa de quem convoca manifestações a informarem que são “ilegais), as dezenas de julgamentos que ocorrem por todo o país relacionadas com a violação do direito de reunião, manifestação, propaganda política tratando quem os exerce como criminosos e um verdadeiro silenciamento de tudo isto por parte da comunicação social e até uma certa apatia perante estas coisas por parte da sociedade porque se acha sempre que são actos isolados.

Não são.

Pela primeira vez o Conselho Distrital de Lisboa da Ordem dos Advogados age, mas não será alheia esta acção à campanha eleitoral em curso. Ainda assim, é de louvar a posição, já assumida na última greve geral pelo seu presidente, esperemos que finalmente acordem do torpor tão típico relativamente às questões relacionadas com a nossa Constituição.

Ainda a espectacular presença da UGT – e aqui tem mesmo a ver com espectáculo – que fez o seu roteiro mediático, com silvanettes à maneira, equipadas de coletes acetinados e saltos altos e uma parafernália de jornalistas atrás, mas nos piquetes, durante a noite, não vi nem um. Aliás, vi um, ao lado do patrão, afirmando que aquele piquete «era a mesma palhaçada de sempre» e a dizer aos trabalhadores para não fazerem greve. Para concluírem em conferência de imprensa que dão e darão sempre primazia ao diálogo social. Tudo dito, portanto.

Nota final: foi uma demonstração brutal de força e coragem dos trabalhadores. Uma demonstração clara de rejeição das políticas do Governo e da troika. Uma demonstração inegável de solidariedade social com os grevistas. Uma demonstração clara de que há ordens políticas para travar e criminalizar a luta. Uma luta que é de todos contra este Governo, a troika, e os seus colaboracionistas.

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17 respostas a Grandiosa greve geral! – e de que lado se pôs novamente o governo e polícia?

  1. JgMenos diz:

    Grande vitória dos piquetes!
    Quanto mais piquetes, mais greve!
    Poucos a fazerem muitos é a verdadeira natureza da revolução!
    Assim foi no PREC, assim foi o fim do PREC!
    Avante!!!

  2. Luís Cravo diz:

    Os trabalhadores com vínculos precários podem e devem fazer greve. Muitos fizeram! E dizer que não podem, coisa diferente de dizer que é difícil, não ajuda nada a que nós, que trabalhamos a recibos verdes ou com vínculos precários tomemos a posição de força de nos juntarmos aos outros trabalhadores e fazer greve. Eu cá fiz pela primeira vez, e orgulho-me disso.
    De resto, em nada concordo com a ideia de bloquear as pontes, porque o objectivo, à semelhança da violência de outras acções, só servia para os grupos que a promovem apagarem a greve. Só o entendi quando me explicaram, mas a violência de nada me serve, e hoje, quando entrar ao trabalho às 15h vou dizer: Viram na TV a greve, eu fiz! Ao contrário de ter de ouvir: A greve foi só pancadaria. Tiveram azar desta vez a polícia não bateu.

    • Pimba diz:

      Ninguém bloqueou pontes, a Polícia cercou manifestantes, e MANDOU-OS reunir no acesso à Ponte 25 de Abril, e depois usou isso para justificar prendê-los.
      Foram encurralados sem acesso a advogados, para poder mostrar às TVs que “tinham bloqueado a Ponte”.

  3. silva diz:

    A falta de escrúpulos veio para ficar com o despedimento colectivo do Casino Estoril. Nunca nos abandonou uma mentalidade esclavagista, mentalidade de negreiros. Só assim se explica a morosidade da justiça com o caso do despedimento colectivo do Casino Estoril em que o lado do trabalho esteja sempre a perder. Ataca-se o trabalho com direitos das instituições do estado, que deviam zelar pelo direito do cidadão ao trabalho. Anulam-se os mais antigos funcionários e chama-se a isso, gestão. Pensar em cortar despesas é despedir, naturalmente. Trocam-se funcionários com décadas de casa e com direitos laborais adquiridos por outros mais dóceis por empresas geridas por eles próprios, levando à precariedade, à despedibilidade e à desprotecção social. Gestão deve ser isto. Optimização deve ser isto. E ninguém se rebela com esta converseta cínica?:
    A morosidade da justiça está a contribuir, no empobrecimento dos cidadãos e destruindo como contribuintes.

    Despedir desta maneira é um vale-tudo.

    Depois quando as pessoas ficam no desemprego, não se vê Justiça, associações de diversa natureza o próprio estado, os deputados os grandes defensores do cidadão, ou seja tudo uma grande treta, anda meio mundo a enganar meio mundo, mas ajuda no sentido de justiça nada no sentido de quem quer produzir o mesmo que nada.

    Basta ver este despedimento do Casino Estoril e seus atrasos na justiça que ninguém investiga, porque será ?

  4. anonimo diz:

    http://www.sitiodosdireitos.net/index.php?option=com_content&view=article&id=52:direito-a-greve&catid=1:opiniao-&Itemid=4

    P – Que competências têm os piquetes de greve?
    R – Os piquetes de greve desenvolvem actividades tendentes a persuadir os trabalhadores a aderir à greve, por meios pacíficos e sem prejuízo do reconhecimento da liberdade de trabalho dos não aderentes à greve.

    • De diz:

      Anónimo de volta?Para pregar uma de legislação?
      Ó anónimo parece que quem precisa de tal é o seu governo de trafulhas neoliberais que nem sequer respeita a Constituição da República.
      E as inúmeras ilegalidades praticadas pelo governo e pelos patrões na sua tentativa de cercear o peso da greve.
      O mais é apenas esta tentativa de defender os seus interesses de classe possidente

  5. António Silva diz:

    A única coisa que a greve conseguiu foi mais umas horas de TV para o sindicalistas e menos um dia de salário no bolso dos trabalhadores…

  6. Dezperado diz:

    “O patrão sempre de volta dos trabalhadores a intimidar e pressionar e a impedir o piquete de ali estar, pacífico, a defender o direito à greve, o direito ao trabalho com direitos e a exercer o direito de resistência, sempre, pacificamente.”

    pelas imagens, ve se bem que foram muito pacificos…..e com coirate e minis, porque fazer greve da uma fome do caraças!!!

    • De diz:

      Ora aqui um comentário de um coirate (?) a testemunhar o tipo de coirate (?)que é.
      A greve perturbou-o não haja dúvida.Não foi só a ele.Foram a todos os coirates de ocasião e sem ser de ocasião

      • Dezperado diz:

        ó De eu percebo a tua frustação….então entram mais nao sei quantos autores para o blog…e mesmo assim continuam sem te convidar….Ate aqui na tasca, é preciso o fator “C”…..ehehehhehe. La vais ter de fazer de policia bobby mais uns meses!

        • De diz:

          Acha mesmo? Lol.
          Ainda bem
          Desperado está a fazer jus ao nome.O tema é a Greve Geral.Desesperadamente atira para canto.A greve ainda não lhe passou o gasganete.
          Ainda bem (ao cubo).
          🙂

  7. Invadir MAC, Zara e Casa das Sopas. Contra a imperialismo, marchar! diz:

    http://postimg.org/image/tnyiypjuj/

    O que seria se tivessem cortado…lol
    Tanto falam da deturpação dos factos por parte dos media e depois lê-se este “texto” em que são tantas as incongruências que até dão dó.
    Não se façam de coitadinhos vítimas do fascismo/pide e blá blá blá. Parece o discurso k7 dos camaradas sempre com o imperialismo na língua e mais umas frases soltas dos anos 70.
    Se fazem alguma coisa assumam o que fazem e não (mais uma e outra vez) depois das coisas feitas fazerem-se de coitadinhos a quem a policia persegue porque têm o poder especial para mudar alguma coisa e etc e tal. Quem faz isto e depois esconde-se para escrevinhar estas coisas não é nada.
    Agora toca a ver o V e a colocar a máscara do guy fawkes enquanto saltam de cuecas no sofá a fingir que atiram cocktails.
    Putos…!

    • De diz:

      Cá temos a versão soft de um pequeno provocador com os cueiros afundados no sofá, enquanto brama pela zara,e chora pela casa das sopas.
      O tipo está particularmente irritado . Até vai buscar ao imperialismo as máscaras do guy e à maneira de modernaço empedernido soltam-lhe do fundo da alma as incongruências do costume.
      Coitado. Eis o estado dele

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