A tão poucos dias de uma greve geral depois de várias mobilizações, de tantas lutas, de semanas de consciencialização, de vitórias judiciais, de milhares na rua a exigirem demissão, de grandoladas a gargalhadas aos ministros, há quem pense que já não há estrada para andar.
A verdade é que essa estrada é tão sinuosa como a vida que nos impuseram com a ocupação pela Troika e com as medidas desumanas deste Governo. A verdade é que, como escreveu Álvaro Cunhal, não é por alguém dizer «à greve!» que ela brota e a mobilização é geral. O trabalho de massas, o contacto em cada local de trabalho, em cada casa, em cada esquina, é fundamental para a consciencialização e para a unidade na acção.
E se para quem trabalha, o dia de salário que perde é um passo em frente para um futuro que se quer melhor, e por isso, com esforço, são muitos os trabalhadores que no fim do mês, sabendo que muita falta lhes vai fazer o dia de salário, abdicam dele para conquistar direitos (e que o digam os meus conterrâneos, que trabalhando para o Grupo Amorim, recebem uns míseros 500 euros – e as mulheres para o mesmo trabalho, actualmente, menos 37 euros do que os homens), também os desempregados podem participar nesta luta. Integrando-se em piquetes, fazendo aquilo a que ouvi chamar “greve social” – greve ao consumo, não andar em transportes públicos, não fazer nenhuma compra, demonstrando que esta luta é de todos e é contra o Governo e a Troika. Os trabalhadores com vínculo precário, vencendo o medo e juntando-se aos seus companheiros porque a luta é pela defesa do direito ao trabalho com direitos.
Todos nós, participando nas manifestações que por todo o país se convocam para o dia 27 de Junho. Para que de uma vez por todas estes carrascos percebam que «obviamente, estão demitidos».
Havemos de chegar ao fim da estrada.
E quem estará no fim dessa estrada para nos governar?
Quem o povo determinar, pois.
🙂
ou o próprio povo.