Israel realizou ontem ataques aéreos nas imediações de Damasco, capital da Síria. Israel não confirmou o incidente, mas fontes perto dos EUA indicaram que o alvo seria o transporte de um carregamento de armas anti-aéreas que alegadamente estavam destinadas para o Hezbollah. Segundo a Síria, os jactos Israelitas terão atacado um centro de pesquisa militar em Jamraya, deixando dois morte e cinco feridos. Seja como for, trata-se de uma violação do espaço aéreo e soberania territorial da Síria, em clara violação do direito internacional, uma séria ameaça à paz na região e uma ingerência reveladora do interesse de Israel em desestabilizar a região.
Recorde-se que Israel e a Síria ainda estão formalmente em estado de guerra, desde a guerra dos 6 dias, em 1967, durante a qual Israel ocupou a região dos Montes Golã; situação que persiste. Embora exista um acordo de não agressão, já em 2007, Israel bombardeou uma suposta instalação nuclear Síria, sem ter ocorrido qualquer retaliação.
A Síria já apresentou queixa às NU. O Irão ameaçou repercussões, A Rússia já condenou os ataques sem provocação. Um legislador próximo do recém-reeleito Netanyahu indicou que Israel poderá realizar outras missões similares no futuro.
Recorde-se que a Síria se tem debatido com conflitos internos desde Março de 2011, que segundo as NU já provocaram mais de 60 mil mortos. Este ataque Israelita surge num momento em que as forças “rebeldes” procuravam uma solução não-violenta.
Quem são estas forças rebeldes, o grupo de oposição que Obama reconheceu no final do ano passado como os representantes legítimos do povo Sírio? O braço militar do Conselho Nacional Sírio – a coligação da oposição – é o Exército Livre da Síria. O seu recém eleito comando é composto principalmente por membros da Irmandade Islâmica, e exclui os oficiais seniores que desertaram do Exército Sírio. O CNS é reconhecido pelos EUA, França, Turquia, União Europeia e o Conselho de Cooperação dos Estados Árabes do Golfo (que inclui as ditaduras monárquicas do Omã, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Qatar, Bahrein e Kuwait).
Entre as forças de oposição está também a Frente al-Nusra, reconhecida pelos EUA como uma organização terrorista com ligações ao al-Qaeda. Em Dezembro 29 grupos da oposição assinaram uma petição apoiando a Frente e desafiando os EUA.
O Qatar e a Arábia Saudita têm fornecido armas aos grupos rebeldes que beneficiam sobre os grupos Islamistas e não a oposição secular reconhecida pelos estados do Ocidente, facto conhecido pelos EUA (ver). O Qatar, país com boas relações diplomáticas com os países da NATO, incluindo a França, está também a fornecer armas aos grupos Islamistas no Mali, o que torna claro a falta de princípios das relações dos países da NATO e faz cair por terra o suposto interesse humanitário e anti-terroristas da NATO na Síria e no Mali: os seus interesses são puramente geo-estratégicos e imperiais.
André, “Grave ameaça” sim. Daí a que o seja “à paz na região”, é que enfim. Digamos que a Síria por estes dias não é propriamente um lugar pacífico, calmo e sossegado.
Sem nada que ver com o assunto. Existe assim na net um sítio onde esteja elencada toda a sistematização animal conhecida?
http://www.infosyrie.fr/
O problema Sirio nada tem a ver com liberdade, democracia ou direitos humanos conforme propalam aqueles que estão a fomentar a chacina e a provocar o drama que aquele povo está a sofrer. Se fosse isso há muito que tinham razões para desencadear uma cruzada contra as petromonarquias do Golfo.
Vai muito para além disso tudo. Esses que estão a contribuir para o caos na Síria são os mesmos que levaram a miséria, o retrocesso social e o sofrimento aos povos do Afeganistão e do Iraque, brandindo o estandarte dos “valores das democracias Ocidentais”.
Sobre aquilo que fizeram no Iraque já começou a ser revelada a monstruosidade dos crimes praticados, as alianças, as ligações e os apoios que deram e receberam.
Uma cópia exata daquilo que fizeram na América Latina nos anos 80.
A situação na Síria insere-se num contexto que vai muito para além das suas fronteiras e inclusivamente faz parte de uma estratégia de dominio global que chega até à fronteira da China (desestabilização das regiões Ocidentais, Tibete e Xinjiang) mas primeiro, passando por a submissão do Irão e o dominio dos hidrocarbonetos da bacia do Caspio.
E no futuro provalmente se tiverem êxito as pretensões do capitalismo, encontrar uma saída para o Ártico apoderando-se das imensas riquezas da Sibéria. O plano da Trilateral era esse mesmo, dividir a Rússia em três Estados.
Margaret Albright considerava uma injustiça as imensas riquezas da Síbéria serem controladas por um único país “deviam ser postas ao serviço da humanidade”. Qual humanidade?
Portanto a agressão Israelita é mais uma provocação na tentativa de acelarar os acontecimentos, porque as coisas não estão a correr conforme o inicialmente previsto.
Para piorar a situação Assad está a criar milicias populares e já convidou os comunistas e outras forças progressiasta para o governo.
Como se costuma dizer; a coisa está a ficar bichosa.
Este comentário de Pepe Escobar esclarece um pouco o intricado jogo de interesses, alianças e quais os parceiros do imperialismo.
http://www.voltairenet.org/article177129.html
O anti-imperialismo anda pelas ruas da amargura em Portugal e muitos países desta Europa em que reina o capitalismo mais reaccionário e o imperialismo mais agressivo desde os sombrios tempos do fascismo hitleiriano.
Não posso aliás ficar satisfeito com as meras condenações em estilo telegráfico que o meu partido, o PCP, faz em resposta a cada agressão imperialista. O mínimo que se pode exigir de anti-imperialistas dignos desse nome perante a gravidade das sucessivas agressões imperialistas que visam claramente reconstruir o domínio colonial dos impérios francês e britânico, é a ruptura total com todas as estruturas imperialistas tal como defende o Partido Comunista Grego – sair da UE, sair do euro e sair da NATO. Ruptura total como programa, como exigência e como palavra de ordem,
O que estamos a assistir é a uma aliança mal disfarçada entre imperialismos europeus (nomeadamente o britânico, francês e alemão levando toda a UE na aventura militarista), petro-monarquias árabes e movimentos fascizantes islâmicos e judaicos – o salafismo, a irmandade muçulmana e o sionismo – mais a ditadura terrorista turca (que já ressuscita o velho chauvinismo otomano).
As questões do imperialismo estão a ser tratadas com uma indiferença atroz. Como se as guerras imperialistas não fossem uma outra face das políticas de austeridade. Depois do Iraque e Afeganistão, os nóbeis da paz Obama e UE trabalham a todo o vapor para recolonizar o Médio Oriente e o Norte de África. Já foi a Líbia, a Síria vai a caminho, do Mali começa o contágio à Argélia e no Níger já entram tropas francesas,
A notícia mais censuradas desta semana foi a confissão da líder de um dos partidos sionistas e ex-mossad Tzipi Livni que o primeiro ministro israelita Netanyahu tinha sido financiado pelo Qatar – um dos maiores financiadores do terrorismo salafista. Netanyahu devolve a gentileza não só armando e financiando salafistas como bombardeando directamente a Síria.
A toada imperialista passa isenta de qualquer crítica digna desse nome do reformismo europeu agrupado no Partido da Esquerda Europeia e os partidos comunistas revisionistas europeus chegam mesmo a apoiar a guerra, é o caso do francês PCF. A resposta dos comunistas autênticos não pose hesitar e titubear, o anti-imperialismo e o anti-fascismo têm de ser combates militantes se queremos evitar um novo Reich.
A hipocrisia do ditador turco Erdogan não tem limites, agora diz que o ataque de Israel à Síria é “terrorismo de Estado”, ver link:
http://www.aljazeera.com/news/middleeast/2013/02/20132317737493423.html