A Panrico – que produz em Espanha uma coisa que se assemelha a pão e outras que se assemelham a bolos – disse aos seus trabalhadores há 2 anos que tinham que aceitar 25% de cortes salariais se não a fábrica fechava. Aceitaram. Eram 4000. Anunciou agora que 1500 vão ser despedidos e os outros todos vão sofrer um corte de 45% do salário se não a fábrica fecha. Como diria o grande Grouxo Marx, «com muito esforço passaram do nada para chegar com muita dificuldade à extrema miséria». Valeu a pena aceitar os cortes de há 2 anos? Pergunto-me: tinham ganho menos estes trabalhadores se tivessem, por exemplo, ocupado a fábrica há 2 anos atrás? Ou feito uma gigante madalena e atirado à cara do dono, de Juan Carlos ou de Mariano Rajoy? Seria um acto simbólico, dirão alguns. Certamente mais simbólico que o inferno do desemprego que os espera.
“…tinham ganho menos estes trabalhadores se tivessem, por exemplo, ocupado a fábrica há 2 anos atrás?…”
Aqui está toda a questão da ruptura com o sistema de exploração em que vivemos e que os partidos ditos de esquerda sistematicamente querem ignorar: só a ocupação das empresas – a começar pelas que dizem estar em dificuldades – pelos trabalhadores, e a sua transformação em cooperativas pode levar ao fim do capitalismo. Porque será que o PCP, o BE e a CGTP nunca se atreveram a dizer isto aos portugueses? De que interesses estão reféns?…
Não há dificuldades de empresa que justifiquem 60% de cortes nos salários.
Essa empresa vai falir não tarda.
Dúvidas terríveis para uma conclusão muito dialécticamente material: onde não há pão…
Sacrifícios para nada, é tudo que o capitalismo tem para nos oferecer.
Mas ninguém os livrava do desemprego…
Fazia-se a madalena, ocupava-se a fábrica e atirava-se a madalena à cara do dono… E depois? ficavam todos os problemas resolvidos com a ocupação? acabavam todas as dificuldades?
A Panrico vai falir o TANAS….
Esta empresa, como muitas outras, está a aproveitar a crise, e o medo e desespero dos trabalhadores e das famílias, para aumentar a exploração dos mesmos, e logo, os seus lucros.
Quem era rico, com esta crise ficou podre de rico, e o resto é treta…